Ndiaye optou pelo coração e melhora ainda mais a ótima janela do Olympique
Protagonista no acesso do Sheffield United, Ndiaye preferiu voltar ao Olympique de Marseille, seu time do coração e no qual atuou quando garoto

O Olympique de Marseille faz um mercado de transferências interessante. Os reforços dos celestes elevam o clube de patamar. E o amor ao redor do time garantiu um ótimo negócio nesta semana: o atacante Iliman Ndiaye, de 23 anos. O senegalês participou com destaque da última Copa do Mundo e protagonizou o Sheffield United no acesso à Premier League. Foi um dos melhores jogadores da Championship, com gols e assistências decisivos à sua equipe. No entanto, o jovem preferiu ouvir seu coração, em vez de se provar na primeira divisão do Campeonato Inglês. Torcedor do Olympique desde pequeno, assinou com o clube por cinco temporadas, em negócio que custa €17 milhões aos celestes.
A chegada de Iliman Ndiaye a Marselha seria muito calorosa. Dezenas de torcedores foram recebê-lo, com sinalizadores e muita cantoria. Como um bom torcedor, o atacante ajudou a puxar as músicas. É um retorno para casa, depois de ter atuado na base marselhesa por alguns meses. Todavia, acabou separado do clube por circunstâncias familiares.
— Desde que sou muito novo, amo o Olympique. Eu tinha nove anos quando meu pai me deu a primeira camisa. Ele ofereceu para que eu fizesse peneiras no PSG e no Olympique, mas eu disse de primeira que queria o OM. Joguei por um ano lá, sempre carreguei o clube no meu coração. Vejo todos os jogos. Parece que eles têm um bom projeto. Por que não posso voltar um dia? — declarou Ndiaye em abril, à revista SoFoot. Um sonho que agora se torna concreto.
…this is how Olympique Marseille fans have welcomed Iliman Ndiaye ⚪️?✨
1am at the airport, incredible passion.
? Exclusive video: pic.twitter.com/JTtfdvc8K7
— Fabrizio Romano (@FabrizioRomano) July 30, 2023
Torcedor do Olympique desde criança
Ndiaye nasceu na cidade de Rouen, na França, filho de mãe francesa e pai senegalês, O garoto aprendeu a amar o futebol no país de seus ascendentes. Foi numa viagem a Senegal com apenas um ano de idade que o garoto percebeu que a bola era o seu brinquedo favorito. De volta à terra natal, costumava fazer treinos com o pai e isso moldou sua mentalidade. Também aprimorou sua habilidade nas quadras, até ser levado aos seus primeiros clubes. O ponta tinha nove anos quando se juntou ao Rouen. Aos dez, mudou-se da Normandia para a Provença, juntando-se ao Olympique de Marseille. Parecia ter um ótimo futuro pela frente, num clube de massa que já tinha arrebatado o seu coração.
No entanto, no início da adolescência, Ndiaye se despediu do Olympique. O atacante se mudou com a família para Dacar. Teria contato mais frequente com outra cultura de futebol em Senegal. Vestiu a camisa da base do Dakar Sacré-Cœur, projeto fomentado pelo Lyon, e também batia sua bola nas praias da cidade, onde a técnica costuma se refinar entre os senegaleses. Seriam dois anos vivendo no país, até uma nova mudança, quando seu pai conseguiu um emprego em Londres. Aos 14 anos, o prodígio não dominava o idioma inglês, mas sabia como tratar a bola e isso auxiliou na integração.
Ndiaye não atuaria num grande clube da Inglaterra na base. Foi acolhido pelas categorias menores do Boreham Wood, time do norte de Londres que atualmente milita na quinta divisão. Paralelamente, o senegalês também vestia a camisa do Rising Ballers, clube amador que participa da chamada “Sunday League”, o similar ao futebol de várzea na Inglaterra, em competições equivalentes à nona divisão na pirâmide nacional. Foi por lá que chamou atenção dos olheiros do Sheffield United. Era uma ótima chance, depois de ter sido reprovado em peneiras pelo Chelsea e pelo Southampton.
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Fenômeno em Sheffield
Ndiaye passou seis semanas no Sheffield United e impressionou não apenas as Blades, mas outros clubes que tentaram levá-lo. No entanto, o senegalês preferiu dar prioridade ao time que abriu as portas. Por conta de sua passagem pelo Olympique de Marseille, o United ainda precisou pagar ao clube formador. Entretanto, os ingleses avaliaram que valia a pena. Estavam impressionados não só com a habilidade, mas também com a velocidade e a mentalidade do novato.
Ndiaye tinha 19 anos quando assinou com o Sheffield United. Ainda não teve espaço na equipe de Chris Wilder e precisou se juntar ao time sub-23. Acabaria cedido por empréstimo ao Hyde United, outro clube pequeno, da sétima divisão. E não era o nível de desafio que acomodava o senegalês. Sua chance no primeiro time do Sheffield United veio na temporada 2020/21. Disputou poucos minutos, numa campanha que culminou no rebaixamento. Entretanto, o senegalês ganhou espaço na Championship seguinte. Mesmo sem o acesso, seria um dos destaques do time em 2021/22. Contribuiu com sete gols, decisivo na reta final para que as Blades chegassem aos playoffs, superadas nas semifinais pelo Nottingham Forest.
Já a última Championship salientou a evolução de Ndiaye. O atacante liderou a campanha do Sheffield United rumo ao acesso em 2022/23. Foram 14 gols e 11 assistências na campanha, com sequências muito consistentes, inclusive na reta final. O senegalês atuou centralizado como atacante, com espaço para flutuar e para exibir toda a sua habilidade. O arsenal de dribles é imenso. Estava claro como receberia propostas para sair de Bramall Lane. Especialmente porque a Copa do Mundo também o deixou em evidência.
Ndiaye é convocado por Senegal desde junho de 2022. Mesmo sem muito tempo na equipe, o atacante ganhou a convocação para a Copa do Mundo. Era uma aposta que se provou em campo, com grandes mostras de talento. O jovem saiu do banco contra o Catar, na fase de grupos, e bagunçou pela ponta direita. Seus dribles foram bastante produtivos e ele ainda deu uma assistência. Já contra o Equador, na partida que definiu a classificação aos mata-matas, o garoto arrebentou. Foi um tormento durante o primeiro tempo, partindo para cima da marcação. Contra a Inglaterra, todavia, não evitou a eliminação dos Leões da Teranga.
A excelente janela do Olympique
O Olympique de Marseille gastou €67,5 milhões em reforços na atual janela de transferências. Os principais destaques ficam para o ataque, onde Ndiaye desponta como contratação mais cara. Ismaïla Sarr é outro senegalês que desembarca com enorme talento, do Watford, enquanto os celestes fisgaram Pierre-Emerick Aubameyang ao término de seu contrato com o Chelsea. Ruslan Malinovskyi e Amine Harit ficam em definitivo, após empréstimos. Também chegaram o volante Geoffrey Kondogbia e o lateral Renan Lodi, ambos do Atlético de Madrid, além do goleiro Rubén Blanco, que estava no Celta. O elenco se torna bem mais recheado.
O Olympique de Marseille também perdeu jogadores importantes, em especial com as saídas de Alexis Sánchez e Nuno Tavares, além da despedida do ídolo Dimitri Payet. Apesar disso, a impressão é de que os celestes estarão um patamar acima, também pela chegada de Marcelino García Toral ao comando técnico. O abismo em relação ao Paris Saint-Germain é grande e fica difícil de cravar qualquer ameaça. Contudo, os marselheses parecem mais capazes de se firmar nas primeiras colocações da Ligue 1 e também de passar pelas fases qualificatórias da Champions League. Pegarão o Panathinaikos na terceira fase qualificatória.
Como Ndiaye funcionará no Olympique
Marcelino García Toral definiu que o Olympique de Marseille atuará no 4-4-2 que serve de base aos seus trabalhos. Com isso, a dupla de ataque ideal se desenha com uma parceria entre Aubameyang e Ndiaye, contando ainda com a alternativa do português Vitinha – que chegou em alta do Braga, mas não correspondeu em seus primeiros meses. Será uma formação extremamente veloz e habilidosa, com jogadores versáteis. Se necessário, o senegalês poderá ser deslocado para a ponta ou então oferecer variações táticas à equipe. Pela forma que apresentou na temporada passada, mesmo na Championship, chega para ser titular.
Outro ponto forte do Olympique de Marseille vai ser a dupla senegalesa formada por Sarr e Ndiaye. São dois dos jogadores mais habilidosos do país, que atravessa um momento histórico. Em comum, ambos também vieram da segundona inglesa. Sarr fazia hora extra no Watford e, sem que o acesso ocorresse, saiu por um preço relativamente baixo. O mesmo pode se dizer sobre Ndiaye, pensando no negócio que poderia ser feita com outros times da Premier League. São dois reforços que elevam bastante as perspectivas dos marselheses, inclusive pelo potencial.
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Le milieu offensif sénégalais ?? rejoint l’OM en provenance de Sheffield United#OdysséeMassalia ?️?⚪️ pic.twitter.com/WIsBgH0uBQ
— Olympique de Marseille (@OM_Officiel) August 1, 2023
Os reforços do Olympique de Marseille para 2023/24
- Iliman Ndiaye, atacante > Sheffield United, €17 milhões
- Ismaïla Sarr, ponta > Watford, €13 milhões
- Renan Lodi, lateral > Atlético de Madrid, €13 milhões
- Ruslan Malinovskyi, meia > Atalanta, €10 milhões
- Geoffrey Kondogbia, volante > Atlético de Madrid, €8 milhões
- Amine Harit, meia > Schalke 04, €5 milhões
- Rubén Blanco, goleiro > Celta, €1,5 milhão
- Pierre-Emerick Aubameyang, atacante > Chelsea, sem custos