Defesa do Flamengo melhorou com Tite, mas teve grande parcela de culpa em ano ruim
O Flamengo teve muita dificuldade com seus goleiros e laterais direito, com Tite tendo um longo caminho a percorrer em 2024
O Flamengo teve um ano muito ruim dentro das quatro linhas, com vices e eliminações traumáticas, e a espiral negativa passa muito pelo desempenho da defesa. Vítor Pereira e Sampaoli deixaram o Rubro-Negro extremamente exposto e terminaram com média de gols sofridos superior a um por partida. A chegada de Tite fez com que o time ficasse mais sólido, mas ainda há um longo caminho a percorrer, pensando em 2024.
Como foram os goleiros do Flamengo em 2023?
Toda boa defesa passa por um grande goleiro. Desde 2019, o Flamengo teve Diego Alves como protagonista e titular absoluto, embora, no ano passado, o bastão tenha sido passado para Santos, que deu conta do recado e obteve muito sucesso. Nesta temporada, no entanto, os arqueiros foram uma grande sina da equipe e prejudicaram diversas campanhas.
Santos até começou o ano como titular, com Vítor Pereira, mas a saída do português colocou a prova sua maior dificuldade. Sampaoli gosta de goleiros que joguem com os pés e, por mais que tenha tentado, o ex-Athletico não conseguiu dar conta do recado no quesito. Ao todo, o arqueiro participou de 24 jogos, sendo 15 com o primeiro comandante e nove sob a batuta do segundo.
Chegou a hora de falarmos da “Era Matheus Cunha”. O jogador já havia sido titular com Vítor Pereira em seis partidas, mas foi com Jorge Sampaoli que ele realmente recebeu uma boa sequência. Desde que entrou por quatro minutos na quarta rodada do Brasileirão, diante do Athletico Paranaense, o jovem goleiro apareceu em praticamente todos os compromissos do Flamengo.
A precisão no passe agradava Sampaoli, que o manteve na equipe titular em 29 partidas. Cunha também defendia bem, salvava o Flamengo por momentos, mas a partir da eliminação para o Olimpia, na Libertadores, a confiança abaixou bastante. O ponto final da passagem como defensor do arco do Flamengo terminou durante as finais da Copa do Brasil, em que ele falhou no gol de Calleri, e o título acabou ficando com o São Paulo.
O momento em que estamos é todo de Rossi. Desde a falha de Cunha na Copa do Brasil, o argentino assumiu o gol do Flamengo e, por enquanto, não tem se destacado tanto. Ele também foi um destaque negativo de um jogo da decisão do mata-mata nacional, sendo criticado pela saída estranha no gol de Rodrigo Nestor, que deu o título ao São Paulo. O pós, no entanto, foi de melhora.
Rossi foi titular em todos os jogos com Tite, salvando o Flamengo em diversos, como contra Cruzeiro e Vasco. O sentimento, contudo, é de que ele ainda tem margem para melhorar e ser aquele goleiro que se viu no Boca Juniors. Ao todo, o argentino disputou 16 jogos pelo Rubro-Negro, todos iniciando, e sofreu 13 gols.
Como foram os laterais direitos do Flamengo em 2023?
A lateral direita foi o outro ponto de desequilíbrio da defesa do Flamengo em 2023. Rodinei tinha dominado a posição no ano passado e, por isso, aceitou proposta para jogar o futebol grego. O alerta era de que faltavam opções para o setor, mas o departamento de futebol confiou que Matheuzinho e Varela pudessem dar conta do recado. Eles não poderiam estar mais errados.
O uruguaio nunca se firmou, enquanto o brasileiro até teve sequência como titular, mas teve uma fratura na tíbia em março. Foi daí que surgiu o grande protagonista da posição em 2023: o jovem Wesley, de apenas 19 anos. Xodó de Sampaoli, o Garoto do Ninho dominou a posição e atingiu bons níveis, mas a pouca idade, que impressiona, também é motivo de oscilação.
Faltou casca para Wesley realmente se firmar, algo que deve ser corrigido nas próximas temporadas, negociado ao futebol europeu ou não. Varela e Matheuzinho, esquecidos por Sampaoli, voltariam a receber oportunidades com a chegada de Tite. O brasileiro foi quem mais entrou em campo sob a batuta do treinador, enquanto o uruguaio terminou o ano como titular.
Como foram os zagueiros do Flamengo em 2023?
A zaga teve um bom ano, mas ela também tinha um claro problema. Por mais que a dupla Fabrício Bruno e Léo Pereira seja muito boa, uma das melhores do Brasil, o banco de reservas sentiu falta de uma opção confiável em 2023. David Luiz não conseguiu ter sequência por lesões e más atuações, Pablo teve um dos piores anos da carreira e Rodrigo Caio, mesmo voltando de lesão, ficou totalmente para escanteio com Sampaoli.
O destaque positivo foi Fabrício Bruno, sem dúvida a grande temporada da carreira até aqui, que pode o colocar no futebol europeu. Léo Pereira é outro que pode sair, especialmente com o interesse do mundo árabe. David Luiz foi o terceiro que mais atuou no setor, sendo titular com Vítor Pereira, e com menos campo de jogo com Tite. Pode até ficar, mas vai precisar dar a volta por cima em 2024.
A tristeza ficou por conta de Pablo e Rodrigo Caio. Contratado por R$ 14 milhões, o ex-Lokomotiv de Moscou não é nada parecido com aquele que foi muito bem no Corinthians. Nem mesmo a força e as bolas aéreas, ponto forte do seu jogo, puderam salvá-lo. Se ficar, precisa mostrar mais. O Xerife, por sua vez, caiu no estereótipo das lesões e não conseguiu ter sequência mais uma vez, algo que o Flamengo não quer e, por isso, não renovou.
Como foram os laterais esquerdos do Flamengo em 2023?
Um bom fim de ano em 2022 fez com que Ayrton Lucas se tornasse o titular do Flamengo na chegada de Vítor Pereira. Nem o mais otimista dos torcedores imaginaria o nível que o lateral atingiria, pelo menos no primeiro semestre. O esquema do português potencializou o forte jogo ofensivo, e fez com que Beijinho — como é carinhosamente chamado — chegasse a ser convocado pela Seleção Brasileira.
Da mesma forma que a chegada do português fez com que Ayrton voasse, a saída dele fez com que ele caísse. Sampaoli mudou o esquema do Flamengo e deixou o corredor congestionado, fazendo com que o lateral esquerdo precisasse marcar mais do que atacar. Problema para o titular, que tem muito mais característica ofensivas do que defensivas. Foi a partir daí que o Beijinho, sem confiança, perdeu o alto nível e acabou se tornando um dos vilões de compromissos importantes, como a final da Copa do Brasil.
A solução seria Filipe Luís que, quando entrou, esteve em bom nível, mas o corpo do lateral de 38 anos já não aguentava tanto assim. Por mais que sobre técnica, refinamento e inteligência, faltava fôlego e, com isso, vieram as lesões. Tanto que o camisa 16 só participou de 20 partidas. O ano terminou com Ayrton Lucas como claro sucessor para a posição, que ainda pende de um reserva que, pelo menos, brigue pela posição para 2024.