Europa

Assunto proibido na Europa, Superliga será julgada por tribunal de Madrid e sessão já tem data

Julgamento que colocará Superliga frente a frente com Uefa e Fifa será realizado em sessão única

A novela “Superliga Europeia” ganhou mais um capítulo nesta quarta-feira (17). O Tribunal de Comércio nº 17 de Madrid, responsável por julgar o caso na Espanha, marcou uma audiência em sessão única no dia 14 de março para tratar do assunto com as partes interessadas. Esta é a primeira chamada depois que o Superior Tribunal de Justiça da União Europeia anunciou o possível conflito entre a Superliga com a UEFA e a FIFA no último dia 21 de dezembro. As informações são do portal Mundo Deportivo.

A empresa A22 Sports Management, representada pelo CEO, Bernd Richard apresentou uma ação contra as duas entidades alegando abuso de posição por conta das ameaças feitas aos clubes, que poderiam ser excluídos de todas as competições organizadas pela UEFA e FIFA caso aderissem à nova Superliga Europeia. Sendo assim, o Tribunal acolheu a reclamação feita, adotando medidas cautelares para ordenar que a FIFA e a UEFA, se abstivessem de praticar qualquer comportamento que impedisse o início da Superliga durante a tramitação do processo judicial.

O Tribunal Comercial de Madrid submeteu uma decisão prejudicial ao Tribunal de Justiça da União Europeia, quem em sua decisão, afirmou que a UEFA e a FIFA mantinham uma decisão de monopólio e domínio sobre as competições, agindo de forma independente em relação a qualquer outro potencial concorrente.

A decisão da Corte, proferida no dia 21 dezembro, decidiu por um fim na exclusividade da UEFA para organizar as competições europeias de clubes, porém, manteve o seu poder regulador do futebol no Velho Continente. Sendo assim, a decisão do TJUE permite o surgimento de novos torneios organizados por outras empresas, mas reconhece o importante papel da UEFA como órgão dirigente do futebol europeu.

Em outras palavras, a UEFA será responsável por controlar a autorização das novas competições e tem o poder para liberar, ou não, qualquer torneio criado por outras empresas, desde que a entidade europeia utilize critérios claros, proporcionais e transparentes para tomar a sua decisão, sem nenhum tipo de discriminação.

Dirigentes de clubes europeus criticam a criação da Superliga

Com a possibilidade da Superliga Europeia acontecer, agora que foi liberada pela Justiça, vários clubes do cenário europeu demonstraram a sua insatisfação com a criação da nova competição. O presidente do Torino, Urbano Cairo, afirmou recentemente que este novo torneio nada mais é do que um retrocesso de dois séculos de luta e trabalho para fazer do futebol europeu um espaço democrático e livre para todos os clubes.

O dirigente ainda afirmou que a luta da A22 é contraditória, haja vista que a criação da Superliga só vai aumentar o monopólio dos clubes da elite europeia e em nada vai defender o direito de times menores conseguirem chegar a outro patamar dentro do cenário competitivo.

“Existe uma contradição que precisa ser esclarecida. Vocês afirmam que é necessário lutar contra o monopólio da UEFA e da FIFA, e depois aprovam um projeto como a Superliga que anula toda competição, todo mérito esportivo. Há uma concessão a uma elite, com posições preestabelecidas, ao mesmo tempo em que se sacrifica a competição. Isso vai contra o progresso econômico: aqueles com ideias, ideias vencedoras, não são valorizados, sendo até excluídos. Parece-me a mutilação da livre empresa, dos valores do esporte, algo inconcebível”, declarou o presidente do Torino.

Cairo ainda sustentou o seu argumento com resposta a dada por representantes de todas as grandes ligas da Europa, que também repudiaram a criação da Superliga. A começar pela Premier League, que de imediato respondeu de forma contundente que nenhum de seus clubes participariam da nova competição, assim como o Bayern de Munique na Alemanha, o PSG na França, na Itália, com Roma e Internazionale além do Atlético de Madrid na Espanha.

Para os clubes menores, a Superliga está vendendo a ideia de democratização do futebol que é totalmente falsa, tendo em vista o formato apresentado. Na realidade, a implementação deste novo torneio tende a deixar o futebol na mão de pouquíssimas pessoas em detrimento de todas as ligas europeias.

Foto de Lucas de Souza

Lucas de SouzaRedator

Lucas de Souza é jornalista formado pela Universidade São Judas em São Paulo. Possui especialização em Marketing Digital pela Digital House, e passagens pelos sites Futebol na Veia e Futebol Interior.
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