Futebol feminino

Calendário abarrotado também é um problema no futebol feminino e faz vítimas do LCA; entenda

"Estamos nos afundando com isso", diz zagueira do Arsenal, que está em fase final de recuperação após romper o ligamento cruzado anterior do joelho

Capitã da Inglaterra na conquista da Eurocopa 2022, Leah Williamson contou pela primeira vez os detalhes de sua lesão no LCA (ligamento cruzado anterior). Em entrevista ao jornal The Telegraph, a zagueira do Arsenal desabafou sobre a “epidemia” contínua de lesões no joelho, que está atrelada à falta de períodos mais significativos de descanso no calendário do futebol feminino. 

– Acho que da maneira como estão encarando o futebol feminino agora, não será possível aumentar os preços dos ingressos ou atrair mais multidões aos estádios, porque não terão mais jogadoras para assistir. Estamos nos afundando com isso (calendário), então algum tipo de solução precisa ser encontrada logo, em termos de cronograma, caso contrário será insustentável – desabafou a jogadora ao periódico inglês.

– Não fomos criados para isso. Hoje em dia, chegamos em outubro e as meninas estão dizendo: “Estou cansada’. Isso só acontece porque estamos carregando muita coisa da temporada anterior. 

Williamson rompeu o LCA em 19 de abril de 2023, menos de quatro meses antes do início da Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia. A zagueira das Lionesses atribui a lesão à temporada extremamente cansativa. Naquele período, ela chegou a jogar de duas a três vezes por semana, contabilizando os compromissos nacionais e internacionais, além da preparação com a seleção. A intensidade do calendário a fez alcançar um ponto de estafa física. 

– Quando eles, Fifa, Uefa, e todas as pessoas principais (entidades), fazem o agendamento (das competições), deveria ser sempre: ‘Descanse primeiro. Mas não é isso que acontece. No final da Copa do Mundo, algumas meninas voltaram e tiveram apenas cinco dias de folga. Cinco dias depois de chegar a uma final – disparou.

– Tudo é feito ao contrário quando fazem o cronograma. Já estive em algumas dessas reuniões e ouvi o processo e ainda não entendo como algo está ruim não é levado tão a sério. (O desgaste) não é a única causa de todas essas lesões, mas é 100% uma das principais razões. 

Epidemia do LCA no futebol feminino é mundial

A reclamação de Leah faz todo sentido quando o panorama moderno do futebol feminino é colocado sobre a mesa. Apesar da evolução da medicina esportiva, o descanso é parte fundamental para a recuperação dos atletas, mas não tem sido respeitado. E isso não se resume somente à Europa. 

Apenas por causa de lesões ligamentares no joelho, 37 jogadoras perderam a Copa do Mundo Feminina de 2023. Neste mês, a atacante do Chelsea e da Austrália, Sam Kerr, sofreu a mesma lesão. Williamson diz que esse tipo de notícia é devastadora toda vez que ela escuta.

– Isso abala você. Estamos arrasadas por ela (Sam Kerr). Houve um silêncio no nosso ônibus, quando ficamos sabendo, porque a gente sabe o que isso significa.

Williamson está chegando ao topo da escalada da reabilitação. Os treinos passaram de físicos para técnicos, e o foco para as próximas semanas é recuperar o ritmo de jogo. No entanto, o principal foco da reabilitação continua sendo o lado psicológico. Mentalmente, a zagueira acredita que a “jornada de cura” não terá fim. 

– Continuei trabalhando com um psicólogo o tempo todo. Tivemos uma sessão bastante emocionante há alguns meses porque eu estava muito orgulhosa de mim mesma. Quase lamentei a pessoa que costumava ser, porque sou diferente agora, pelos motivos certos. Eu não sabia que tinha isso em mim antes do início desta jornada. Eu tinha me lesionado tanto na minha carreira que sempre dizia que se isso acontecesse (rompimento do LCA), eu não sabia se conseguiria.

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