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Ninguém se deu melhor no último mercado do que Jorge Mendes

James Rodríguez, Di María, Mangala e Diego Costa. Quatro das sete contratações mais caras de um mercado que bateu recordes, ao movimentar € 1,6 bilhão nas últimas semanas. Junto, o quarteto custou € 270 milhões aos seus novos clubes. Todos os negócios conduzidos por um mesmo homem: Jorge Mendes, cujos agenciados geraram 20% do total de dinheiro que circulou nesta janela de transferências na Europa. Além das quatro vendas estratosféricas, o português também conduziu a principal novela do período, o empréstimo de Radamel Falcao García, ligado a diversos clubes até fechar com o Manchester United de última hora.

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O poder de Jorge Mendes é conhecido há pelo menos uma década. O empresário de 46 anos também tem em sua lista de clientes Cristiano Ronaldo, Thiago Silva e Pepe. Possui trânsito livre em clubes como o Real Madrid, o Manchester United, o Chelsea, o Paris Saint-Germain e o Monaco, além de ter ligações com as administrações de Benfica e Porto – não à toa, dois dos melhores negociadores do mercado de transferências. Recentemente, Florentino Pérez chegou a declarar que, “se tivesse levado Falcao ao Real Madrid, já poderia entregar o cargo de presidente a Mendes”.

Depois que convenceu Alex Ferguson a contratar por € 8,5 milhões Bebé, recém-chegado ao Vitória de Guimarães ao ser eleito o melhor jogador da Copa do Mundo dos moradores de rua, já não deveriam restar mais dúvidas sobre a capacidade de influência de Jorge Mendes. O português também possui laços fortes com José Mourinho, de quem é empresário. Não é por menos que uma legião de seus agenciados tenha passado pelos clubes treinados pelo compatriota, de Fábio Coentrão a Deco.

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A trajetória de Mendes no futebol começou como atleta semiprofissional, que logo pendurou as chuteiras ao não emplacar em diversos clubes. Depois, chegou a trabalhar em uma videolocadora, foi DJ e dono de boate em Portugal. Só a partir de 1996 é que começou a agenciar atletas. Seu primeiro cliente foi o goleiro Nuno Espírito Santo, transferido do Vitória de Guimarães ao Deportivo de La Coruña no ano seguinte. Presente nas categorias de base de clubes portugueses, começou a empresariar desde cedo promessas locais, como Cristiano Ronaldo, Nani e Quaresma. Já sua primeira grande negociação foi a venda de Hugo Viana ao Newcastle em 2002, por € 12 milhões. Desde então, a carreira e o poder do empresário progrediram bastante.

Obviamente, um personagem como Mendes não passa ileso a controvérsias. Em Portugal, ele é acusado por outros agentes de aliciar jogadores. Durante a passagem de Mourinho pelo Real Madrid, teve que vir a público para negar que estava espionando Pep Guardiola no Barcelona. Além disso, é próximo de Pini Zahavi, que chegou a ser investigado por corrupção em seus negócios, juntamente com Kia Joorabchian.

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Não são essas questões, porém, que barram Jorge Mendes no futebol. Quatro das dez transferências mais caras da história são de atletas do português. Somados, seus negócios no mercado de transferências ao longo de 17 anos já movimentaram cerca de € 1 bilhão. Um montante que só tende a aumentar, dada a força das relações do agente com clubes, dirigentes, técnicos e jogadores.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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