Em vez de fechar estádios, a Uefa pensa em deixar apenas mulheres e crianças entrarem
Imagens como as de ontem registradas no jogo entre CSKA Moscou e Manchester City podem estar com os dias contados na Champions League. Ainda cumprindo punição pelo episódio de racismo contra Yaya Touré em 2013, o clube russo recebeu seu segundo jogo de portas fechadas na competição, de uma série de três. Mas Michel Platini começou a considerar a ideia de repetir a Turquia e permitir que mulheres e crianças de até 12 anos entrem no estádio quando algum clube sofrer sanção parecida. Uma ideia ótima se aplicada da maneira certa.
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Assim como na primeira rodada, quando o CSKA recebeu o Bayern de Munique com portões fechados, a Arena Khimki teve a presença de alguns torcedores convidados por patrocinadores, o que desagradou o Manchester City. A Uefa descartou alguma punição ao time e justificou a presença daquelas poucas centenas de pessoas, mas colocou em pauta as arquibancadas vazias, com a possibilidade de se encontrar alternativas. “O presidente está sempre pensando em maneiras de melhorarmos nossa regras e regulamentos. Ontem mesmo discutimos a possibilidade de convidar mulheres e crianças de graça em vez de fechar o estádio completamente. Foi feito na Turquia há alguns anos e teve um efeito verdadeiramente positivo no futebol. É uma ideia para possíveis sanções, para evitar estádios vazios”, afirmou o chefe de imprensa da Uefa, Pedro Pinto, em declarações publicadas nesta quarta pelo Guardian.
A medida foi posta em prática na Turquia em 2011, quando a torcida do Fenerbahçe invadiu o gramado durante um amistoso e o time foi punido pela federação local. Em vez de ficar duas partidas com os portões fechados, o clube aceitou a ideia de alguém de dentro da entidade, que sugeriu que fosse permitida a entrada apenas de crianças e mulheres. O Fenerbahçe então distribuiu ingressos, e 41 mil mulheres e crianças de até 12 anos protagonizaram belas cenas de apoio à equipe na vitória sobre o Manisaspor.
Se os planos da Uefa de introduzir isso em competições continentais seguirem o exemplo desse caso do Fenerbahçe, a ideia é boa. Porque é estranho pensar nas imagens do vídeo acima como uma punição. No entanto, como a entrada foi franca, houve aí um prejuízo financeiro para o clube. Sem uma sanção colateral, a ideia não seria suficiente para desencorajar episódios de violência ou de discurso de ódio nas arquibancadas. O conceito é muito bom. Permite a entrada de pessoas culturalmente excluídas dos estádios e fomenta uma lenta, mas talvez efetiva, inserção desses grupos.
É só não ter a mesma petulância da Federação Italiana, que na temporada passada fez a mesma coisa com a Juventus, mas teve coragem de punir o clube porque a molecada estava xingando o goleiro da Udinese.