Superliga escolhe novo CEO e diz que quer “diálogo aberto e honesto” para ser relançada em três anos
Novo CEO da empresa que organiza a Superliga Europeia fala em uma reforma séria e quer falar com clubes, jogadores, torcedores, imprensa e políticos para encontrar soluções – tudo que eles não fizeram na primeira vez
A empresa por trás da Superliga Europeia, A22 Sports Management, contratou Bernd Reichart como seu novo executivo-chefe, ou CEO. O alemão, de 48 anos, deu entrevista ao Financial Times dizendo que espera que a iniciativa da Superliga seja relançada em três anos e que houve uma reavaliação do formato da competição. Lançada sem consultar ninguém e de surpresa, em um formato nada democrático como um clube fechado de 12 clubes, a Superliga agora quer discutir o futebol europeu e seus problemas com o objetivo de ser relançada em novas bases.
“Há uma reavaliação. Há um movimento claramente declarado em direção a um formato aberto e que a adesão permanente está fora de questão. Queremos ver se há ou não consenso mais amplo sobre os problemas que o futebol europeu enfrenta”, afirmou Reichard ao Financial Times.
Segundo informação divulgada pela A22 Sports Management, Bernd Reichard terá o papel de “iniciar um diálogo ativo e extenso com um grande grupo de partes interessadas no futebol, incluindo clubes, jogadores, técnicos, torcedores, imprensa e criadores de leis”.
“A atual situação no futebol europeu é caracterizada por muitos desafios que serão resolvidos por si mesmos. Os presidentes do Real Madrid, Barcelona e da Juventus recentemente delinearam seus pontos de vista sobre os problemas que o esporte enfrenta”, continuou Reichard.
“Acredito que eles estão fazendo as perguntas certas e estou pessoalmente interessado em ouvir muitas vozes diferentes para que a comunidade do futebol europeu junta possa encontrar as respostas certas. O esporte que todos amamos irá se beneficiar de um diálogo aberto e honesto, sem amarras, sobre um futuro melhor através de uma reforma séria”, disse ainda Reichard.
Curiosamente, foi tudo que a Superliga não fez quando foi anunciada oficialmente em abril de 2021. O anúncio em um domingo à noite pegou todo mundo de surpresa. Não houve uma discussão com ninguém: a iniciativa foi um movimento desesperado de presidente gananciosos que resolveram romper com a Uefa para criar um clube fechado, sem qualquer diálogo, e encherem os bolsos dos seus clubes, sem se preocuparem com o futebol europeu.
A organização contava com 12 clubes: Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid, Manchester United, Manchester City, Arsenal, Tottenham, Liverpool, Chelsea, Internazionale, Milan e Juventus. Chamou a atenção, inicialmente, que clubes como Bayern de Munique e Borussia Dortmund, assim como todos os clubes alemães, além do PSG, não estavam na lista.
A reação ao lançamento da iniciativa foi feroz e, em certo aspecto, inesperada até para os organizadores. As críticas da imprensa e especialmente de torcedores fez com que houvesse reações fortes e protestos contra a Superliga Europeia. Boris Johnson, então primeiro-ministro do Reino Unido, rapidamente se colocou contrário à iniciativa. Vieram os protestos de torcedores, jogadores e outros clubes. Foi em um dos protestos que surgiu o cartaz com dizeres “We want our cold nights in Stoke”, que se tornou camiseta (feminina também), caneca, agasalho e quadro na nossa loja em parceria com a Caphead.
Com a pressão sendo muito forte, especialmente na Inglaterra, a iniciativa começou a ruir. Não demoraria para tudo ruir. Em 48 horas, a Superliga saiu de um lançamento quase pirata ao colapso. Os ingleses foram os primeiros a sair, mas depois quase todo mundo saiu também. Só sobraram três clubes, que continuam defendendo a iniciativa até hoje: Real Madrid, Barcelona e Juventus.
Os três clubes seguem insistindo que a Superliga Europeia é necessária e vão além: estão em uma batalha judicial no Tribunal Europeu se a Uefa tem o monopólio em relação a competições internacionais. O julgamento é esperado para acontecer em 2023.