Suspender partidas por atos de racismo pode ser uma realidade em breve
Medida de suspensão por racismo defendida pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, deverá ser votada no próximo congresso da entidade máxima do futebol
Gianni Infantino, presidente da Fifa, tem sido uma voz no futebol mundial contra o racismo. Após dois casos de discriminação em 20 de janeiro, um na Inglaterra e outro na Itália, o mandatário máximo do esporte defendeu a suspensão do jogo e, consequentemente, a derrota do time que a torcida cometer o crime. Ele voltou a abordar o assunto durante o congresso anual da Uefa, realizado em Paris nesta quinta-feira (8).
O presidente relembrou o protocolo que quer que seja implementado em todo o mundo, com o árbitro tomando as medidas de parar e até suspender o jogo caso persistir os xingamentos. Infantino ainda fez um pedido para que as confederações nacionais e entidades continentais assinem os novos regulamentos no próximo 17 de maio, quando acontece o congresso da Fifa em Bangkok, na Tailândia.
– Nas últimas semanas e meses temos testemunhado toda uma série de eventos racistas e isso não é aceitável. O racismo é um crime, é algo horrível. Vocês podem concordar comigo aqui e continuaríamos assim, mas temos que erradicá-lo e existem mecanismos para o fazer. As ferramentas que temos são, obviamente, o processo de três passos do árbitro, que pode parar o jogo, interrompê-lo e, em última análise, até abandoná-lo. Se um jogo for abandonado, as consequências disciplinares serão tem que ser a perda do direito de jogar contra o time responsável pelo abandono da partida – disse.
O mandatário da Fifa também falou do processo após o crime: banir os racistas e investir na educação de quem comete o crime.
– Devemos tomar medidas criminais contra pessoas que agiram de forma racista. Temos que bani-los dos estádios de todo o mundo. Temos que investir na educação porque, obviamente, o racismo também é um problema da sociedade. Mas isso não é suficiente, essa não é a resposta – finalizou.
Ainda no mesmo congresso, Amélie Oudéa-Castéra, Ministra dos Esportes da França, também discursou contra o racismo e relembrou a Eurocopa que será realizada no meio do ano, na Alemanha. Lembrando que Paris receberá os Jogos Olímpicos entre julho e agosto desse ano.
– Os jogos devem ser interrompidos se necessário, estes comportamentos não podem ser permitidos, os torcedores também devem assumir as suas responsabilidades. A UEFA celebra a Eurocopa este ano e sei que os nossos vizinhos na Alemanha têm a mesma vontade de proteger o futebol – reforçou Oudéa-Castéra.
Os casos de racismo que acontecem em todo o mundo
A gota d'água para Gianni Infantino recomendar a medida de suspensão dos jogos aconteceu depois que Mike Maignan, goleiro do Milan, foi alvo de ataques da torcida da Udinese em rodada da Serie A. Aconteceram avisos no alto-falante do Estádio Friuli, mas os insultos continuaram, o árbitro paralisou o jogo no primeiro tempo e o francês até foi para o vestiário, depois retornando aos gramados. No mesmo dia, mais cedo, torcedores do Sheffield Wednesday fizeram gestos e sons remetendo a macacos contra o meio-campista Kasey Palmero, do Coventry City, em jogo pela Champioship, a segunda divisão inglesa.
O preconceito está em todo lugar, não é algo específico de um país, as diferenças estão, principalmente, no enfrentamento e punição aos preconceituosos. A Espanha, por exemplo, é onde, todo ano, diversos casos acontecem, especialmente contra o brasileiro Vinicius Júnior, mas vemos pouca ou nenhuma consequência. No outro polo do enfrentamento está a Inglaterra, país que deveria ser uma referência aos outros porque identifica, prende e bane ou suspende por longos anos dos estádios quem comete os crimes.