Lado B de Brasil

O Botafogo de Ribeirão cresceu sob as ordens de Paulo Baier e conquistou o acesso de volta à Série B após dois anos

O Botafogo de Ribeirão chegou a se aproximar da zona de rebaixamento, mas cresceu no momento decisivo e celebrou o acesso de volta à Segundona

O Botafogo de Ribeirão Preto está entre os clubes de história mais rica do interior de São Paulo. O Pantera possui 57 participações na elite do Paulistão e outras seis aparições na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Na competição nacional, aliás, a maior parte da trajetória dos tricolores foi atravessada na Série B. E é para a Segundona que os botafoguenses voltam em 2023, três anos depois do descenso mais recente. A equipe não passou muito tempo na Série C e celebrou o acesso neste domingo, graças à vitória sobre o Volta Redonda fora de casa. Uma campanha coroada graças ao excelente trabalho conduzido por Paulo Baier, que assumiu o Botafogo durante a competição e possibilitou tal impulso.

O Botafogo se acostumou a fazer barulho nas divisões nacionais durante os últimos anos. O Pantera deu um passo importante em 2015, quando faturou a Série D. Já em 2018, seria a vez de dar mais um salto e retornar à Série B. Os tricolores encerravam um hiato de 17 anos longe da segunda divisão nacional, mas não conseguiram se segurar por tanto tempo. Após uma campanha de meio de tabela em 2019, o descenso se consumou em 2020. Ao menos, o time se mantinha firme na primeira divisão do Paulistão, presente ininterruptamente desde 2008, numa continuidade importante pela fonte de receitas da competição.

Depois de uma campanha morna na Série C de 2021, sem brigar pela classificação, o Botafogo também não teve um desempenho tão destacado no Paulistão de 2022. Não alcançou os mata-matas e terminou com o vice no Torneio do Interior. A Terceirona é que valia as fichas e o início não seria tão promissor, com apenas três derrotas nas primeiras sete rodadas. Em consequência, o técnico Leandro Zago foi demitido. O substituto seria o eterno Paulo Baier, que já rodara pelos três estados do Sul do Brasil, mas teria sua primeira experiência em outra região.

A mudança não transformou a realidade do Botafogo de imediato. Paulo Baier passou as três primeiras partidas sem vencer e o Pantera chegou a beirar a zona de rebaixamento para a Série D. A reação começou pouco depois, com uma sequência de três vitórias, antes de outras duas derrotas frearem os ânimos. Ainda assim, para a reta final, os tricolores tinham totais condições de se firmarem na zona de classificação aos quadrangulares semifinais. Foi o que aconteceu, com um desfecho embalado pelos triunfos sobre o Volta Redonda, o Atlético Cearense e o Remo – em confronto direto que deixou os paraenses pelo caminho na última rodada. O embalo voltava a motivar os paulistas para o momento decisivo.

O Botafogo entrava com força no grupo que reunia também Aparecidense, Mirassol e Volta Redonda. Não seria um desempenho tão linear. A equipe ganhou a primeira rodada dentro do Santa Cruz, contra o Volta Redonda, antes de perder na visita ao Mirassol. A recuperação veio com o triunfo sobre a Aparecidense em Goiás, mas a derrota para os goianos de virada em Ribeirão Preto freou o ímpeto. Já na penúltima rodada, o empate suado contra o Mirassol se provaria valioso antes do compromisso final. Com vantagem no saldo sobre a Aparecidense, o Pantera dependeria apenas de si na visita ao Volta Redonda, com chances mínimas.

Com a vitória paralela do Mirassol, mesmo o empate bastaria ao Botafogo no Raulino de Oliveira. Todavia, a equipe completou sua missão com o triunfo por 2 a 1. Thiaguinho abriu o placar e João Diogo ampliou na reta final. Só depois o Voltaço descontou, mas era tarde demais. A subida imediata era do Pantera, atrás do Mirassol ao final da classificação, mas com uma vantagem de três pontos sobre a Aparecidense e de seis pontos para cima do Volta Redonda. Paulo Baier sustentava seu bom aproveitamento, com 10 vitórias em 18 compromissos à frente dos tricolores. Na hora decisiva, a equipe funcionou.

Gustavo Xuxa terminou a Série C como a principal referência ofensiva do Botafogo, autor de sete gols. Ainda assim, o protagonismo se dividiu bem ao longo da campanha. Nomes como o goleiro Deivity, o zagueiro Diego Guerra, o volante Fillipe Soutto e o ponta Bruno Michel também fizeram a diferença ao longo da competição. Ainda assim, não é um elenco tão badalado. Superar a falta de crédito também foi um mérito do Pantera, e de Paulo Baier, ao longo da competição.

A Série B volta a abrir portas para o Botafogo e o objetivo é conseguir uma estadia mais longa na segunda divisão nacional. Já seria um feito louvável para o clube, ainda que os mais saudosistas se lembrem das participações na elite nacional, a última delas em 2001. Dada a importância dos tricolores para o interior paulista, a visibilidade é merecida. E fica a expectativa para o desenvolvimento do trabalho de Paulo Baier com mais tempo na casamata. É um grande feito na carreira de quem representou bastante como jogador e pode escrever seu nome também à beira do campo.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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