Não é só na Espanha: assédio no futebol feminino é sistêmico; relembre casos
Além das polêmicas recentes da seleção espanhola, casos de assédio e abuso sexual rondam a modalidade constantemente
O assédio sofrido por Jenni Hermoso dividiu lamentavelmente a atenção com o acontecimento do último domingo. O beijo provocado pelo presidente da Real Federação Espanhola, Luis Rubiales, na camisa 10 durante a cerimônia de premiação da Copa do Mundo teve milhares de testemunhas no estádio e milhões pela televisão.
A atitude de Rubiales choca por ocorrer tão abertamente, no momento de glória das jogadoras que deram um título. Entretanto, não é novidade casos de assédios e abuso dentro do futebol feminino. Até mesmo dentro da Copa do Mundo recente, outra ocorrência chamou a atenção da Fifa.
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Em uma sociedade machista, especialmente dentro do esporte mais popular do planeta, denúncias de assédio e abuso são comuns. Um comportamento sistêmico que atinge os diversos níveis competitivos, seja na base ou em uma Copa do Mundo.
A discussão sobre assédio no futebol, evidentemente, ganha novo aspecto por ter ocorrido no principal palco do futebol mundial, quando Hermoso deveria só festejar. A história feita por ela e pelas espanholas acabou dividindo a atenção diante da ação de Rubiales, recriminada pelas autoridades do país.
Jorge Vilda é flagrado tocando no seio de colega
Protagonista do vestiário rachado da seleção da Espanha, que foi foco ao longo da Copa do Mundo Feminina, o treinador Jorge Vilda está sendo acusado de assédio sexual.
Um vídeo mostra o atual comandante espanhol tocando no seio de uma colega de comissão técnica durante a final da Copa do Mundo Feminina.
Zâmbia sob olhar da Fifa
Na Copa do Mundo, a seleção de Zâmbia atuou sob uma pressão externa diante de um escândalo envolvendo o técnico Bruce Mwape. O comandante da equipe africana chegou ao Mundial sob acusações de assédio sobre atletas do elenco.
A situação tornou-se ainda mais pesada durante a competição. A Fifa abriu uma investigação depois de receber uma denúncia de abuso do treinador sobre uma jogadora, durante treinamento ocorrido na Oceania. A entidade ainda não anunciou nenhuma conclusão.
A Trivela entrou em contato com a Associação de Futebol de Zâmbia para questionar a denúncia, mas não recebeu qualquer posicionamento até o momento da publicação dessa reportagem.
Referência, EUA também colecionam denúncias
Nem mesmo a nação mais vitoriosa do futebol feminino passa ilesa ao sistêmico assédio contra mulheres. Um relatório independente, fruto da investigação da Procuradora Adjunta dos Estados Unidos da América, Sally Yates, expôs uma série de abusos durante décadas no país.
Os casos ocorreram tanto em franquias da liga do país (NWSL) e na Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF).
Uma das ocorrências mais chocantes ocorreu no Racing Louisville, hoje time da meio-campista Ary Borges. Em agosto de 2021, o treinador Christy Holly abusou de uma jogadora e acabou demitido. Outras demissões ocorreram depois de revelado o teor do relatório.
PSG afastou treinador
A união das jogadoras serviu para o Paris Saint-Germain tomar uma atitude contra o técnico Didier Ollé-Nicolle, depois de o clube ser acusado de acobertar por mais de seis meses as denúncias de abuso contra o treinador.
A acusação dizia que Ollé-Nicole abusou de uma jogadora menor de idade tanto verbalmente quanto fisicamente, com “toques inapropriados”. Os atos geraram queixas ao clube, mas a demissão veio seis meses depois das primeiras reclamações.
Seleção se posicionou após denúncia contra presidente
A seleção feminina adotou uma postura importante em 2021, como um posicionamento do elenco e da comissão de Pia Sundhage diante do escândalo envolvendo Rogério Caboclo, presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) na época.
O dirigente sofreu acusações de assédio sexual, que resultaram no afastamento de Caboclo do cargo em 2021.
Em junho daquele ano, as jogadoras entraram com uma faixa “assédio não” no amistoso contra a Rússia e emitiram um posicionamento conjunto nas redes sociais.
Além das atletas, Pia, a auxiliar Lilie Persson e dirigentes como Aline Pellegrino, coordenadora de competições femininas da CBF, participaram da manifestação pública (direta ou indireta) ao antigo presidente da entidade.