Premier League

Torcedor do Crystal Palace é suspenso por três anos por racismo contra Son

Além de proibição de entrar em estádios, torcedor que foi racista tomou multa e ainda terá que prestar serviço comunitário

Um torcedor do Crystal Palace foi suspenso por três anos por fazer gestos racistas contra o atacante sul-coreano Son Heung-min, do Tottenham. O jogo era pela Premier League e aconteceu em maio, ainda na temporada passada. Robert Gerland, de 44 anos, estava no setor de visitantes do Tottenham Hotspur Stadium e ficará proibido de frequentar qualquer estádio de futebol durante os três anos de pena.

O gesto foi feito por Gerland quando Son foi substituído, aos 44 minutos do segundo tempo. Segundo investigação da Polícia Metropolitana, o torcedor se declarou culpado de assédio com agravante racista em um tribunal de Highbury, em agosto. Além da suspensão, o torcedor foi multado em 1.384 libras e terá que pagar 60 horas de trabalho comunitário.

Inicialmente, essa tinha sido a sentença, sem qualquer suspensão do futebol. No dia 6 de novembro, os promotores tiveram sucesso no recurso que entraram para que fosse adicionada uma pena também esportiva à sentença inicial, o que foi atendido.

“Agradecemos à polícia por sua cooperação em relação a esse assunto. Gostaria de reiterar que o clube não tolera discriminação de nenhum tipo e sempre irá buscar que seja tomada a ação mais dura possível contra as pessoas que forem consideradas responsáveis por isso”, diz comunicado do Tottenham.

“A Premier League dá as boas-vindas à suspensão de três anos dada hoje a um indivíduo que assediou racialmente Son Heung-min. É vital que aqueles que sejam condenados por comportamento discriminatório sejam punidos e a punição manda uma mensagem clara que ações serão tomadas e que há consequências”, diz comunicado da Premier League.

Kevin Christie, da promotoria pública britânica e responsável por casos relacionados a esporte no norte de Londres, também se manifestou.

“Este caso mostra que o crime de ódio no futebol não será tolerado. As ações de Gerland foram corretamente condenadas nas redes sociais e pedimos a todos os torcedores para continuarem relatando à polícia ou stewards qualquer forma de discriminação contra os jogadores ou outros torcedores para que casos como esse cheguem aos tribunais”.

A suspensão é similar à dada a um torcedor do Chelsea que, em maio, fez gestos racistas também contra Son durante um jogo em Stamford Bridge, em agosto de 2022. A punição dada àquele torcedor foi igualmente de três anos. Foi também a mesma punição recebida pelo torcedor que foi racista com Ivan Toney: três anos de suspensão.

Comportamento bem diferente de La Liga e da Espanha

A forma como o Reino Unido lidou com a situação contrasta com a forma como racismo tem sido tratado na Espanha, especialmente contra Vinícius Júnior, mas não só contra ele. A punição dada na Inglaterra é muito maior do que o que foi feito na Espanha. Torcedores do Atlético de Madrid que penduraram um boneco enforcado de Vinícius Júnior receberam multa de 60.001 euros, divididos entre os quatro indivíduos, e proibição de acesso aos estádios por dois anos. Parece pouco pela enorme gravidade do episódio.

A Espanha pune menos que a Inglaterra em termos esportivos, especialmente. Quando um torcedor do Mallorca chamou Vinícius de “macaco” por diversas vezes, a polícia propôs três mil euros de multa e seis meses de suspensão para estar em estádios. No Mestalla, em Valencia, três torcedores foram identificados por também fazerem ofensas racistas. Foi proposta uma multa de quatro mil euros e um ano de proibição de entrar em estádios. Além disso, foi fechado um pequeno setor do estádio Mestalla por três partidas.

As suspensões na Inglaterra são maiores, em termos esportivos, ainda que não em termos financeiros. Seria importante que a Espanha aumentasse também a suspensão esportiva para inibir que torcedores continuem com esse tipo de comportamento. Os dias de trabalho comunitário também podem ser bem utilizados, justamente por serem bastante educativos, se bem aplicados.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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