Estados Unidos

Americano técnico do Canadá pede que Trump pare com ‘retórica ridícula’ sobre anexação

Presidente dos Estados Unidos sugeriu, em diferentes oportunidades, que poderia anexar o vizinho canadense

De volta ao posto de presidente dos Estados Unidos desde 20 de janeiro deste ano, Donald Trump tem, como de praxe, gerado polêmicas com suas falas. Em uma das mais problemáticas, o mandatário da nação norte-americana expressou a vontade de tornar o Canadá, um país independente, o 51º estado estadunidense.

A fala, repetida em entrevistas coletivas e nas redes sociais, caiu muito mal nos vizinhos dos EUA e agora até envolveu uma figura importante do futebol canadense. Jesse Marsch, que é americano e treina a seleção do Canadá, rebateu o chefe da Casa Branca de forma ríspida nesta quarta-feira (26).

— Se eu tenho uma mensagem para o nosso presidente, é para parar com a retórica ridícula sobre o Canadá ser o 51º estado. Como americano, tenho vergonha da arrogância e do desrespeito que mostramos a um dos nossos aliados historicamente mais antigos, fortes e leais.

Marsch, conhecido pelas passagens por Leeds United e RB Leipzig, definiu o discurso de Trump como “perturbador e francamente insultuoso” e elogiou como Canadá é exatamente tudo o que os Estados Unidos, “polarizado, desrespeitoso e alimentado pelo ódio”, não é.

O Canadá é uma nação forte e independente, profundamente enraizada na decência, e é um lugar que valoriza a alta ética e o respeito, diferente do clima polarizado, desrespeitoso e muitas vezes alimentado pelo ódio que existe nos EUA — atacou.

— Uma das coisas que mais gostei em nosso time é que eles exemplificam isso como seres humanos e como um time… Então, para mim, agora, não poderia estar mais orgulhoso de ser o técnico da seleção canadense. Encontrei um lugar que incorpora, para mim, os ideais e a moral do que não é apenas o futebol e um time, mas o que é a vida, e isso é integridade, respeito e a crença de que pessoas boas podem fazer grandes coisas juntas — completou.

Jesse Marsch durante partida da seleção canadense
Jesse Marsch durante partida da seleção canadense (Foto: Imago)

Não é só Marsch: outros esportes do Canadá também reagiram à fala de Trump

A manifestação de Jesse Marsch foi apenas a mais recente no mundo dos esportes. Nos dias seguintes ao plano imperialista de Trump, o hino dos Estados Unidos foi vaiado em diferentes jogos da NHL e da NBA.

O caso ganhou ainda mais proporção em um torneio de hóquei organizado pela NHL, o Four Nations Faceoff — um quadrangular entre seleções de EUA, Canadá, Finlândia e Suécia, que reuniu os melhores jogadores do esporte pela primeira vez desde 2014.

No confronto entre EUA e Canadá na fase de grupos, em Montréal (Canadá), os ânimos se acirraram e três brigas aconteceram nos primeiros nove segundos de jogo. Os americanos levaram a melhor, por 3 a 1, sendo reconhecidos por Trump e outras pessoas do governo.

EUA e Canadá se reencontraram na final, desta vez em Boston. Antes do jogo, Trump fez uma chamada de vídeo com o elenco americano, tentando dar forças.

Logo antes da partida, a cantora canadense Chantal Kreviazuk mudou um trecho do hino de seu país. Ao invés de cantar um trecho que diz que é uma nação “em que todos nós comandamos”, afirmou “que só nós comandamos”.

— [Fiz isso] porque acredito na democracia, e uma nação soberana não deveria ter que se defender contra a tirania e o fascismo — disse Kreviazuk à agência “AP”.

Os canadenses levaram a melhor no jogo decisivo, por 3 a 2, com gol de Connor McDavid — o melhor jogador do esporte — na prorrogação.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
Botão Voltar ao topo