Brasil

Palmeiras e São Paulo são chamados para reunião na FPF, mas, sem pedido de desculpas, não se pode falar em paz selada

O encontro estabelece um primeiro passo no reestabelecimento da relação entre os presidentes de Palmeiras e São Paulo

Leila e Pereira, do Palmeiras, e Julio Casares, do São Paulo, foram convocados para uma reunião na FPF (Federação Paulista de Futebol) por Reinaldo Carneiro de Bastos, presidente da entidade. O objetivo era acalmar os ânimos após os incidentes do último domingo, depois do empate em 1 a 1 no Choque-Rei, pelo Campeonato Paulista, no MorumBIS.

Segundo fontes ouvidas pela Trivela, a conversa ocorrida na quarta-feira (6) transcorreu educadamente e estabeleceu a criação de uma comissão para questões logísticas envolvendo os próximos jogos das equipes — que podem acontecer ainda no Campeonato Paulista. Mas falar em paz estabelecida ainda é um pouco de exagero.

Julio Casares não se desculpou pelos incidentes ocorridos, como impedir Abel Ferreira de conceder entrevista coletiva na sala usada para esse fim no MorumBIS. Tampouco pelas ofensas xenófobas proferidas contra Abel ferreira pelo diretor de futebol Carlos Belmonte, que chamou o técnico de “português de merda”.

O Palmeiras entende que um pedido de desculpas era fundamental no contexto do que aconteceu. E que não teve nenhuma culpa no que ocorreu no último domingo. Nos bastidores do São Paulo, a avaliação é de que a conversa serviu para apaziguar os ânimos e foi um passo para selar as pazes entre os clubes.

O Palmeiras, inclusive, não recua da ideia de buscar uma punição para Belmonte. A reportagem apurou também com pessoas ligadas a Abel que o técnico estuda se abrirá processo criminal contra o dirigente. O treinador também entende que Belmonte precisa ser punido, assim como ele, Abel, sempre foi punido quando errou. O Palmeiras colocou seus advogados à disposição de Abel.

São-paulinos denunciados

Na última quarta-feira, o Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP) apresentou uma denúncia contra o São Paulo, três dirigentes, três jogadores e um membro da comissão técnica devido à confusão ocorrida no túnel dos vestiários do Morumbi.

Os denunciados incluem os jogadores Jonathan Calleri, Rafinha e Wellington Rato, o presidente Julio Casares, o diretor-adjunto Fernando Bracalle Ambrogi, o diretor de futebol Carlos Belmonte e o auxiliar técnico Estéphano Neto.

Todos esses indivíduos foram acusados com base no artigo 258, inciso 2, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata do “desrespeito aos membros da equipe de arbitragem ou reclamação desrespeitosa contra suas decisões”.

A punição prevista pode variar de uma a seis partidas de suspensão para jogadores ou membros da comissão técnica, e de 15 a 180 dias para os dirigentes e outros membros da delegação.

Carlos Belmonte também foi denunciado com base no artigo 243-F, que trata de “ofender alguém em sua honra por fato relacionado diretamente ao desporto”. A punição para ele pode ser uma multa de 100 a 100 mil reais e suspensão de 15 a 90 dias.

O clube tricolor foi indiciado no artigo 213 por “não tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça desportiva”, podendo receber uma multa de R$ 100 a R$ 100 mil como punição.

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Entenda a cronologia do Choque-Rei que ainda não acabou

  • Ao fim do Choque-Rei de domingo (3), Julio Casares se queixou aos gritos, na zona mista do MorumBis. O dirigente bradava que Abel Ferreira havia “apitado o jogo”, e que isso não mais aconteceria. Pouco tempo antes, em corredores do estádio, Carlos Belmonte, com a mesma queixa, gritou dizendo que Abel era um “português de merda”.

Além disso, a diretoria de comunicação do São Paulo impediu que Abel Ferreira concedesse entrevista coletiva na sala própria para tal fim no Morumbi. Como consequência, o Palmeiras deixou o local sem falar com a imprensa.

Leila também afirmou que atitudes como a de Casares são populistas e não contribuem para haver paz no futebol. E que aguarda um pedido de desculpas do dirigente.

  • Ainda na noite de terça-feira, Casares emitiu um comunicado rebatendo a presidente, mais uma vez atacando Abel Ferreira. Relembrou incidentes como a ocasião em que ele tirou o celular das mãos de um produtor da TV Globo. Sobre a encarada que ele deu em Calleri em jogo da Copa do Brasil do ano passado. E o que ele chamou de “atitude homofóbica” na comemoração do Paulista de 2022 (veja abaixo)

Notas da reportagem:

  • Após Palmeiras 4 a 0 São Paulo, Danilo, ex-jogador do Palmeiras, se referiu ao São Paulo com o termo “Bambi”. O jogador pediu desculpas públicas pelo ocorrido.
  • Abel pediu desculpas ao produtor Pedro Spinelli, de quem tomou o celular na zona mista do Mineirão, em maio do ano passado.
  • O treinador do Palmeiras também pediu desculpas a Calleri pelo incidente citado por Casares. O pedido aconteceu na frente das câmeras, ainda no gramado, após a encarada ocorrida em junho do ano passado. A partida em questão valia pelo Campeonato Brasileiro.
Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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