‘Sonhos seriam destruídos’: CEO do Atlético de Madrid explica por que é contra a Superliga
Segundo dirigente, ligas fechadas formariam uma pirâmide que acabaria com a competitividade no futebol

Miguel Ángel Gil Marín, concedeu entrevista ao EFE como mais novo membro do Comitê Executivo da Uefa. O CEO do Atlético de Madrid substituiu Karl-Heinz Rummenigge e juntamente com o mandatário máximo do PSG, Nasser Al-Khelaifi, será o responsável por representar os interesses dos clubes europeus. Falando nisso, um dos assuntos em pauta na entrevista concedida pelo comandante dos Colchoneros foi em relação à criação da Superliga Europeia, detonada por mais de 90% das equipes no Velho Continente.
Segundo Miguel Ángel Gil Marín, a Uefa tem trabalhado para manter o equilíbrio de seus torneios e a competitividade do cenário, nivelando as condições para os times grandes, médios e de pequeno porte. Além disso, o mandatário do Atlético de Madrid é enfático ao dizer que a criação da Superliga Europeia é um atraso para o futebol europeu, já que tal competição fechada formaria uma pirâmide que colocaria abaixo o sonho de milhares de jovens em um dia disputar uma competição de alto nível.
O caso da criação da Superliga passou a ser julgado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia, que emitiu um parecer favorável à criação do torneio no último dia 21 de dezembro de 2023. No parecer, o órgão considerou que a atitude da Uefa e da Fifa em punir os clubes que decidirem participar do torneio uma espécie de retaliação prévia, o que é proibido na legislação europeia. O Tribunal também comentou sobre o abuso da “posição de poder” das entidades que controlam o futebol na Europa e no mundo para se opôr à criação do torneio independente.
“Futebol representa um contrato social”, diz CEO do Atlético de Madrid
Perguntado sobre o resultado do julgamento da Superliga Europeia, Miguel Ángel Gil Marín aprofunda a discussão, afirmando que o futebol é mais do que simplesmente um negócio, é também um modelo de vida, um contrato social. Cada torcedor na Europa quer se sentir parte integrante da história do seu clube do coração e isso faz parte da cultura da sociedade. O amor por uma agremiação é um contrato social, de paixão, sentimento de pertencimento de uma cidade e de um país.
“Para além da resolução, penso que é necessário compreendermos o que o futebol representa para a sociedade europeia. O futebol não é um contrato legal, é um contrato social. O que significa isto? Que além dos estatutos, acordos e legislação. O trabalho neste setor deve compreender que o fazemos por e para o torcedor. Na Europa cada indivíduo se sente, como parte da sua cultura, é um modelo de vivência”, diz o CEO do Atlético de Madrid.
O mandatário do clube Colchonero vai ainda mais fundo em sua análise, afirmando que na base desta pirâmide futebolística estão meninos e meninas, que sonham em se tornar atletas profissionais. A modalidade como um todo é uma ferramenta de ensino dos valores básicos da vida. Para o presidente do Atlético de Madrid, se educar nos valores do esporte faz a criança se tornar um adulto melhor, aprendendo a competir, partilhar, saber ganhar e principalmente perder.
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Superliga Europeia enterraria sonhos
Todos no início sonham em jogar no mais alto nível, o que dentro da estrutura atual é muito mais acessível. Milhares de atletas começam a construir a sua trajetória em clubes menores e por meio de um trabalho de observação, chegam aos clubes maiores e assim alcançam o topo. A criação da Superliga Europeia, segundo Miguel Ángel Gil Marín, quebraria este equilíbrio, mudando completamente o modus-operandi do futebol, enterrando os sonhos de inúmeras crianças não só da Europa, mas do mundo inteiro.
“Fazer ligas fechadas, ou garantir a presença nas competições mais altas apenas a alguns, destruiria a pirâmide em que se baseia o sonho de milhares de meninos e meninas. Clubes privilegiados quebrariam a tradição de premiar o mérito esportivo .É necessário proteger o equilíbrio e a evolução na pirâmide do futebol amador e profissional. Faz parte da nossa cultura e tradição. Ao contrário do que defende a Superliga, a UEFA procura um equilíbrio entre países grandes, pequenos e médios; entre clubes, grandes, pequenos e médios. Hoje somos 55 países, e deles, mais de 35 competem em competições europeias todos os anos”, afirma o dirigente.