Rogério Ceni vai na contramão de outros técnicos ao avaliar arbitragem brasileira
Técnico do Bahia levantou debate sobre atuação dos árbitros no futebol brasileiro em meio às críticas

O futebol brasileiro tem sido pautado por polêmicas de arbitragem e a primeira rodada do Brasileirão não foi diferente. Na noite de domingo (30), na Arena Fonte Nova, muitos jogadores do Bahia reclamaram da expulsão de Everton Ribeiro, que prejudicou os donos da casa no empate por 1 a 1 contra o Corinthians.
Após o jogo, quando se esperava uma atitude parecida do treinador, Rogério Ceni, ele surpreendeu. O ex-goleiro optou por fazer um “mea culpa” e trouxe uma importante reflexão sobre a pauta.
O técnico do Bahia debateu sobre quem são os culpados pelo nível da arbitragem atual. Na opinião de Ceni, clubes e atletas são igualmente responsáveis por tudo o que acontece com a arbitragem, já que o comportamento influencia o trabalho dos árbitros.
Em coletiva após o empate do Esquadrão por 1 a 1 com o Corinthians no último domingo (30), na Arena Fonte Nova, pela 1ª rodada do Campeonato Brasileiro, o treinador tricolor saiu em defesa dos profissionais do apito, exigindo mais investimentos para a classe:
— O futebol tem cada vez mais investimento, e sem dúvida o árbitro também merece atenção e um trabalho fixo naquilo. E também os atletas, nós todos, precisamos melhorar o comportamento dentro de campo.
Treinadores detonam árbitros com frequência

Enquanto Rogério Ceni fez mea-culpa pela situação da arbitragem no Brasil, a maioria dos treinadores costuma criticar os árbitros. Nos últimos dias, as polêmicas decisões e erros de marcação tiraram os comandantes do sério.
Na final do Campeonato Paulista, por exemplo, Abel Ferreira foi expulso após o Palmeiras ganhar um pênalti contra o Corinthians. O técnico português reclamou de forma acintosa contra o árbitro Matheus Candançan por não expulsar Félix Torres — que recebeu o vermelho minutos depois graças à nova falta.
Já na semifinal do Paulista, Luis Zubeldía classificou a arbitragem da partida contra o Verdão como “uma vergonha”. O treinador argentino detonou o sumiço do VAR no polêmico pênalti em cima de Vitor Roque, que resultou na eliminação do São Paulo.
Já na primeira fase do Gauchão, Roger Machado reclamou da falta de critério da arbitragem do estadual, chegando a dizer que se sente “desrespeitado” pela incoerência dos donos do apito.
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A busca pela profissionalização da arbitragem no Brasil

Atualmente, o trabalho dos árbitros é regulamentado pela Lei Pelé, do ano de 1998. Ela define que os donos do apito sejam considerados profissionais autônomos, sem direitos trabalhistas como 13º salário e férias.
Portanto, quem trabalha com arbitragem no Brasil recebe por partida. Como consequência, a maioria dos árbitros não consegue focar exclusivamente ao futebol, dividindo sua atenção com outras funções.
Em 2019, o Senado começou a discutir um projeto para profissionalizar a arbitragem brasileira, avaliando as atuais condições de trabalho para sugerir leis que regulamentem a profissionalização da categoria.
Na Inglaterra, por exemplo, a arbitragem é profissionalizada. A PGMOL, órgão responsável pelos árbitros ingleses, auxilia os donos do apito desde a preparação física e psicológica, até mesmo à parte tática do jogo.
Ceni exige mudanças comportamentais em apoio aos árbitros

Enquanto a regulamentação da arbitragem ainda engatinha no futebol brasileiro, Rogério Ceni cobrou uma postura diferente dos times, comissões técnicas e jogadores para permitir um trabalho mais fluído dos árbitros:
— É impossível apitar um jogo no Brasil, é todo mundo enchendo o saco do cara, pressionando, ficando em volta… Estamos muito chatos dentro de campo. Atrapalhamos muito as tomadas de decisões da arbitragem.
— Claro que os erros acontecem, nem sempre todas as arbitragens estão boas, assim como nem sempre ações tão boas dentro do campo de jogo. […] Acho que nós temos que ter mais educação, e me incluo dentro disso para que os árbitros tenham mais tranquilidade.