Inglaterra

Racista que agrediu Rio Ferdinand ficará 7 anos longe dos estádios

Em 2021, Jamie Arnold, torcedor do Wolverhampton, foi flagrado imitando macaco em direção ao ex-jogador Rio Ferdinand

Um julgamento na Inglaterra nesta sexta-feira (8) definiu que Jamie Arnold, torcedor do Wolverhampton flagrado imitando um macaco e proferindo xingamentos racistas ao ex-jogador Rio Ferdinand em maio de 2021, ficará preso por seis meses, além de banido por sete anos de qualquer estádio de futebol. Na ocasião, o Manchester United visitava o clube da cidade no Estádio Molineux.

Arnold foi flagrado por câmeras sendo racistas e testemunhas também confirmaram a atitude deplorável do homem de 32 anos.

No depoimento à polícia, Ferdinand relatou seus sentimentos quando soube do ato racista: angustiado, perturbado e devastado. O ex-zagueiro, ídolo do United e presença na Seleção Inglesa, relatou que já tinha sofrido racismo quando estava dentro dos gramados, mas desde que passou a ser comentarista essa foi a primeira vez.

– Seu abuso não foi provocado e completamente inaceitável. Estamos em 2021 e um comportamento como este é completamente inaceitável – disse, à época, Rio Ferdinand.

A juíza responsável por dar a sentença ao racista foi categórica ao afirmar como ele envergonhou a cidade e o clube Wolverhaptom, além de tratar o comportamento de Jamie Arnold “mais do que pueril e ofensivo”.

O Wolverhampton Wanderers não quer um racista em suas arquibancadas. Eles não querem você como torcedor e esta cidade não tolera comportamento racista em seu meio – afirmou a juíza Rhona Campbell.

Após cumprir a pena, Arnold seguirá sendo monitorado pela polícia por 12 meses.

Antes Rio Ferdinand, Tooney e Son foram vítimas racismo – e racistas devidamente punidos

Infelizmente, como acontece na América do Sul e Espanha, os casos de racismo aumentaram nas arquibancadas da Inglaterra. O atacante Heung-min Son, do Tottenham, sofreu dois ataques de torcedores de Chelsea e Crystal Palace, em agosto de 2022 e maio de 2023, respectivamente. Em ambos, os preconceituosos puxaram os olhos para tentar atingir o jogador.

Os dois racistas foram punidos com três anos afastados dos estádios ingleses. Robert Gerland, torcedor do Palace de 44 anos, sofreu multa de pouco mais de mil libras e terá que pagar 60 horas de trabalho comunitário, enquanto Thomas Burchell, de 30 anos, pagou cerca de 700 libras.

O inglês Ivan Tooney, atacante do Brentford (suspenso do futebol por envolvimento com apostas esportivas), recebeu ataques racistas no Instagram, enviados pelo torcedor Antonio Neill, de 24 anos. O racista foi devidamente punido: quatro meses de prisão e três anos longe dos estádios.

As punições na Inglaterra servem como exemplo a Espanha e a América do Sul. O brasileiro Vinicius Júnior é seguidamente alvo de perseguição de racistas em estádios espanhóis, desde milhares de torcedores o chamando de macaco em Valencia até criminosos pendurando um boneco enforcado com sua camisa. Nos dois casos, os torcedores foram identificados e punidos, mas nada próximo do que acontece no país inglês. Os que penduraram o boneco de Vini estão suspensos por dois anos longe dos estádios e 60.001 euros, divididos entre os quatro indivíduos. Três fãs do Valencia estão um ano banidos, além de multa de quatro mil euros.

A Conmebol também é pouco efetiva no combate ao racismo em competições sul-americanas. Em 2023, quase sempre que atuaram fora de casa (às vezes até no Brasil), clubes e torcedores brasileiros foram alvos de ataques racistas, especialmente na Argentina. Mas não houve a divulgação de nenhuma identificação ou punição. A notícia mais recente envolvendo punição à racistas nos países vizinhos aconteceu no ano passado, quando a justiça da Argentina baniu por quatro anos Gustavo Sebastián Gómez, torcedor do River Plate que jogou uma banana em direção aos torcedores do Fortaleza. Também foi suspenso, só que por dois anos, o fã do Boca Juniors Leandro Germán Ponzo, que ficou preso por algumas horas no Brasil em 2022 por imitar um macaco para torcida do Corinthians – à época, ele pagou fiança e foi liberado.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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