Milito não vai ‘escolher campeonato’ no Atlético-MG, que parece pronto para isso
Atlético não terá um campeonato como prioridade com Milito, e rotação do time será fundamental nesse processo

O Atlético-MG estreou no Campeonato Brasileiro neste domingo (14) com um empate sem gols contra o Corinthians, na Neo Química Arena. Com o desempenho do time no jogo, somado ao que vimos na Libertadores e nas finais do Mineiro, com a chegada de Milito, fica claro como o Galo não planeja escolher qual competição vai jogar, e o treinador confirmou isso após a partida em São Paulo.
O Atlético fez um jogo “de gente grande” na estreia do Brasileirão. Mesmo fora de casa, o Galo quis ser o dono do jogo, e conseguiu fazer isso no primeiro tempo, tendo muito mais posse e trabalho de bola que o Corinthians. O time de Milito só não teve um início de nacional ainda melhor, pois Battaglia foi expulso no fim da etapa inicial e o jogo mudou. Como disse Milito: “Nos custou ter o controle do jogo com a bola, e tivemos que ter o controle sem a bola”.
Mas, mesmo com um a menos e sem condições totais de dominar o jogo com a bola, o Atlético conseguiu ser um time que não sofreu contra um Corinthians fora de casa, algo difícil de acontecer, já que os paulistas são muito fortes em casa. O Galo foi muito forte defensivamente e os jogadores entenderam que precisavam se doar um pouco mais do que já se doavam por conta da expulsão, e assim fizeram, ganhando muitos elogios de Milito por isso.
Atlético vai entrar forte em todos os campeonatos
Com o início do Brasileirão, a Libertadores já em andamento e a proximidade da estreia também na Copa do Brasil, surge aquele questionamento de qual competição o Atlético vai priorizar, já que parece impossível disputar a vera todos, por conta do calendário brasileiro.
Mas esse não é o pensamento de Gabriel Milito. O treinador faz questão de deixar claro, desde que chegou, que os jogadores precisam encarar todos os jogos da mesma forma, jogando com a mesma força, foco e paixão. Questionado se vai haver alguma prioridade, já que a Libertadores, por exemplo, é vista como o maior desejo, o argentino foi firme:
Em um clube tão grande como o Atlético, não podemos escolher campeonato. Tentaremos ser competitivos em todos os campeonatos. Estamos convencidos de que podemos, e vamos jogar cada competição da mesma forma. Não tenho preferências. Quero que o time seja competitivo e ganhador em todos os jogos, sem escolher — afirmou Milito.
Além de mostrar gana por vencer, Milito mostra um pensamento crucial para um clube de futebol. Por mais que a Libertadores seja a maior obsessão do clube, é uma competição em que, em uma noite ruim, você está eliminado, e aí precisa voltar as forças para o Brasileiro. Se abdicar do nacional, caso caia no continental, não terá nem um e nem outro. Levar todos da mesma forma, com prioridades pontuais, é o que parece ser a receita certa.
Rotação no time será crucial
Gabriel Milito simplesmente não repetiu escalação de um jogo para o outro, sempre há pelo menos duas alterações a cada partida. O treinador atribui isso aos adversários diferentes que enfrenta, mas também as questões físicas de cada atleta.
As trocas são por muitos motivos. Temos que ver o rival, a rotação do elenco, a sequência de partidas. Há muitas situações que analisamos para começar com um time e terminar com outro. Não gosto disso de “titulares e reservas”. Começamos com uns jogadores e terminamos com outros. No próximo jogo, os que começaram talvez iniciem e vice-versa. É a dinâmica de grupo que estamos construindo.
Para o jogo deste domingo, por exemplo, as novidades foram Igor Gomes e Otávio nas vagas de Scarpa e Alan Franco, respectivamente. Além disso, ele utilizou Battaglia como um terceiro zagueiro e não Saravia, como vinha fazendo: “Decidimos por isso para quando a bola fosse ao Saravia, ele (Battaglia) deixasse a posição de zagueiro e passasse a ser volante. Com a subida dele, sentíamos que teríamos uma surpresa”, explicou Milito.
Para o próximo jogo, que já é nesta quarta-feira (17), contra o Criciúma, novas mudanças devem acontecer. Uma é certa, já que Battaglia está suspenso. Milito afirmou que está se adaptando ao calendário e vai analisando jogo a jogo, principalmente para evitar lesões.
— É muito apertado, mas vamos nos adaptando. Os jogadores já estão, mas eu vou pouco a pouco, com a ajuda dos preparados físicos, analistas e a opinião dos próprios atletas, para rodar e não perder ninguém. Não quero lesões e, para que isso aconteça, tem que haver mudanças e também repartimento de minutos entre os jogadores — explicou.
A mudança que mais chama atenção desde que Milito chegou ao Atlético não é o lateral Saravia jogar de zagueiro ou uma outra ideia, mas sim ele tirar Hulk de todos os jogos. No meio de semana, o treinador explicou os motivos e quer justamente esse repartimento de minutos para poupar e ter o camisa 7 inteiro em toda a temporada.
As minhas decisões sempre vão ser com muita responsabilidade e consciência. Depois de um jogo, às vezes elas vão ser boas e ruins, eu sei disso. Mas tento a cada partida imaginar o que vai acontecer para não me equivocar. Mas eu sei que vou me equivocar. Todas as pessoas que agem, se equivocam. Só não se equivoca quem não faz nada. Eu tento ser o melhor para o meu grupo de trabalho. Teremos acertos e erros, na vida, no futebol, mas faremos, para fazer coisas boas, sempre — Gabriel Milito.
O que mostra que o Atlético parece já estar pronto para atuar firme em todas as frentes é o entendimento do time com pouco tempo de trabalho com o Milito. Apesar dessas mudanças em todos os jogos, da saída de um jogador crucial como o Hulk em todos eles também, o time segue firme e fazendo o mesmo jogo, do mesmo jeito que o treinador prometeu na sua chegada: “Teremos várias formações, mas só um estilo”.