Brasil

Chegada de Tite apazigua clima, mas não apaga 2023 trágico de treinadores do Flamengo

Ano começou errado com a saída de Dorival Júnior, e passagens Vítor Pereira e Sampaoli acabaram com expectativas do Flamengo

O 2023 ruim do Flamengo passa muito pelas trocas de treinadores. Ao contrário do que muitos esperavam, o Rubro-Negro trocou o comando ao não renovar com Dorival Júnior, mesmo que ele tivesse sido campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, e apostou na chegada de Vítor Pereira. A decisão foi o primeiro erro e funcionou como uma síntese da temporada desastrosa do Rubro-Negro.

Vítor Pereira teve péssima passagem pelo Flamengo (Foto: Icon sport)

O português chegou, teve pouco tempo de pré-temporada e rapidamente foi jogado à cova dos leões. Claro que ele também tem parcela de culpa nos quatro fracassos do início do ano, na Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Taça Guanabara e Campeonato Carioca, mas o erro maior foi do departamento de futebol, que não deu tempo para respirar. Foram só quatro meses de Vítor Pereira, uma das piores passagens da história do clube.

Saiu um português, chegou um argentino. Jorge Sampaoli era um desejo antigo do presidente Rodolfo Landim e deu uma nova cara ao Flamengo, dando indícios de que poderia ser dominante. A equipe chegou a ter mais de dez jogos de invencibilidade, mas um episódio de agressão envolvendo o preparador físico Pablo Fernández, e o atacante Pedro, minou de vez a relação entre elenco e comissão técnica. 

A péssima passagem de Sampaoli pelo Flamengo terminou com um vice doloroso na Copa do Brasil (Foto: Icon Sport)

Sem clima, Sampaoli rastejou até onde pôde, mas o revés na final da Copa do Brasil pôs um ponto final à relação entre hermano e Flamengo. O terceiro e último treinador da temporada foi Tite, que apaziguou os ânimos e fez com que o Rubro-Negro lutasse até o fim pelo título brasileiro, sem conseguir conquistá-lo. O início de Adenor foi um pingo de esperança, mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que a equipe volte a ser protagonista.

Tite recebeu (poucos) legados de seus antecessores

Os três esquemas são muito diferentes, mas Tite pôde aproveitar alguns bizus de Vítor Pereira e Sampaoli. No esquema do português, o Rubro-Negro buscava a iniciativa e se apoiava muito nas subidas de seus laterais, ou alas, que tinham corredor aberto para voar. Ayrton Lucas foi um dos melhores jogadores do Flamengo nesses moldes. Pedro foi outro que teve início avassalador, mantido como centroavante de origem, ao lado de um Gabigol mais segundo atacante.

No caso de Sampaoli, a formação do Flamengo era muito ofensiva e buscava potencializar os pontas do Flamengo. Foi justamente quando Bruno Henrique mais se destacou. Foi a partir da chegada do argentino, também, que Wesley se firmou no time titular com apenas 19 anos, uma excelente chance para o garoto, e Pulgar virou peça chave na equipe. Não deu certo porque o Rubro-Negro esteve pouco compacto, e a defesa sofria para manter o zero no placar.

Tite soube aproveitar as valências dos últimos trabalhos para montar um Flamengo competitivo no fim de 2023 (Foto: Ruano Carneiro/Carneiro Images)

Mesmo gostando de um esquema mais parecido com o de Sampaoli, aproveitando as extremidades, Tite conseguiu deixar o Flamengo mais compacto. O novo comandante buscou formação com dois volantes, ambos com funções de marcação, liberando mais Arrascaeta para combinar com o ataque. Esse foi o ponto crítico de mudança do Rubro-Negro, que também voltou a ter Pedro como protagonista.

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O que esperar do comando técnico do Flamengo em 2024?

O cenário de treinador do Flamengo é sempre muito instável, mas a expectativa é a melhor possível. Mesmo que não tenha conseguido conquistar o Brasileirão, Tite deixou uma excelente impressão e mostrou que pode dar outra cara ao time em pouco tempo. O clima é mais ameno internamente, algo que não se via quando Vítor Pereira e, em especial, Sampaoli, estavam no clube.

A grande questão é saber até quando vai a paciência da diretoria do Flamengo. O clube é uma máquina de moer treinadores, tendo oito diferentes desde a saída de Jorge Jesus, em meados de 2020. A manutenção de Tite e o tempo de tranquilidade para o comandante trabalhar serão fundamentais para saber se o Rubro-Negro vai, ou não, retornar ao caminho das glórias em 2024.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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