Europa

Como Chiesa, alvo do Liverpool, viu seu status na Juventus mudar de maneira brutal

Atacante italiano, que não faz parte dos planos de Thiago Motta, entrou na mira do Liverpool

Devagar no mercado de transferências, o Liverpool enfim parece perto de anunciar os primeiros reforços da era Arne Slot. Após fechar com o goleiro Giorgi Mamardashvili, do Valencia, os Reds tentam a contratação de Federico Chiesa, atacante da Juventus.

De acordo com Fabrizio Romano, jornalista especializado em transferências do futebol, o Liverpool fez uma primeira abordagem, com intuito de entender a situação de Chiesa nestes últimos dias de janela. O jogador italiano não faz parte dos planos do técnico Thiago Motta e está pronto para deixar o clube de Turim.

O interesse dos Reds agradou, já que o camisa 7 vê com bons olhos uma transferências para Premier League. As chances de acerto não parecem pequenas. A conferir o desenrolar das negociações. 

Mas afinal de contas, o que explica a postura de desdém da Juventus em relação a Chiesa? Além disso, caso a transferência realmente aconteça, como o atacante italiano poderia ajudar o Liverpool em campo?

Lesões atrapalharam, e Chiesa foi de jogador-chave a carta fora do baralho na Juventus

Revelado nas categorias de base da Fiorentina, Chiesa despontou como uma das grandes promessas do futebol italiano. O atacante tinha apenas 22 anos quando ajudou a Azzurra a vencer a Eurocopa 2020. E depois de brilhante temporada de estreia na Juventus, o céu parecia ser o limite para o jovem. Mas não foi isso que aconteceu.

Surpreendentemente, a carreira de Chiesa tomou um rumo oposto da expectativa criada em torno de seu notável talento. Aquele que era lapidado para ser o líder da era pós-Cristiano Ronaldo na Juventus, agora é carta fora do baralho de Thiago Motta, novo técnico da Velha Senhora.

— Nossa posição sobre Federico Chiesa não mudou. Ele não faz parte dos nossos planos. Nós conversamos. É uma demonstração do respeito que tenho por todos. Transparência, clareza, é assim que me comunico com meus jogadores — disse Thiago Motta em entrevista recente.

O 2020/2021 de Chiesa em Turim foi especial: 14 gols marcados, 10 assistências concedidas e jogador-chave no time comandado por Andrea Pirlo. Ainda que a Juventus não tenha feito boa temporada, o jovem atacante deu amostras suficientes de que era capaz de fazer a diferença em campo e liderar o projeto da Velha Senhora.

Veio 2021/2022, e o desenvolvimento do garoto prodígio foi cruelmente interrompido. O principal motivo?

Como se não bastasse o acúmulo de lesões — ficou afastado dos gramados em 17 ocasiões diferentes ao longo das últimas três temporadas — Chiesa acabou sendo vítima de um esquema de jogo que prejudicou seu rendimento.

Chiesa em ação pela Juventus
Chiesa em ação pela Juventus (Foto: IMAGO Images)

Massimiliano Allegri atrapalhou Chiesa

Chiesa marcou 14 gols em sua primeira temporada na Juventus. Mas desde então, somando 2021/2022, 2022/2023 e 2023/2024, conseguiu balançar as redes apenas 18 vezes.

A vertiginosa queda de produção pode ser atribuída a dois fatores: ruptura do ligamento cruzado, que sofreu em janeiro de 2022 e o afastou por 10 meses, e as trapalhadas de Massimiliano Allegri em sua segunda passagem como técnico da Juventus.

Em um trabalho para lá de questionável, o treinador de 57 anos transformou a Velha Senhora em uma equipe burocrática e chata de se assistir. Com a adoção de um esquema confuso e ineficiente, jogadores talentosos acabaram pagando o preço. Chiesa, por exemplo, talvez tenha sido a maior vítima disso.

Sim, um dos pontas mais promissores da Europa não pôde atuar na região que mais rende em campo. O camisa 7 foi repetidamente escalado fora de posição, como atacante central ou emparelhado ao lado de um centroavante.

Sempre que Chiesa se deslocava para as laterais durante os jogos, Allegri podia ser visto gritando na área técnica, exigindo que ele voltasse para o meio. Insatisfeito com a ‘desobediência tática' do atacante, o treinador não titubeava ao sacá-lo da equipe — geralmente por volta dos 15 minutos do 2º tempo.

Isso obviamente minou a trajetória do jogador na Juve. E nem mesmo a chegada de Thiago Motta conseguiu reverter tal quadro. Ainda que o ítalo-brasileiro pense futebol de maneira completamente diferente de seu antecessor e dependa do trabalho dos pontas em sua formação, Chiesa não se ajudou e acabou cavando sua própria cova.

De acordo com a imprensa italiana, a diretoria bianconeri estava interessada em estender o vínculo do atacante, porém, em termos praticamente iguais ao de seu contrato atual. O estafe do atleta teria solicitado um aumento nos vencimentos, e a partir daí as partes começaram a se desentender.

Chiesa sai de campo cabisbaixo ao ser substituído por Allegri
Chiesa sai de campo cabisbaixo ao ser substituído por Allegri (Foto: IMAGO Images)

Como Chiesa pode ajudar o Liverpool de Arne Slot?

Pelo valor pedido pela Juventus — 15 milhões de euros (R$ 92 milhões) — vale o investimento em Chiesa. É bem verdade que o atacante de 26 anos caiu de rendimento nas últimas temporadas, contudo, segue sendo uma interessante arma ofensiva.

No Liverpool de Arne Slot, o italiano teria a concorrência de Luis Díaz. Mas sem dúvidas, agregaria muito ao elenco. Rápido, habilidoso e inventivo, Chiesa é excelente no um contra um e costuma infernizar as defesas adversárias. Jogadores com essas características agradam o técnico holandês.

Driblador nato, o cria da Fiorentina tem como forte de seu jogo a transição ofensiva e os contra-ataques. Ele não se omite em campo e gosta de estar envolvido em todas as ações com bola. Em contrapartida, precisa melhorar nas tomadas de decisões.

É importante destacar que nos últimos quatro anos vestindo a camisa viola, Chiesa foi o líder em chutes, gols, assistências e dribles. No esquema de Slot, que gosta de pressão incessante no ataque e linhas altas, o italiano se encaixaria bem.

Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
Botão Voltar ao topo