Paulo André revela planejamento do Cruzeiro e explica saídas de Cabral e diretor
Diretor de futebol interino do Cruzeiro, Paulo André concedeu sua primeira entrevista coletiva desde que chegou ao clube celeste na tarde desta sexta-feira (26)

Braço direito de Ronaldo Nazário e agora diretor de futebol interino do Cruzeiro, o ex-zagueiro Paulo André concedeu entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (26), na Toca da Raposa 2, centro de treinamentos do clube celeste. O dirigente precisou assumir o novo cargo no clube após a saída repentina de Pedro Martins, que ocupava o posto, mas aceitou uma proposta “com salário de atacante”, nas palavras do próprio Paulo, e fechou com o Vasco da Gama.
Apesar do cargo de liderança no Valladolid e Cruzeiro, estando mais presente no segundo em 2024, clubes de Ronaldo, Paulo André nunca havia concedido entrevista coletiva desde que chegou ao clube, sendo esta a primeira. O dirigente alegou que ser um porta-voz não era uma de suas atribuições. Segundo ele, Gabriel Lima, CEO do clube, Pedro Martins, o antigo diretor de futebol, e o próprio Fenômeno, eram quem tinham esse papel.
A coletiva de Paulo André foi bem vista por parte da torcida cruzeirense e dos jornalistas presentes pelo fato dele ter dado respostas mais claras e diretas, diferentemente de Pedro Martins, que frequentemente era criticado pelas entrevistas “a lá Linkedin”, cheias de jargões corporativos que não condiziam com a realidade que acontecia no clube.
Questionado sobre uma possível mudança de rota no que vinha fazendo Pedro Martins, visto que o Cruzeiro teve uma temporada de 2023 ruim e 2024 começa com vários problemas, Paulo André começou ressaltando que os objetivos do clube foram cumpridos desde a chegada da SAF. Posteriormente, ele deu um passo atrás e reforçou que os objetivos foram alcançados “apesar” de todos os erros cometidos pela gestão no período.
— Faz dois anos e quatro meses que o Ronaldo assumiu a gestão do clube e, desde então, os principais objetivos esportivos e financeiros foram atingidos. Dentre eles, o acesso à Série A, a manutenção na Primeira Divisão e a classificação para a Copa Sul-Americana. Pela primeira vez, este ano tivemos uma falha no objetivo esportivo, que foi a queda na 1ª fase da Copa do Brasil. Para a gente, foi um grande fracasso. Todos os outros objetivos no ano continuam vivos — afirmou, antes de dizer que os objetivos de ficar na parte de cima da tabela do Brasileirão e chegar o mais longe possível na Copa Sul-Americana seguem válidos.
O Cruzeiro irá contratar um novo diretor de futebol?
Paulo André revelou que não imaginava ter que assumir o cargo de diretor de futebol do Cruzeiro neste momento, tendo sido pego de surpresa com a saída de Pedro Martins. Apesar disso, afirmou não ter pressa para definir um novo substituto, deixando em aberto até mesmo a possibilidade de não existir essa reposição.
— Inicialmente, não temos pressa para tomar essa decisão. A ideia de eu estar aqui é a gente ter o menor impacto de ondas possível após a saída do Pedro Martins. Eu já conheço a operação. Estou mais presente neste ano e seguimos a metodologia do trabalho da mesma forma. Com o tempo, vamos ver se tem a necessidade de trazer alguém e qual seria a característica dessa pessoa — afirmou Paulo André.
Ele ainda garantiu que, desde que assumiu a função, tem se concentrado em conversar individualmente com os jogadores, passando confiança, mas fazendo cobranças por um melhor rendimento dos atletas. O dirigente ainda garantiu que se sente preparado para o desafio de reerguer o Cruzeiro.
— Tenho convicção do que sou capaz, mas não faço nada sozinho. Falo do aspecto financeiro, jurídico e no futebol. A presença do Paulo Autuori nos dá crença que tudo pode ficar bem. Vou ser o diretor interino até o momento em que as coisas se acomodarem — pontuou.
?️| RESUMO DA COLETIVA DE PAULO ANDRÉ
Acompanhe por aqui um resumo da coletiva de Paulo André, braço direito de Ronaldo e diretor de futebol interino do Cruzeiro.
?Gustavo Aleixo/Cruzeiro pic.twitter.com/PVUAgt0i1c
— Maic Costa (@omaiccosta) April 26, 2024
Saídas de Rafael Cabral e Pedro Martins
Paulo André ainda revelou como aconteceram as recentes saídas do goleiro Rafael Cabral e do diretor de futebol Pedro Martins, contando que ambos deixaram o Cruzeiro por decisões próprias.
— No caso específico do Cabral, foi um pedido dele sair do clube naquele momento, na sexta-feira, após o Aliança. Jogamos na quinta à noite, na sexta ele me ligou e pediu para ser negociado. Pedi a ele um pouco de paciência, para a gente conversar no sábado. Agora, uma opinião, em casa, ele foi convencido pela família a mais uma vez me ligar e sair. Na segunda ligação eu disse, você não tem cabeça para estar no jogo de amanhã, você está fora do jogo e vamos começar a tratar nos próximos dias a tua saída — contou o dirigente.
— O Pedro nos comunicou há uns três dias que abriu uma conversa com o Vasco e que nos daria uma posição definitiva na quarta-feira. Ele foi receber “salário de atacante” no Vasco. Para a carreira, no aspecto pessoal, isso faz diferença. Ele nos comunicou três dias antes de tomar a decisão — explicou.
Paulo André explica sua função e a de Elias no Cruzeiro
Um questionamento recorrente entre os cruzeirenses costuma ser sobre quais as funções da dupla de ex-jogadores Paulo André e Elias no Cruzeiro. O ex-zagueiro falou sobre o assunto.
— O Elias não tem nenhum papel ou poder de decisão aqui no Cruzeiro, ou no Valladolid. Ele é um assessor exclusivo do Ronaldo que tem livre entrada nos dois clubes para acompanhar treinos e jogos, mas não participa das reuniões executivas nem do Cruzeiro ou do Valladolid — começou Paulo André.
— Fui contratado em junho de 2021, quando o Valladolid caiu para segunda divisão para reformular toda estratégia do clube e definir diretor de futebol, treinador e estrutura. Seis meses depois o Ronaldo comprou o Cruzeiro e me contratou para fazer o mesmo processo aqui. Meu papel foi definir com clareza as diretrizes estratégicas e os limites sobre os quais o diretor de futebol e as pessoas do futebol atuam. Falo de futebol do Cruzeiro, não do negócio como um todo, da parte administrativa, dívida, etc. Meu papel é definir esse norte e dar autonomia ao diretor para que ele tome as decisões. Não estive no dia a dia com grande frequência, vinha uma semana a cada dois meses, quem me acompanha sabe disso. Sempre estive presente nas grandes decisões, mas, em geral, essa o diretor tinha total para tocar como quisesse — completou.