A imagem do dia na Euro: Deixaram chegar
Italianos viram que a fase de grupos não vale nada no mata-mata e, apesar do sofrimento, souberam superar

A Itália teve uma noite quase indigesta em Wembley, no seu primeiro jogo fora de casa pela Eurocopa. Em solo londrino, a equipe treinada por Roberto Mancini sofreu e precisou de 120 minutos para eliminar uma valente Áustria e seguir rumo ao sonho de seu segundo título na competição.
Apesar de ter merecido vencer, a superioridade técnica não foi vista nesta tarde, como esperado. Sufocada por um time austríaco concentrado e fechado, o grupo italiano desperdiçou boas chances de matar a questão nos 90 minutos. A tão temida prorrogação, no entanto, acabou evidenciando o domínio da Squadra Azzurra com a bola no pé.
Contrariando a regra de que prorrogações são dispensáveis e, via de regra, chatíssimas, Itália e Áustria se entregaram por 30 ótimos minutos de futebol, com diversas finalizações, momentos de tensão e o mais importante: gols.
Se os titulares de Mancini não resolveram, os reservas deram conta do recado. Após um belíssimo passe de Leonardo Spinazzola, o substituto Federico Chiesa matou no peito, tirou o marcador do lance tal qual Dennis Bergkamp e mandou uma pedrada no canto da meta austríaca. Muita visão de jogo e capacidade de improviso: para não perder a posse, Chiesa deu uma solada na bola antes de arrematar. Um gol memorável.
Depois foi a vez do igualmente surpreendente Matteo Pessina deixar sua marca. O meia emendou um chute cruzado para aumentar o placar e praticamente sacramentar a classificação. Quando já não havia pernas ou chance de reação, a Áustria meteu um andaime humano em campo, o gigante Sasa Kalajzdic, para tentar alguma vantagem pelo alto. A ironia é que o gol de honra foi quase uma cabeçada no chão por parte do atacante, vazando a Itália após mais de 1000 minutos sem Gianluigi Donnarumma buscar a bola nas redes.
A lição que se tira para a Itália é um exemplo clássico das grandes campanhas. A moleza nos jogos só vai até o fim dos grupos. O mata-mata é outra competição que nunca reserva a mesma facilidade para quem se propõe a vencê-lo. A Itália, assim como em 2006, soube sofrer. E tem muita bola para bater de frente com quem quer que venha pela frente. Foi o primeiro teste crucial para esta seleção, em um grande palco. Agora que deixaram chegar, ficamos curiosos para saber quão longe vai voar a máquina azulada de Mancini.