Brasil

Flamengo: demissão de Sampaoli escancara cartilha que não deve ser seguida no futuro

Contando com Sampaoli, Flamengo teve sete técnicos em quase quatro temporadas completas desde a saída de Jorge Jesus do clube

O fim do sonho na Copa do Brasil também acabou com a passagem de Sampaoli pelo Flamengo. Foram mais de cinco meses de bom aproveitamento, mas os bastidores ferventes, especialmente depois do imbrólgio entre Pedro e o ex-preparador físico, Pablo Fernandez, aceleraram o processo de queda. Agora, o Rubro-Negro precisará buscar mais um treinador no mercado para, pelo menos, terminar a temporada.

Ainda assim, nessa busca, é de suma importância que o Flamengo não repita a cartilha de moer comandantes, que acompanha o clube desde a saída de Jorge Jesus. O português deixou uma lacuna tão grande que, mesmo com os títulos, nem Dorival Júnior conseguiu escapar. Ou a diretoria consegue acertar suas convicções, ou o Rubro-Negro estará fadado ao fracasso novamente.

Flamengo teve sete treinadores depois da “Era Jesus”

Domènec Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho, Paulo Sousa, Dorival Júnior, Vítor Pereira e Jorge Sampaoli. O Flamengo teve sete treinadores em apenas quatro temporadas depois que Jorge Jesus saiu. Cada um com seu aproveitamento, com sua história e alguns até com títulos, mas sempre com o mesmo fim: a rua. O clube carioca tem média de mais de um comandante por temporada.

Além disso, nenhum treinador do Flamengo contratado no início de uma temporada conseguiu virar o ano. O único a atingir tal feito foi Rogério Ceni, muito por conta do título brasileiro, ainda que tenha chegado no meio do ano, depois da demissão de Domènec Torrent. A média de tempo de trabalho entre os sete é de seis meses, muito pouco para que um trabalho se desenvolva.

  • Renato Portaluppi: 37 jogos, 24 vitórias, 8 empates e 5 derrotas –  72% de aproveitamento
  • Dorival Júnior: 43 jogos, 26 vitórias, 8 empates e 9 derrotas – 66,7% de aproveitamento
  • Paulo Sousa: 32 jogos, 19 vitórias, 7 empates e 6 derrotas – 66% de aproveitamento
  • Domènec Torrent: 26 jogos, 15 vitórias, 5 empates e 6 derrotas – 63% de aproveitamento
  • Rogério Ceni: 45 jogos, 23 vitórias, 11 empates e 11 derrotas – 59% de aproveitamento
  • Jorge Sampaoli: 39 jogos, 20 vitórias, 10 empates e 9 derrotas – 59% de aproveitamento
  • Vítor Pereira: 18 jogos, 10 vitórias, 1 empate e 7 derrotas – 57% de aproveitamento

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Nem os títulos salvaram Dorival

Dorival Júnior, que teve a melhor campanha no quesito títulos desde Jorge Jesus, não conseguiu escapar do criterioso Flamengo. Ainda que tenha aproveitamento inferior ao de Renato Gaúcho, o treinador conquistou a Copa do Brasil e a Libertadores, mas, mesmo assim, não teve o contrato renovado. O motivo ainda é nebuloso, mas Rodolfo Landim, presidente do Rubro-Negro, frisou que a queda do time no fim do Brasileirão foi preponderante.

Por isso que, para muitos, o vice do Flamengo para o São Paulo na final da Copa do Brasil foi uma espécie de “justiça divina”. Mesmo que Dorival Júnior tenha o carinho de jogadores e funcionários do Rubro-Negro, ele acabou demitido e deu a volta por cima em outro clube. Se tratando de uma excelente pessoa, o comandante afirmou que retornaria ao Ninho do Urubu, para escrever novos capítulos desta história.

Dorival Júnior, campeão da Libertadores pelo Flamengo (Foto: GERARDO MENOSCAL/AFP)

Necessidade de um plano e, especialmente, paciência

Agora, o Flamengo precisa ter calma para escolher um sucessor. Se definir que terminará a temporada com um interino, para que o novo técnico participe apenas da pré-temporada com o restante do elenco, o Rubro-Negro correrá o risco de ficar de fora da Libertadores do ano que vem. No momento, a equipe é sétima colocada no Campeonato Brasileiro, com 40 pontos.

Antes de fechar com o próximo treinador, contudo, o Flamengo precisa de critério na escolha. É difícil ver algo em comum entre os antecessores, que tem estilos de jogo e de trato com a gente que vive o dia a dia no clube muito diferentes. Se quiser ter um ano mais tranquilo, o Rubro-Negro precisará de “gelo no sangue”, como o vice-presidente de futebol, Marcos Braz, tanto fala.

O principal nome nas buscas é Tite, ex-treinador de Corinthians e Seleção Brasileira, mas é claro que Jorge Jesus, o fantasma que “persegue” o clube desde sua saída, está balançando no Al Hilal e é um nome citado por alguns.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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