
A lista de feitos de Marek Hamsik é enorme. Jogador que mais vezes defendeu o Napoli e seu terceiro goleador. O maior representante da seleção eslovaca desde a dissolução da Tchecoslováquia, líder da sua única campanha na Copa do Mundo. Foi campeão turco com o Trabzonspor, finalmente conquistando uma liga nacional. Essa história chegará ao fim junto com a atual temporada, após o meia de 35 anos anunciar a sua aposentadoria nesta quinta-feira.
Hamsik saiu da base do Slovan Bratislava e, ainda adolescente, despontou em duas temporadas pelo Brescia na segunda divisão. Chegou ao Napoli em 2007, bem na hora em que o clube retornava à elite após a falência e seria uma das principais bandeiras dessa reconstrução. Em 11 temporadas e meia, não apenas participou como foi um dos líderes de todos os grandes times desse período, em que o Napoli se consolidou no primeiro patamar da Itália.
Ele era um dos três virtuosos, ao lado de Edinson Cavani e Ezequiel Lavezzi, que quebraram o jejum de títulos desde a era Maradona com a Copa da Itália de 2011/12. Depois, transacionou a uma parceria com Gonzalo Higuaín e Lorenzo Insigne que atingiu o ápice sob o comando de Maurizio Sarri. Sua última temporada completa foi a frustrante campanha de 91 pontos em 2017/18, ainda insuficiente para tirar o scudetto da Juventus. Em fevereiro de 2019, sairia para a China.
Com 520 partidas, Hamsik é o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Napoli. Foi o primeiro a superar Maradona como maior artilheiro do clube, embora agora esteja atrás dos seus contemporâneos Insigne e Dries Mertens. Com Hamsik, o Napoli conseguiu três vice-campeonatos italianos (participou de um quarto, com Carlo Ancelotti, antes de sair em fevereiro), com presença regular na Champions League e uma semifinal de Liga Europa em 2014/15. Conquistou duas vezes a Copa da Itália e uma Supercopa Italiana.
A segunda parte da carreira de Hamsik foi menos brilhante, mas ainda teve seus momentos. Ele passou dois anos no Dalian Yifang, da Superliga Chinesa, e como muitas aventuras no oriente, a sua terminou no meio da pandemia. Em março de 2021, assinou com o Göteborg, da Suécia, para se manter em forma antes da Eurocopa que seria disputada meses depois. Seu último clube foi o Trabzonspor, e deu tempo de escrever mais uma história legal: ajudou a encerrar um jejum de 38 anos sem títulos turcos, o seu primeiro e único título de uma liga nacional.
Hamsik foi um jogador importante daquela campanha, principalmente na arrancada inicial, embora tenha sofrido alguns problemas físicos na segunda metade. Ele deixará o futebol ainda em atividade. Fez 32 jogos nesta temporada, 22 pelo Campeonato Turco. Seus minutos em campo, porém, diminuíram, e ele não tem sido titular tantas vezes. Sua última partida em casa será neste sábado contra o Alanyaspor. Tem mais um compromisso, na terça-feira seguinte, contra o Basaksehir.
“Eu quero anunciar o fim da minha carreira ao final desta temporada. Não foi uma decisão fácil de tomar, mas, juntamente com a minha família, decidimos que o papai quer ir para casa. Tenho que respeitar essa vontade de todos. Foi uma jornada fantástica. Isso quer dizer que o Trabzonspor será o meu último clube e que no sábado farei o meu último jogo em casa, neste estádio e com esta camisa”, disse Hamsik, em uma entrevista coletiva.
Toda a importância de Hamsik por clubes talvez não se equipare ao que ele fez pela seleção. Desde a separação da Tchecoslováquia, é o principal representante da Eslováquia. Chegou ao time principal ainda quando estava no Brescia e contribuiu com a primeira, e ainda única, classificação do seu país à Copa do Mundo. Esteve em campo em todos os jogos da boa campanha na África do Sul, com direito a uma assistência na marcante vitória contra a Itália. A Eslováquia eliminou a tetracampeã do mundo e chegou às oitavas de final, nas quais parou na Holanda.
Dividindo protagonismo com nomes como Martin Skrtel, Robert Vittek, Milan Skriniar e Stanislav Lobotka em gerações diferentes, mas sempre como principal nome, Hamsik não conseguiu outra classificação ao Mundial, mas emplacou duas Eurocopa, em 2016 e 2021. Sua última campanha foi a tentativa sem sucesso de classificação ao Catar. Passou um ano afastado da seleção por problemas físicos antes de fazer a sua despedida, em amistoso contra o Chile, em novembro do ano passado. A última das suas 135 partidas pela Eslováquia. Recebeu todas as homenagens, com justiça.
? Grazie Marek, la tua classe rimarrà nella storia
? #Napul3 #ForzaNapoliSempre #TuttoPerLei pic.twitter.com/DFne0KbPaZ
— Official SSC Napoli (@sscnapoli) June 1, 2023