CR7 e sua sede por recordes
Português deve se despedir da Euro acumulando marcas impressionantes em seis participações consecutivas num intervalo de 20 anos

Leio na Trivela que Cristiano Ronaldo segue enfileirando recordes em sua sexta participação seguida de Uefa Euro. São 26 jogos, 14 gols, 13 vitórias.
O Senhor Euro ainda pode alcançar novas marcas, como ser o único a fazer gols em seis edições diferentes (já marcou em cinco). Se isso acontecer, automaticamente, ele será o jogador mais velho a anotar em uma Euro, com 39 anos.
Há muita discussão sobre quem é o maior jogador europeu. Particularmente, considero o holandês Johann Cruyff o melhor.
Cruyff, para mim, só perde para Pelé e Maradona. Mas é uma opinião particular, de puro gosto pessoal de futebol e estilos. Há quem considere Zidane o maior da Europa, mas para os adeptos em Portugal não há dúvidas: CR7 é o Pelé da Europa.
Ser ou não ser o melhor, apesar da questão, não tira o brilho histórico de um dos maiores jogadores da história do futebol – aí, sim, sem objeções.
Cristiano Ronaldo é um atleta superlativo. Para quem entende que a análise de um profissional deva abranger os desempenhos técnico e atlético, o português da Ilha da Madeira só perde para Pelé. Para mim, o Rei foi o máximo da expressão do atleta completo em seu esporte.
Com 1,73m de altura, Pelé tinha uma impulsão fenomenal, dizem que mais de um metro (não há dados conclusivos), chegou a marcar 10s58 na corrida de cem metros, a saltar uma distância de 6m50, e a superar a barra de 1m80 do salto em altura.
Números superlativos para um jogador de futebol, cujo treinamento não é direcionado para movimentos de voleibol, basquete e atletismo.
O mais impressionante dos números de Pelé é que seu auge atlético ocorreu nos anos 1960, com treinamento sem auxílio tecnológico como hoje, e sem treinar muito, porque o Santos jogava tanto pelo mundo que quase não praticava.
Cristiano Ronaldo é um produto do que há de melhor na tecnologia esportiva de alto rendimento e, claro, de seu talento e de uma dedicação fora do comum. No excelente livro “CR7 – Os Segredos da Máquina”, de Luís Miguel Pereira, há um relato saboroso sobre a dedicação do atleta e sua personalidade.
Ainda no Manchester United, Cristiano sofria com o desempenho ruim e acreditava que, se treinasse cada vez mais, poderia se consolidar na equipe. O parâmetro era Wayne Rooney, estrela da equipe.
Ao ver Cristiano treinando desesperadamente, mas fazendo exercícios errados, um dos preparadores físicos do United se aproximou e disse algo nesse sentido: “Rooney é mais talentoso que você, mas também é mais acomodado. Você tem muita força de vontade. Está disposto a treinar muito, mas certo, para superá-lo?”.
O português botou na cabeça que deixaria Rooney para trás e conseguiu muito mais do que isso.
Quando analisamos em retrospectiva que Cristiano disputou a primeira Euro em 2004 e segue ativo 20 anos depois, em busca de recordes, essa força de vontade e dedicação ficam ainda mais evidentes.
Foi quase um “Show de Truman” futebolístico que acompanhamos. Ele tinha 17 anos quando balançou as redes europeias de seleções pela primeira vez. Quando balançar de novo (e quem duvida?), o terá feito com 39 anos!
Embora esteja disputando uma liga secundária, a Saudita, ele segue perseguindo marcas e chorando feito criança em algumas derrotas.
Em breve, Messi estará em campo para aquela que deve ser sua derradeira Copa América. Desde 2007 ele disputa a competição.
Nas próximas semanas, seremos testemunhas do início do fim de uma das eras mais empolgantes do futebol, capitaneada por dois dos maiores de todos os tempos.
O tempo passa, dizia o genial Fiori Gigliotti!