Europa

Leganés debocha da nova Superliga, apoiada por Real Madrid, e cria competição fictícia no Dia da Mentira

Clube da 2ª divisão espanhola tirou onda da Superliga nas redes sociais e ainda alfinetou o Real Madrid

Neste dia 28 de dezembro é comemorado o Día de los Santos Inocentes na Espanha e em outros países latinos como México e Chile, data muito similar ao Dia da Mentira no Brasil, pois é de costume que nesta data as pessoas “preguem peças” umas nas outras e até mesmo veículos de comunicação transmitam notícias falsas como verdadeiras. Dentro deste contexto, o simpático time do Leganés da La Liga 2 (2ª divisão espanhola) decidiu “aderir” a polêmica Superliga Europeia e fez uma publicação para lá de curiosa.

O documento, redigido como nota oficial, afirma que o Leganés se reuniu com as autoridades que compõe a Superliga e por isso decidiu aderir ao movimento, criando uma nova liga, a White&Blue Cup, que nada mais é do que uma bela sátira ao modelo sugerido e anunciado em 2021 pela A22 Sports Management. A publicação brinca dizendo que um dos critérios de classificação para a liga fictícia é a cor do uniforme, que deve ser branca e azul, as mesmas do Leganés, fazendo uma clara alusão a falta de critério adotado pela A22 na hora da definição dos times que jogariam a primeira edição da Superliga.

Confira o conteúdo da nota publicada pelo C.D Leganés na íntegra:

O CD Leganés, após reunião com as altas autoridades que compõem a Superliga, decidiu finalmente apoiar esta competição e vai disputar a White&Blue Cup juntamente com os campeões de inverno das restantes ligas europeias da Primeira e Segunda Divisões e algumas equipes azuis e brancas.

Desta forma, a entidade Pepinera enfrentará equipas como Bayer Leverkusen, Real Madrid, Inter ou PSG na próxima temporada em formato de eliminatória. Além disso, para completar a tabela, serão escolhidas aleatoriamente várias equipas azuis e brancas de várias ligas. Deportivo La Coruña, Recreativo Huelva e Talavera serão alguns deles. A White&Blue Cup será uma competição totalmente aberta e que respeitará os valores do esporte.

Com este acordo, a equipe Pepinera também terá mais recursos para explorar o mercado e já está em busca do contato de Haaland e Mbappe (se você está lendo e tem os telefones deles, mande-nos uma DM do Twitter)

As polêmicas em torno da Superliga

O projeto inicial da Superliga, anunciado em abril de 2021, tinha como base a presença de 12 clubes do mais alto escalão do futebol europeu e que poderia aderir mais três equipes ao seleto grupo dos “times fundadores” do torneio. Não existiria rebaixamento dentro da liga e a cada ano, cinco equipes diferentes poderiam adentrar à competição dependendo do seu desempenho nas ligas nacionais. Sendo assim, a primeira versão do torneio era elitista e totalmente restitiva, ignorando totalmente as prerrogativas da meritocracia no esporte.

Em menos de 48 horas depois do anúncio da nova competição, a primeira versão da Superliga veio abaixo por conta das inúmeras críticas que recebeu e da debandada em massa dos primeiros participantes selecionados. Dois anos depois, a A22 Sports Management apresentou mudanças no modelo da competição, com três divisões, com isso, abrindo o precedente de acesso e descenso. No primeiro ano, os times selecionados para participar do torneio seriam escolhidos com base em critérios de desempenho estabelecidos pela própria empresa organizadora.

O grande problema da Superliga é que a sua concepção é extremamente elitista e só faz sentido aos clubes super ricos, que querem ter espaço para lucrar ainda mais, em detrimento de um calendário cada vez menos competitivos para os times menores, já que estes lucros não seriam repassados as entidades reguladoras, dificultando ainda mais o processo de contratação dos demais clubes, abrindo cada vez mais o abismo técnico entre os times da elite e as demais equipes não só do cenário europeu, mas também internacional.

Para evitar este gap a Uefa criou o Fair Play Financeiro visando controlar melhor as finanças dos clubes e diminuir a distância entre os times da elite para os demais, equilibrando o cenário futebolístico do Velho Continente. Portanto, quem passou a gastar mais do que arrecadar passou a sofrer punições e multas, o que baniu o Manchester City nas temporadas 2020/21 e 2021/2022 e mais recentemente tirou dez pontos do Everton na Premier League.

Por isso, a criação da Superliga é um perigo para o equilíbrio financeiro dos times na Europa. Mais do que vencer títulos é necessário ter saúde financeira para manter a competitividade das ligas e assim manter o produto atraente aos torcedores e fãs do esporte bretão.

Foto de Lucas de Souza

Lucas de SouzaRedator

Lucas de Souza é jornalista formado pela Universidade São Judas em São Paulo. Possui especialização em Marketing Digital pela Digital House, e passagens pelos sites Futebol na Veia e Futebol Interior.
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