Caso Rubiales vira preocupação do governo espanhol após novas denúncias
Real Federação Espanhola de Futebol vai realizar reunião de emergência para definir futuro de Luis Rubiales, presidente da entidade
A pressão sobre Luis Rubiales ganhou aspecto político pouco tempo depois do assédio à jogadora Jenni Hermoso no pódio. Até o Primeiro-ministro da Espanha tratou de se manifestar contra a atitude do presidente da Real Federação Espanhola (RFEF) no momento da premiação. No entanto, os desdobramentos ganharam capítulos ainda mais delicados nas últimas horas.
Nesta quarta-feira (23), Tamara Ramos, diretora-geral do sindicato Futebolistas On, disse que foi vítima de assédio de Rubiales, enquanto trabalhavam juntos na Associação de Jogadores Espanhóis (AFE). As declarações concedidas ao “El Programa del Verano” reforçam os questionamentos sobre o presidente.
VEJA MAIS: Site espanhol acusa federação de forjar discurso de Hermoso que ameniza beijo de diretor
As denúncias surgem em um momento no qual Rubiales está em xeque no país. O presidente do Conselho Superior do Esporte da Espanha, Victor Francos, assegurou que a entidade recebeu três denúncias contra o presidente da RFEF e que vão tomar atitude, caso a entidade de futebol não tome frente.
Pressionada até pelo governo do país, a RFEF convocou uma assembleia extraordinária para sexta-feira, dia no qual Rubiales vai tentar explicar o ocorrido e a entidade deve definir o futuro do dirigente responsável por constranger Hermoso na cerimônia de premiação do título mundial.
Hermoso quebra o silêncio
A camisa 10 da seleção espanhola emitiu um comunicado oficial, nesta quarta-feira (23), através do FUTPRO, sindicado de atletas. Em nota, a jogadora reforça: “O meu sindicato FUTPRO, em coordenação com a minha agência TMJ, encarregam-se de defender os meus interesses e serem os interlocutores.”
Leia a nota na íntegra:
Expressamos nossa firme e contundente condenação aos comportamentos que violam a dignidade da mulher.
Pedimos à Real Federação Espanhola de Futebol que implemente os protocolos necessários, garanta os direitos das nossas jogadoras e adote medidas exemplares. É fundamental que a nossa equipe, atual campeã mundial, seja sempre representada por figuras que projetam valores de igualdade e respeito em todas as áreas. É preciso continuar avançando na luta pela igualdade, luta que nossas jogadoras têm liderado com determinação, nos levando à posição em que hoje nos encontramos.
Apelamos também ao Conselho Superior do Esporte para que, dentro das suas competências, apoie e promova ativamente a prevenção e a intervenção face ao assédio ou abuso sexual, ao machismo e ao sexismo.
A FUTPRO rejeita qualquer atitude ou conduta que viole os direitos dos jogadores de futebol e do sindicato onde trabalhamos para que atos como os que vimos nunca fiquem impunes, sejam sancionados e sejam adotadas as medidas pertinentes para proteger os jogadores de futebol de ações que acreditamos são inaceitáveis.
Primeiro-ministro se manifesta
O ato de Rubiales tornou a discussão política. O Primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, se manifestou sobre o caso e cobrou uma medida, além do pedido de desculpas em vídeo, de Rubiales.
“Acho que o pedido de desculpas do Sr. Rubiales não foi suficiente, diria até que não foi adequado. O Sr. Rubiales deve tomar outras medidas para esclarecer um comportamento que é claramente inaceitável. Seu pedido de desculpas deve ser mais claro e convincente”, afirmou Pedro Sánchez.
“Isso mostra que ainda há um longo caminho a percorrer no nosso país em termos de igualdade e respeito entre homens e mulheres”, acrescentou a autoridade espanhola.
Dentro do país há pressão para a renúncia de Ruibales, com manifestações públicas de políticos importantes. Ainda na segunda-feira, um dia depois do beijo constrangedor sobre Hermoso, o Ministro do Esporte espanhol tratou a atitude como “inaceitável”.
O peso das declarações dos políticos surge como um respaldo à jogadora, que chegou a amenizar a ação do presidente da federação. Hermoso, nos vestiários depois da final, disse naturalmente que não havia “gostado” da atitude de Rubiales.
Posteriormente, em declarações para jornalistas na zona mista, a jogadora minimizou o fato e culpou a “emoção do momento” pelo ato do dirigente mais importante do futebol espanhol.