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Paulinho teve a ajuda de Conceição Evaristo para escrever a história do seu primeiro gol pelo Atlético-MG no ano

Até então na seca de gols, Paulinho vestiu a camisa do Atlético com o nome de Conceição Evaristo e, com ela, marcou pela primeira vez em 2024

No último sábado (9), os jogadores do Atlético-MG entraram em campo com nomes de importantes figuras femininas nas camisas em homenagem ao Dia da Mulher, que foi na sexta-feira (8), mesmo dia em que a histórica escritora Conceição Evaristo se tornou a primeira mulher negra a tomar posse na Academia Mineira de Letras. O que as duas coisas tem a ver? A mineira ‘entrou em campo' pelo Galo no dia seguinte com seu nome nas costas de Paulinho, que vivia jejum na temporada, mas teve a ‘ajuda' de Conceição para escrever a história do seu primeiro gol em 2024.

Artilheiro do Campeonato Brasileiro e do Atlético em 2023, Paulinho havia atuado em sete dos oito jogos do clube na atual temporada, jogando praticamente todos os minutos, mas sem conseguir balançar as redes. Isso até o último sábado, quando ele abriu o placar para a vitória do Galo contra o América, na Arena MRV. Nas costas, não carregava seu nome, mas o de Conceição Evaristo, mineira, escritora e uma das vozes mais ativas dos movimentos de valorização da cultura negra no Brasil. Por isso não tinha ninguém melhor que o camisa 10 para usar esse nome nas costas.

Paulinho celebrando seu gol com o nome de Conceição Evaristo nas costas (Pedro Souza/Atlético)

Paulinho é, como citou o comentarista Paulo César Vasconcellos em um belo texto sobre o jogador utilizar o nome da escritora, um “brasileiríssimo”. Mais que isso, Paulinho é um jogador que, assim como Conceição, é voz ativa na valorização da cultura negra no país. Então, no Galo, não tinha outro que merecia mais usar esse nome nas costas. E não tinha também outro jogo para ele marcar que não fosse o que tivesse promovendo essa homenagem.

Em campos completamente diferentes da vida, Conceição e Paulinho estão unidos pelo mesmo propósito: a valorização do povo preto e da sua cultura. E, quando eles “se uniram”, viveram grandes momentos. Ela empossada na Academia Mineira de Letras e ele desencantando na temporada.

Além de Paulinho e Conceição na camisa do Atlético

Patch utilizado por todos os jogadores do Atlético em homenagem ao Dia da Mulher (Icon Sport)

Como citado, Paulinho não foi o único a entrar em campo com nome de personalidades femininas e mineiras importantes na camisa. O atacante Hulk, por exemplo, que marcou seu 100º gol com a camisa do Atlético, carregou nas costas o nome de Alice Neves, a “mãe do Galo”. Ela era mãe de um dos fundadores do clube e foi responsável por bordar os primeiros uniformes e bandeiras do clube, além de ceder sua casa para reuniões sobre o Galo.

Já Guilherme Arana, que fez uma grande partida, apontado como o melhor em campo por muitos, carregou o nome de Adélia Prado, considerada a maior poetisa viva no Brasil. Crias da base do Atlético, Jemerson e Alisson utilizaram os nomes de Tia Terezinha e Tia Célia, respectivamente, mulheres que ajudaram a formar gerações de atleticanos, pois eram as responsáveis por conduzir as crianças que entram com os jogadores. Além das citadas, houve outras inúmeras homenageadas, como a cantora Cássia Eller, a escritora Henriqueta Lisboa e a torcedora Ana Cândida, eternizada como a “Vovó do Galo”. A lista completa está no site do clube.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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