Mbappé, Real Madrid e PSG: vem aí mais uma temporada da novela mais chata do futebol
Mbappé ficará livre no mercado em junho e, por conta disso, a novela que ninguém mais aguenta já começou de novo: fica no PSG ou vai para o Real Madrid?
Ano novo, notícia velha. Mais uma vez a (não) renovação de Kylian Mbappé com o PSG é a notícia principal de jornais na França e na Espanha, já que o Real Madrid é tido sempre como o possível-destino-nunca-concretizado do ainda jovem atacante francês. E como o contrato dele em vigência tem apenas mais seis meses de duração, vamos nós para mais uma enfadonha, monótona e repetitiva saga para saber se o vínculo será ou não aumentado, se ele irá ou não jogar em Madrid.
Na última quarta-feira (3) o PSG ganhou sua primeira taça do ano ao vencer o Toulouse e faturar a Supercopa da França. O jogo terminou 2 a 0 e Mbappé, aos 44 minutos da primeira etapa, foi o responsável por fazer o segundo gol, que selou o placar final em favor dos parisienses. Ao final do jogo, que ainda marcou a estreia do brasileiro Lucas Beraldo pela equipe francesa, o atacante falou sobre seu futuro. Novidades? Nem pensar. Mais um discurso sabonete, como ele se acostumou a dar. Falou Mbappé:
Eu não tomei minha decisão, mas temos um acordo com o presidente Al Khelaifi, então isso significa que todas as partes estão protegidas. O foco está na equipe, não na minha situação
O foco está mesmo no PSG, Mbappé?
A fala de Mbappé é vazia ao extremo. Não diz nada, não acrescenta nada, deixa seu futuro em aberto. Que proteção seria essa que o jogador diz ter aos dois lados? Lembremos, da última vez que ele ficou próximo de ficar sem contrato, a história foi a mesma: teria acordado com Al Khelaifi, dono do PSG, mas voltou atrás na hora H e ficou fazendo birra até acabar renovando, mesmo que por apenas um ano a mais, o que faz a situação já voltar às manchetes.
De lá para cá, ele perdeu Lionel Messi para a MLS e Neymar para a Arábia Saudita e viu o PSG manter um bom time, mas bem — beeem — mais humilde do que no auge do trio formado por ele, o argentino e o brasileiro. Tem sido o suficiente para liderar a Ligue 1, mas quase patinou na Champions League — a classificação veio, em suma, porque o time teve dado um pênalti que não foi pênalti na partida diante do Newcastle.
Hoje, para falar bem a verdade, o PSG nem de longe parece um time pronto para ser campeão europeu, o maior desejo de sua torcida, de seus donos e, claro, de Mbappé. Faltam dois anos para a Copa do Mundo e, se deseja ser Bola de Ouro antes disso, o atacante tem na Champions League sua única chance. Por isso a proteção que ele cita para ambas as partes parece, no mínimo, dúbia: se seu Paris não for bem no mata-mata, eventualmente cair diante de uma organizada Real Sociedad já nas oitavas, será que ele ficaria? A resposta parece ser não.
Não se rejeita um Mbappé, mas o quanto o Real Madrid precisa dele?
A temporada do Real Madrid, até o momento, é bem boa. O time foi devastadio por lesão na primeira metade, mas mesmo assim entrou em 2024 líder em La Liga e classificado como primeiro de seu grupo na Champions League. Falta, é verdade, justamente um centroavante, posição na qual Mbappé cairia como uma luva — em qualquer time do mundo, não apenas para os blancos.
Mas o Real Madrid já deu mostras de que a paciência com Mbappé está no fim — se não acabou já — e isso dá mostras de que, sim, é impossível rejeitar o francês, um dos maiores craques mundiais, mas que sua presença não exatamente crucial para os madrilenhos. Não que ele não faça diferença, mas ao que parece não faria exatamente falta, já que o Real, mesmo esfacelado por lesões, tem brigado no topo como é praxe.
Parece, neste momento, que o Real Madrid cansou de esperar. Muito disso passa pela atual boa fase, mas passa também pelo comportamento de Mbappé. Os madrilenhos não costumam implorar por jogador nenhum e não parecem muito dispostas a fazer isso nem mesmo com um dos melhores da atualidade. E passa também, talvez, até por Endrick. Porque o jovem brasileiro chega justamente em junho de 2024, quando o francês fica livre, e seu desempenho na reta final do último Campeonato Brasileiro foi suficiente para que os blancos entendessem que, sim, ele pode ser o futuro camisa 9 que o Real não tem atualmente.
Não, não estou comparando Endrick a Mbappé, um campeão do mundo e consagrado como dos melhores, ou até o melhor, de sua geração. Mas o Real Madrid, no mínimo, se cansou, como boa parte dos fãs de futebol, dessa lenga-lenga que o francês tem promovido sempre que o assunto é seu futuro. Parece, hoje, que até mesmo Erling Haaland, que segundo seu pai já declarou, gostaria de ser um peregrino da bola e marcar história em todas as grandes ligas — já o fez na Bundesliga e na Premier League — seria uma alternativa plausível para o Real nos próximos anos.
Em campo, sim, o Real e qualquer time do mundo precisa de Mbappé, um craque que faz a diferença com a bola nos pés. Mas a língua dele tem sido cumprida demais quando a história é falar de seu futuro e parece que ele tem superestimado o quanto é necessário em Madrid. Talvez não seja tanto quanto pense. Talvez o Real Madrid já tenha até feito planos mais realistas sem contar com ele, dando espaço a quem já está garantido por lá. Faz sentido, já que Kylian Mbappé, craque incontestável, tem sido protagonista de uma das novelas mais chatas que o futebol já acompanhou.