Espanha

Mbappé, com opinião rara no futebol, critica machismo e se opõe à extrema-direita

Em entrevista ao programa 'El Objetivo', craque francês mostra que é mais do que apenas um jogador

Kylian Mbappé não é um jogador “normal”. O esteriótipo do atleta de futebol é do tipo que não se posiciona por medo de repercussão negativa. Criado em um modesto bairro de Paris, o francês nunca negou suas origens e quis reforçar, como filho de imigrantes de Camarões, a defesa de pessoas que saíssem de lugares como ele.

No ano passado, o atacante foi uma das vozes da seleção francesa que se opuseram ao avanço da extrema-direita nas eleições legislativas, pois os extremistas defendiam ideias contra imigrantes. Agora, o craque do Real Madrid voltou a abordar o assunto e reforçou sua posição em entrevista ao programa “El Objetivo”.

— Às vezes, no meu país, sou criticado por falar abertamente, mas antes de ser um jogador de futebol, sou uma pessoa normal que fica feliz, triste, bravo e, no final, dou minha opinião com base nos meus valores, porque acredito que é bom. Não tenho medo de dar minha opinião, mas entendo que há jogadores de futebol que não querem fazê-lo. Não tenho problema em falar com as pessoas se elas acham que estou errado, isso acontece na vida — disse Mbappé ao ser questionado sobre a oposição a Marine Le Pen, líder da extrema-direita francesa.

‘Não querem ver mulheres': Mbappé passa recado ao machismo no futebol

Outro posicionamento de Mbappé, também raro no futebol, foi assinalar o machismo que rodeia o esporte ao abordar a figura da mãe, Fayza Lamari. Ela já o defendeu várias vezes publicamente e aparece como uma importante pessoa na gestão da carreira do filho. O francês afirmou que muita gente não gostar de ver mulheres exercendo funções importantes no futebol.

— As pessoas tinham uma imagem muito dura da minha mãe, mas isso é futebol, e as pessoas não querem muitas mulheres fazendo uma das coisas mais importantes do futebol. Ela não é minha agente, ela só quer o melhor para o filho, assim como quer para o meu irmão [Ethan Mbappé, do Lille]. Ela nunca faz nada que eu não queira. Ela faz muito por mim, como meu pai, mesmo que as pessoas às vezes falem mal dela — disse.

Fayza Lamari e seu filho Kylian Mbappé
Fayza Lamari e seu filho Kylian Mbappé (Foto: Reprodução/Redes sociais)

O jogador ainda não mostrou medo de demonstrar seus sentimentos ao abordar a má fase que teve no Real Madrid, especialmente entre novembro e dezembro do ano passado, quando perdeu dois pênaltis decisivos e chegou a afirmar que estava no “fundo do poço“.

Agora, Kylian afastou os rumores de que estivesse com algum problema de saúde mental, mas destacou o quanto o assunto é importante e que jogadores não estão imunes a isso.

— Conheço pessoas com depressão, companheiros de equipe, e não queria dizer isso. Eu não estava jogando bem, sou o primeiro a saber, mas é um problema sério. Há pessoas que sofrem, mesmo no futebol, que não falam sobre isso. Não somos super-heróis, somos humanos, e há pessoas que têm dificuldade em lidar com isso. Somos humanos, temos nossas tristezas e nossas alegrias, e agora as pessoas não têm medo de falar sobre isso. Em Bilbao [quando perdeu um dos pênaltis contra o Athletic], cheguei ao fundo do poço em um nível esportivo, não mental. Queria deixar isso claro porque não queria jogar com esse tipo de coisa — afirmou.

Após uma dura derrota para o Valencia em LaLiga, Mbappé e Real Madrid voltam suas atenções para Champions League. Nesta terça-feira (8), eles enfrentam o Arsenal pela ida das quartas de final.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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