E a base? Garotos de Cotia somem no São Paulo de Carpini durante o Campeonato Paulista
Carpini roda bastante o elenco e utiliza 27 jogadores, mas praticamente 'esquece' de dar chances a promessas do São Paulo
Reza a lenda no futebol brasileiro que os campeonatos estaduais servem para os grandes clubes lançarem garotos e testar caras novas de olho nas principais competições da temporada. É quase uma “regra” velada a cada início de ano. Mas no caso do São Paulo de Thiago Carpini não passa de uma lenda, ou de um conto fantasioso, muito distante da realidade.
Encerrada a primeira fase do Campeonato Paulista com uma sofrida vaga garantida nas quartas de final, o Tricolor praticamente ignorou os garotos formados em suas categorias de base. Os Made in Cotia desapareceram nos 12 jogos classificatórios pelo Grupo D, como mostra um levantamento feito pela Trivela. Isso, que Carpini chegou com o discurso de que já tinha mapeado até mesmo os jovens das equipes de baixo.
– Eu sei todo o elenco, da base, os que jogaram, os que não jogaram. A planta do elenco me foi passada. É um elenco muito bom – disse Carpini, em sua entrevista coletiva de apresentação.
Encerrada a fase de grupos, o treinador usou apenas um garoto que disputou a Copinha em 2024. Lançado ainda em 2023 por Dorival Júnior, William Gomes entrou em campo uma vez e atuou por míseros quatro minutos na vitória por 3 a 0 sobre o Água Santa, com time reserva. Foi o único. O atacante iniciou o ano integrado ao elenco principal, desceu para jogar a Copa São Paulo de Futebol Júnior e foi reintegrado após a eliminação na competição.
> São Paulo usou pouco os garotos em 2024
- Moreira – 5 jogos – 278 minutos
- Patryck – 2 jogos – 75 minutos
- William Gomes – 1 jogo – 4 minutos
- Igor Felisberto, Belém, Negrucci, Iba Ly e Rodriguinho – não entraram em campo
O mesmo vale para Negrucci, que já fazia parte do grupo e até estreou no ano passado, mas ainda não entrou em campo em 2024. Nesta temporada, Carpini promoveu o volante Iba Ly e o lateral-direito Igor Felisberto – ambos ainda não estrearam como profissionais. Há ainda o caso de Rodriguinho, meia que perdeu espaço em 2023 e basicamente sumiu neste ano.
Patryck, por sua vez, até atuou em duas partidas, mas soma apenas 75 minutos em campo. Ele é pouco utilizado, mesmo que o titular da posição, Welington, seja o jogador mais desgastado da temporada. O lateral esteve em todos 13 jogos do ano e é quem mais soma minutos em 2023.
Dos garotos, o único que teve mais espaço foi Moreira. O lateral-direito assumiu a posição após as lesões de Rafinha e Igor Vinícius. Mas ele próprio sofreu um problema médico que o tirou de combate. E vale dizer que dois jovens são titulares absolutos de Thiago Carpini. Welington, de 23 anos, e Pablo Maia, de 22, estão entre os atletas com mais tempo em campo na temporada.
🆕 O Tricolor concluiu na última semana a renovação de contrato do meio-campista Iba Ly, que assinou um vínculo em definitivo até 31 de dezembro de 2027.
🇸🇳 O senegalês estava emprestado ao São Paulo pelo Jamono Fatick, de Senegal.
✍️ O zagueiro Matheus Belem é outro… pic.twitter.com/YesT1jHk36
— São Paulo FC (@SaoPauloFC) March 12, 2024
Carpini mal olhou para a base, mas fez muitos testes no São Paulo
Carpini pode não ter olhado muito para os garotos, mas a verdade é que o treinador mexeu bastante na equipe ao longo das 12 rodadas do Paulistão e da disputa da Supercopa do Brasil. Prova disso é que ele usou 13 escalações diferentes em 13 jogos e mandou a campo um total de 27 jogadores.
O técnico, de fato, usou o estadual para fazer testes e buscar encaixes e variações para a equipe de olho nas principais disputas da temporada — a Libertadores, o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. Mesmo que ele prefira repetir mais vezes uma escalação considerada ideal, o técnico rodou o elenco muito porque foi forçado pelas muitas lesões. Mas também para conseguir fazer observações neste início de trabalho com apenas dois meses de clube.
> Os jogadores mais utilizados por Carpini:
- Welington – 13 jogos – 1075 minutos
- Luciano – 13 jogos – 766 minutos
- Ferreira – 13 jogos – 605 minutos
- Alisson – 12 jogos – 879 minutos
- Rafael – 11 jogos – 990 minutos
- Calleri – 11 jogos – 930 minutos
- Pablo Maia – 11 jogos – 908 minutos
- Diego Costa – 10 jogos – 733 minutos
- Arboleda – 9 jogos – 795 minutos
- Wellington Rato – 8 jogos – 437 minutos
A mudança de comando também atenua a pouca utilização da base. Como Carpini acaba de chegar ao São Paulo, ele precisou dar mais minutos em campo aos seus principais jogadores para tentar fazer a equipe evoluir dentro de seus conceitos e sua ideia de jogo. O Tricolor oscilou (e ainda oscila) bastante. Mas os resultados até agora são expressivos.
— A terceira melhor campanha, a quebra do tabu, título, classificação à próxima fase, eu vejo um saldo muito positivo. É tudo que queríamos para o São Paulo, de maneira nenhuma. Estamos no caminho. É um processo de construção para uma temporada, não para uma competição. E uma competição em que nos permitimos ajustar, ver o que temos de melhor, testar, tem que ser no estadual. Não na Libertadores — afirma o treinador.
> Os 27 jogadores utilizados por Carpini:
- Goleiros: Rafael e Jandrei
- Laterais-direitos: Igor Vinicius, Moreira e Rafinha
- Zagueiros: Alan Franco, Arboleda, Diego Costa e Ferraresi
- Laterais-esquerdos: Patryck e Welington
- Volantes: Alisson, Bobadilla, Luiz Gustavo e Pablo Maia
- Meias: Galoppo, James Rodríguez, Michel Araújo, Nikão e Wellington Rato
- Atacantes: Calleri, Erick, Ferreira, Juan, Lucas Moura, Luciano e William Gomes