Brasil

Ouvidoria da FPF identifica dois erros da arbitragem a favor do Palmeiras em clássico com o São Paulo

Federação Paulista de Futebol reconhece que árbitro deveria expulsar Richard Ríos e assinalar pênalti em Luciano contra o Palmeiras

São Paulo e Palmeiras empataram em 1 a 1 no clássico do último domingo (3), no MorumBIS, pelo Campeonato Paulista. Mas o Choque-Rei ainda continua cada vez mais quente nos bastidores e parece sem prazo para terminar. Minutos após a partida, os são-paulinos esbravejaram contra decisões da arbitragem que supostamente teriam prejudicado a equipe em campo. E nesta quinta-feira (7), a Federação Paulista de Futebol (FPF) deu razão ao Tricolor em suas (muitas e calorosas) reclamações.

O clube enviou um ofício à federação com apontamentos de três possíveis erros do árbitro Matheus Delgado Candançan – ao menos, no entendimento do São Paulo. Nesta quinta, a FPF respondeu ao documento com um relatório que admite duas marcações erradas da arbitragem e que prejudicaram o Tricolor na partida. A informação foi publicada pelo ge.

Em contato com a reportagem da Trivela, a FPF informou que a resposta não se trata de um relatório oficial e nem representa a necessariamente a opinião da Comissão de Arbitragem. O documento foi enviado pelo departamento de Relacionamento com a Arbitragem.

O documento enviado pelo representante da FPF deu razão ao São Paulo em duas das três reclamações. A entidade entende que houve erro da arbitragem ao não expulsar Richard Ríos por uma entrada em Pablo Maia no lance que originou o gol do São Paulo – e que sequer foi revisado pelo VAR. No entendimento da federação, Matheus Candançam também errou ao não assinalar pênalti de Piquerez em Luciano no segundo tempo. Neste lance, o árbitro foi até o monitor na beira do campo.

A entidade, porém, afirmou que o São Paulo não tem razão em uma outra reclamação. A avaliação é de que houve, sim, pênalti de Rafael em Murilo, que depois acabou convertido por Raphael Veiga. A penalidade foi assinalada pela arbitragem após consulta ao VAR. E de forma correta, no entendimento da FPF.

> As contestações do São Paulo e a resposta da FPF:

  • Não expulsão de Richard Ríos por entrada em Pablo maia: FPF deu razão ao São Paulo e entende que Richard Ríos deveria ter sido expulso;
  • Marcação de pênalti de Rafael em Murilo: FPF não deu razão ao São Paulo e entende que o pênalti foi assinalado corretamente;
  • Não marcação de pênalti de Piquerez em Luciano: FPF deu razão ao São Paulo e entende que o pênalti deveria ter sido assinalado.

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Um Choque-Rei que não acaba

Na última quarta-feira (6), a FPF chamou os presidentes Leila Pereira, do São Paulo, e Julio Casares, para uma reunião que tinha como objetivo apaziguar os ânimos entre os dois clubes após o clássico. A conversa teve sucesso parcial – mas não a ponto de selar as pazes entre as duas diretorias. E a mera existência da reunião é uma prova de como as confusões nos bastidores do Choque-Rei ainda dão o que falar.

Tudo começou minutos depois do clássico, quando Julio Casares fez um pronunciamento revoltado, aos gritos, para reclamar de supostos erros da arbitragem no Choque-Rei. O dirigente chegou a bradar que “chega de o Abel apitar jogo no Paulistão”. A atitude do presidente são-paulino desagradou Leila Pereira. Mas o pior ocorreu a alguns metros dali, no túnel de acesso aos vestiários do MoruMBIS. Foi onde o diretor de futebol Carlos Belmonte esbravejou que o técnico Abel Ferreira era um “português de merda”, conforme imagens publicadas pelo ge.

Ainda no ambiente pós-jogo do clássico, uma crise institucional ajudou a acirrar os ramos. A diretoria de comunicação do São Paulo proibiu Abel Ferreira de usar a sala de coletivas do estádio para conceder entrevista e disse que o treinador poderia falar em outros espaços do estádio. O Palmeiras decidiu que o técnico não concederia entrevista e o clube deixaria o estádio em silêncio, mas Raphael Veiga falou com a imprensa na zona mista — local que também estava à disposição de Abel

Na última segunda-feira (4), as imagens do dirigente disparando contra o treinador vieram a público, e o Palmeiras logo soltou uma nota oficial de repúdio ao episódio. O clube alviverde afirmou estudar “medidas legais cabíveis contra o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, flagrado xingando de forma xenófoba o técnico Abel Ferreira”. No dia seguinte, uma entrevista de Leila ao portal ge soou como o golpe final para estremecer a relação entre os gabinetes de presidência.

O que Leila diz

Enquanto o Palmeiras cogita inclusive processar Carlos Belmonte, a presidente aumentou o tom de seu discurso. Leila Pereira chamou Julio Casares de histérico e declarou Carlos Belmonte persona non grata no Palmeiras e nos jogos do time como mandante. Ela estuda ainda de impedir legalmente a entrada de Belmonte nas partidas. A mandatária também afirmou que atitudes como a de Casares são populistas e não contribuem para haver paz no futebol. E que aguarda um pedido de desculpas do dirigente.

O que Casares diz

Em nota oficial, o presidente Julio Casares não só não pediu desculpas, como deu seu respaldo a Carlos Belmonte. O mandatário afirmou que o dirigente não é xenófobo e disse que a fala contra Abel Ferreira foi expressa “de cabeça quente após os erros de arbitragem na partida”. Ele ainda fez alusões a alguns episódios em que o treinador português desrespeitou a imprensa e também a uma confusão entre ele e Calleri. Casares também mencionou que o São Paulo sempre recebeu bem Leila Pereira no MorumBIS e que o mesmo não ocorre no Allianz Parque.

Clubes terão reencontro em breve

Com relações estremecidas, Palmeiras e São Paulo podem se reencontrar já nas fases decisivas do Campeonato Paulista, com um possível confronto nas semifinais do estadual. Mas os dois rivais já têm um Choque-Rei confirmado em breve. As duas equipes se enfrentam no fim de semana dos dias 27 e 28 de abril, em clássico marcado para o MorumBIS, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro.

 

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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