Torcida do Flamengo precisa se acostumar com obsessão de Tite pelo ‘equilíbrio’
Tite quer um Flamengo equilibrado em todos os setores, bem diferente do DNA extremamente ofensivo cultivado pelo clube ao longo dos anos

O DNA ofensivo do Flamengo é algo que está no clubes há muitos anos. Ao lado do Santos, o clube da Gávea jamais abandonou o ataque como principal maneira de conseguir vitórias e, como consequência, encantar o seu torcedor. O estilo de Tite, no entanto, é um pouco diferente, e a torcida rubro-negra precisa se acostumar mais com as ideias do treinador.
Não é como se Tite fosse um comandante defensivo, pelo contrário, valoriza a posse de bola e sabe montar ataques de grande poderio, como no Corinthians, em 2015, e na Seleção Brasileira. Apesar disso, Adenor Leonardo Bachi tem uma obsessão: o equilíbrio. É justamente essa maneira que a torcida do Flamengo precisará entender mais.
Uma coisa não anula a outra
Quando chegou ao Flamengo, Tite agiu rapidamente nos bastidores para tentar estancar a sangria de alguns setores do clube. Em conjunto com o departamento de futebol, o treinador identificou algumas carências no elenco, especialmente do meio para trás. Braz, Spindel e companhia agiram e, até o momento, todas as contratações visaram defesa e meio de campo.

Não é como se o ataque estivesse pouco valorizado, muito pelo contrário. Tite entende que o Flamengo tem peças suficientes, com exceção da ponta direita, que conta apenas com Luiz Araújo como jogador de origem. De La Cruz até pode fazer a função, mas, por enquanto, não conseguiu se firmar. O departamento de futebol até tentou Luiz Henrique e Evander, sem sucesso.
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Defesa cada vez mais sólida
Principal problema do Flamengo em 2023, a defesa do Flamengo está cada vez mais segura. Por mais que Varela e Wesley ainda não tenham conseguido se firmar na lateral-direita, o restante do setor compensa. Fabrício Bruno e Léo Pereira vivem grande momento, e o clube conta com David Luiz e, possivelmente, Léo Ortiz como opções. Na esquerda, Ayrton Lucas e Viña passam muita segurança a Tite.
A melhora já era vista no ano passado, mas a virada do calendário trouxe um sistema defensivo ainda mais confiável. Dos seis jogos que disputou com a equipe titular, o Flamengo sofreu gol em apenas um, diante do Orlando City, na Flórida. Nem mesmo os arquirrivais Vasco e Botafogo, primeiros grandes testes de 2024, puderam vazar a meta defendida por Rossi.
Meio-campo crucial para o ataque
Com uma defesa confiável, o meio-campo do Flamengo tem mais tranquilidade para armar as jogadas de ataque, mas isso não significa que ele esteja 100% aceitável. Nesse momento, o setor é o que mais precisa de retoques da comissão técnica, já que o esquema com quatro atletas, Pulgar, Gerson, De La Cruz e Arrascaeta, ainda não rendeu frutos.

Como os meias não conseguiram ditar o ritmo, o ataque teve rendimento abaixo nos clássicos. Ao contrário do que se viu em outras épocas, o Flamengo passou por Vasco e Botafogo com apenas um gol marcado, e Gabigol tendo desperdiçado uma penalidade máxima. Os números, e a falha de Gabigol, são totalmente fora de contexto para o Rubro-Negro desde 2019.
É justamente esse equilíbrio que Tite busca. Mesmo que o ataque não seja avassalador, é importante que os três setores estejam integrados de maneira coesa. Os resultados não vão ser tão elásticos, mas, se as vitórias caírem na conta, ninguém irá reclamar.
Paciência da torcida
A torcida do Flamengo é das mais exigentes do futebol brasileiro e, mesmo com a vitória sobre o Botafogo, já reclamou bastante do desempenho da equipe. A performance realmente não foi boa, mas é preciso ressaltar que o time ainda vive processo de construção antes das principais competições da temporada, como Libertadores e Brasileirão, começarem.
Por isso, o pedido de Tite e de outros jogadores, como Gerson, capitão do time, é totalmente válido. A paciência será a virtude para que o Flamengo consiga alçar voos altos em 2024, para esquecer de um 2023 repleto de fracassos, dentro e fora de campo. Resta saber se a torcida irá embarcar, ou não, nesse caminhada árdua junto com a equipe.