Serie A

Milan retoma vantagem no fim e vence Udinese em jogo marcado por racismo contra Maignan

Maignan, goleiro do Milan, foi atacado por racistas na torcida da Udinese durante o primeiro tempo da partida em Udine, o que causou interrupção da partida

Dentro de campo, o duelo entre Udinese e Milan pela 21ª rodada da Série A foi espetacular neste sábado (20). O time de Milão abriu o placar, sofreu a virada no segundo tempo e ainda conseguiu sair com o resultado positivo, por 3 a 2, nos acréscimos da etapa final. No entanto, mais do que o resultado, o jogo ficou marcado por mais um inaceitável caso de racismo. Os fãs Bianconeri no Estádio Friuli atacaram o goleiro Mike Maignan no primeiro tempo e a bola parou de rolar por cerca de seis minutos, com o francês ameaçando retornar aos vestiários. Essa não é a primeira vez que ele sofreu com ataques preconceituosos na Itália.

Na parte de baixo da tabela, a Udinese tem vantagem de apenas um ponto para o Verona, primeiro time na zona de rebaixamento. Na outra ponta da classificação, o Milan, invicto há seis jogos na Seire A, se separa cada vez mais do restante dos adversários e fica mais perto da dupla Juventus e Inter, torcendo para perderem na rodada.

Ataques racistas ofuscam primeiro tempo

O Milan veio a campo no 4-2-3-1 conseguindo repetir a dupla de zaga do último jogo com Simon Kjaer e Matteo Gambia – Stefano Piolo sofreu com as lesões na defesa ao longo da temporada e segue com esse problema. Theo Hernández, zagueiro em outros momentos, seguiu na sua posição natural, a lateral esquerda, enquanto o capitão Davide Calabria atuava na direita. No meio, Yacine Adli se posicionava como o mais próximo dos zagueiros, próximo de Tijjani Reijnders. Ruben Loftus-Cheek ficava como o meia mais avançado, atrás de Olivier Giroud e com Christian Pulisic à direita e Rafael Leão à esquerda.

Os Bianconeri de Údine se armaram no 5-3-2. O capitão Roberto Pereyra jogava atrás do atacante Lorenzo Lucca, o homem mais avançando na equipe de Gabriele Cioffi. O único brasileiro do jogo era o volante Walace, ex-Grêmio, além de Brenner, cria da base do São Paulo, no banco.

Os primeiros minutos (e boa parte do jogo) foram de domínio completo da posse de bola pelo lado do Milan. A Udinese não apenas se fechava e utilizava bem contra-ataques rápidos. Até 15 minutos não teve de nada muito claro em oportunidade, eis que, de pé em pé, a bola chegou em Leão pela esquerda, que deixou o colega centroavante na cara do goleiro. Giroud, dentro da área, bateu cruzado e Maduka Okoye fez a primeira boa intervenção do jogo. O atacante francês teria outra chance logo depois, em cruzamento de Theo, mas pegou fraco no momento de chutar e basicamente recuou para o goleiro adversário.

Pouco atacando até os 24, o time da casa quase fez em boa jogada do ala direito Festy Ebosele, que levou para linha de fundo e cruzou para Lucca. O centroavante, no entanto, não conseguiu antecipar e dar um toque que iria para as redes. Se aproveitando do espaço que teve para contra-atacar nesse lance, o clube Rossonero conseguiu uma perigosa falta lateral, bem batida por Adli e Okoye defendeu de novo. No escanteio, Pulisic subiu no alto com Lucca e levou a pior, levando uma braçada do adversário e caindo feio. Não deu para ter certeza se estava dentro da área e o VAR mandou seguir.

O Milan seguia muito melhor e perigoso pela esquerda, onde Theo apareceu duas vezes e na segunda fez o necessário para abrir o placar. Antes, o lateral tabelou com Giroud e, quando foi devolver para o atacante apenas marcar, mandou atrás do colega. Logo na sequência, o defensor francês, do mesmo lado, cruzou rasteiro, agora certinho, com o centroavante deixando passar e Loftus-Cheek aparecendo para cravar na marca do pênalti.

Milan x Udinese
Loftus-Cheek abriu o placar para o Milan (Foto: Icon Sport)

Infelizmente, o jogo ficou em segundo plano depois do gol. Mike Maignan, que havia relatado ao árbitro minutos antes que ouviu xingamentos racistas da torcida da Udinese – e os Alto-falantes do estádio pediram que parassem -, foi alvo novamente de ataques e a partida foi paralisada por alguns minutos. O goleiro foi ao túnel dos vestiários, mas conversou com funcionários da liga e retornou aos gramados – com vaias dos torcedores racistas. Toda vez que o goleiro francês tocava na bola era hostilizado pelos presentes no Friuli.

O Milan, que voava antes da paralisação, voltou um tanto desligado e sofreu o empate aos 41 minutos. Pela primeira vez recebendo para fazer um pivô de qualidade, Lucca acionou Lazar Samardzic, que fez uma jogada de craque. Por dentro, o sérvio deixou Kjaer humilhado no chão e bateu colocado, no canto de Maignan, que nem pulou e viu a bola estufar as redes. O camisa 24 da Udinese finalizou da mesma forma na sequência e, dessa vez, foi para fora. O Rubro-Negro soube segurar a pressão e melhorou um pouco antes do primeiro tempo acabar.

Udinese melhora e vira, mas Milan empata e ainda vence no fim

No intervalo, Pereyra foi substituído pelo francês Florian Thauvin, que exercia função mais próxima de Lucca, como uma dupla de ataque mesmo. O clube de Údine começou ligado e quase se aproveitou de um vacilo de Calabria que daria uma chance na cara de Maignan. Gabbia deu um carrinho essencial e salvou.

Bem devagar, o Milan não conseguia voltar ao ritmo de antes, mas quase marcou com Giroud. O francês subiu mais do que todo mundo em cruzamento de Pulisic e fez Okoye trabalhar em um forte cabeceio. A Udinese respondeu com Martín Payero. O argentino, saindo do banco, bateu cruzado na área para gigante defesa de Maignan. Na sequência, foi a vez de Thauvin ter uma chance e ele não perdoou. O francês tentou driblar Theo e Reijnders, que se enrolaram no lance e deram de graça para o adversário. Na frente do goleiro, mandou uma bomba e virou a partida.

O clube do Friuli permaneceu mais perigoso e obrigou Maignan a sair do gol e evitar que Hassane Kamara ficasse cara a cara. Depois, Lucca obrigou outra defesa do goleiro adversário.

Pioli colocou o time mais para frente antes dos 25. O atacante Noah Okafor entrou no lugar de Reijnders para ficar atrás de Giroud. Os espaços que já eram grandes na defesa Rossonera ficaram maiores. Thauvin puxou um contra-ataque pela esquerda com superioridade numérica e cruzou rasteiro. Se não fosse outro corte essencial de Gabbia seria o terceiro da Udinese.

Com quase meia hora, Pulisic e Calabria saíram para as entradas de Luka Jovic e Alessandro Florenzi, respectivamente. No clube de Údine, o contrariado Lucca foi substituído pelo nigeriano Isaac Success.

Rodando a área adversária, o Milan foi se aproximando e empatou aos 37 do segundo. Theo Hernández se infiltrou na defesa adversária e recebeu lançamento já dentro da área. O defensor cruzou para trás, a defesa afastou mal e Giroud finalizou, a bola desviou e pegou na trave antes de quicar na linha para Jovic completar. 2 a 2.

Nos minutos finais, a pressão do clube de Milão permaneceu. Giroud deu uma linda batida de fora e Okoye parou o francês pela quarta vez no jogo. No escanteio dessa jogada, Florenzi cobrou no meio da área, Giroud desviou e Okafor apareceu na segunda trave para virar o jogo. Não havia tempo para mais nada no jogo.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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