Ancelotti tem um longo caminho para fazer a Seleção brilhar (e ele sabe disso)
Longe de fazer "milagre", treinador mostra ter ciência do que deu certo e do que precisa melhorar após empate em 0 a 0 com o Equador

Do Oiapoque ao Chuí e até ao outro lado do oceano Atlântico, um consenso sobre a estreia de Ancelotti pela seleção brasileira surgiu para desafiar a velha máxima de Nelson Rodrigues de que “toda a unanimidade é burra”.
No primeiro ato com o treinador à beira do campo, o Brasil empatou por 0 a 0 com o Equador, na última quinta-feira (5), em Guayaquil, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
Ficou claro a todos que assistiram atentamente à partida que Carlo Ancelotti terá muito trabalho pela frente para fazer a Seleção jogar bem.
A boa notícia é que o treinador mostrou que sabe o tamanho da tarefa que o aguarda já a partir desta sexta-feira (6), quando inicia a preparação para o jogo contra o Paraguai, na terça-feira (10), na Neo Química Arena.
Ancelotti tem longo caminho pela frente (e sabe disso)
Logo na primeira resposta de sua entrevista coletiva após a partida, Carlo Ancelotti fez uma análise precisa do que funcionou e do que não deu certo em sua equipe.
Talvez por ainda precisar se expressar em espanhol, o treinador foi direto ao ponto e usou poucas palavras e frases curtas para resumir os seus primeiros 90 minutos pela Seleção.
— A nível defensivo, uma boa partida. Teve uma boa atitude, ordem. Às vezes, boa pressão ofensiva. Atrás, fizemos muito bem. Não cedemos oportunidade. Isso é o bom que fizemos. Depois, a outra parte, se podia fazer melhor com a bola, um jogo um poco mais fluído. Um empate bom, com uma boa partida. Saímos satisfeitos e com confiança para o próximo — afirmou Ancelotti.
Os números do jogo referendam a análise do treinador. O Brasil teve menos posse de bola que o Equador e finalizou apenas três vezes ao gol — contra sete (mais que o dobro) do Equador.
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Ancelotti priorizou problema urgente para estreia
E por mais incrível que possa soar, a atuação inofensiva e sem brilho da seleção brasileira faz sentido. E é totalmente justificável.
Ancelotti teve apenas três dias de trabalho antes de sua estreia. Foram duas atividades com o grupo completo. E em tão pouco tempo, o treinador fez o correto: priorizou aquele que era o problema mais urgente da Seleção.
O objetivo para a estreia era fazer uma atuação sólida. Se houvesse criatividade, melhor. Mas o principal era sustentar a organização defensiva pelos 90 minutos. E funcionou.
A equipe que levou 17 gols em 16 jogos com Dorival Júnior e havia sido vazada nas quatro últimas partidas parecia bem mais segura em campo. E enfim saiu de campo sem sofrer gols.
A mudança tática foi tão óbvia quanto necessária. Depois da escalação com quatro atacantes que resultou no trauma da goleada por 4 a 1 sofrida para a Argentina, Ancelotti armou uma equipe bem mais protegida, com Casemiro de volta na dupla de volantes com Bruno Guimarães.

Ancelotti tem antídoto para problemas ofensivos
Com a defesa estabilizada, o treinador terá quatro sessões de treinamentos para ajustar a mecânica ofensiva. Mas a principal solução do treinador para fazer o Brasil jogar melhor atende pelo nome de Raphinha, suspenso contra o Equador.
— Temos a qualidade dos jogadores que é muito boa. Não tem muito tempo para trabalhar, mas há a possibilidade de melhorar. Porque a qualidade é muito alta. Tenho certeza que vamos melhorar, também porque hoje faltava um jogador importante, que é Raphinha — analisou Ancelotti.
Situação na tabela
O Brasil não perde posições com o empate em Guayaquil. A Seleção ocupa a quarta colocação, com 22 pontos e ainda pode garantir a vaga na Copa do Mundo na próxima fase.
O que muda é o rival que esta a sua frente. O Paraguai venceu o Uruguai e trocou de posição com a Celeste: agora, é terceiro colocado com 24 pontos, contra 21 dos uruguaios, que aparecem em quinto.
O próximo jogo da seleção brasileira
- Brasil x Paraguai — Eliminatórias — terça-feira, 10 de junho, às 21h45 (horário de Brasília) — Neo Química Arena