Eliminatórias da Eurocopa

Bobby Charlton merecia homenagem melhor que a chata vitória da Inglaterra sobre Malta

Digamos que a atuação da Inglaterra no primeiro jogo desde a morte de Bobby Charlton não o deixaria muito orgulhoso

Lá pelos 24 minutos do segundo tempo, um avião de papel foi lançado pelas arquibancadas e, aparentemente muito bem produzido, flutuou até o centro do gramado, finalmente dando à entediada torcida alguma coisa para comemorar. “Tem sido esse tipo de noite”, descreveu com precisão o ao vivo do Guardian. Porque, de resto, a vitória por 2 a 0 sobre Malta em Wembley foi absolutamente entediante.

O avião talvez tenha cutucado os ingleses a se mexer um pouquinho mais porque dois gols em sequência foram marcados logo depois do rasante, embora o segundo, o mais bonito, em uma batida de fora da área de Declan Rice, tenha sido anulado.

A Inglaterra levou mais de uma hora para acertar uma finalização contra Malta, após abrir o placar com um gol contra, basicamente porque não precisava. As últimas rodadas das eliminatórias às vezes são assim mesmo quando as seleções envolvidas não têm mais ambições. Malta está muito eliminada com oito derrotas em oito partidas, e a Inglaterra garantiu classificação à Eurocopa em outubro.

Talvez desse para esperar um pouco mais porque foi o primeiro jogo da Inglaterra desde a morte de Bobby Charlton, mas as homenagens se restringiram a gestos extra campo, como a capa do programa da partida, uma mensagem no telão antes do apito inicial e a braçadeira de luto no braço dos ingleses. Com bola rolando, não foi exatamente uma atuação que deixaria a lenda do título mundial de 1966 orgulhosa.

Inglaterra abre o placar com gol contra

Antecipando o nível de empenho e concentração que a Inglaterra teria, Conor Gallagher perdeu a bola na defesa logo no primeiro minuto e permitiu que Matthew Guillaumier acionasse Teddy Teuma. A batida passou perto da trave de Jordan Pickford e levou perigo. Gareth Soutghate mexeu um pouco na escalação titular, mas ainda escalou um time forte, com Trent Alexander-Arnold no meio ao lado de Jordan Henderson, e Harry Kane comandando o ataque com Phil Foden e Marcus Rashford.

Claro que, se apertasse, a Inglaterra poderia ter marcado mais vezes e isso ficou claro na facilidade que Foden teve para invadir a área pela direita antes de buscar o passe para trás. A bola pegou na canela de Pepe e enganou o goleiro Henry Bonello, que ainda tentou se recuperar, mas não fez a defesa. Harry Kane levou cartão amarelo por simulação em uma dívida com Bonello, e foi mais ou menos isso aí no primeiro tempo, com duas finalizações para os donos da casa e três para os visitantes, nenhuma no alvo.

O primeiro chute certo da Inglaterra saiu aos 19 minutos do segundo tempo, com Alexander-Arnold de média distância. Sem problemas para Bonello. As mudanças de Southgate no intervalo, Bukayo Saka e Kyle Walker nas vagas de Fikayo Tomori e Gallagher, não foram tão efetivas. Arnold também mandou uma cobrança de falta ensaiada para fora, antes do segundo gol, marcado em uma bonita troca de passes dentro da área. Saka deu o último para Kane completar.

O maior destaque da partida (tirando os aviõezinhos) seria o belo gol de Declan Rice, se ele tivesse sido validado. O volante do Arsenal carregou a bola pela meia esquerda e mandou um chute firme da entrada da área, sem chances para Bonello. Kane, porém, estava em posição de impedimento, e o árbitro interpretou que ele participou da jogada. Gol anulado.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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