Jogar enquanto processava o clube é mais um capítulo da passagem desastrosa de Daniel Alves pelo São Paulo

Daniel Alves vestiu a camisa do São Paulo pela última vez em 25 de agosto de 2021, em partida contra o Fortaleza, mas sua passagem apagada (para não dizer trágica) pelo Morumbi ainda rende capítulos desastrosos. O ato mais recente veio nesta quinta-feira (11). Uma reportagem publicada pelo portal Uol mostra que o jogador atuou 18 vezes pelo Tricolor após já ter processado o clube na Câmara Nacional de Resolução de Disputadas (CNRD) da CBF para cobrar valores referentes a atrasos salariais. A ação poderia resultar até na perda de pontos no Campeonato Brasileiro.

Daniel Alves acionou o São Paulo na CBF em 16 de março de 2021. O jogador só deixaria o clube meses mais tarde, em rescisão assinada apenas em setembro daquele ano. Ao todo, a contratação do lateral custou R$ 40,9 milhões ao clube. O valor diz respeito ao que ele recebeu enquanto estava no Tricolor e o que ficou estipulado na rescisão.

Nos quase dois anos em que defendeu o clube, Daniel Alves recebeu um total de R$ 15,1 milhões. O jogador rescindiu com o São Paulo em setembro de 2021, com um acordo que estabeleceu o pagamento de R$ 25,8 milhões parcelados, a partir de janeiro de 2022. Esta cifra está sendo honrada pelo clube, até para evitar que o jogador reabra o processo na CBF. O Tricolor não comenta oficialmente processos judiciais e considera a dívida uma decisão da gestão anterior.

A passagem desastrosa de Daniel Alves pelo São Paulo

Daniel Alves chegou ao São Paulo sob juras de amor e diante de um Morumbi tomado por 45 mil pessoas para recebê-lo na apresentação. Após sair do PSG, o lateral desembarcava para vestir a camisa do time do coração por “módicos” R$ 1,5 milhão. Sua passagem a partir daí teve pouco (ou nada) a ver com essa relação afetiva entre torcedor e clube.

A começar que Daniel Alves chegou logo vestindo a camisa 10 e avisando que seria meia a partir de então. A estreia até foi com gol marcado e vitória por 1 a 0 sobre o Ceará no Morumbi. Mas em campo, o jogador – que até conquistou uma taça, a do Paulistão de 2021 – nunca correspondeu como esperado. E fora dos gramados, o lateral ainda deu motivos para manchar sua passagem pelo Morumbi.

Em agosto de 2021, logo após conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o atleta deu entrevista em que fez duras críticas à diretoria e chegou a acusar o clube de ter “falhado” com ele. A motivação de uma declaração tão polêmica era de que o São Paulo não havia honrado um compromisso de ter pago uma dívida anterior com ele, em junho.

Apesar de tudo isso, o jogador já disse em entrevistas que segue sendo torcedor do clube e que não perde um jogo sequer. Daniel Alves chegou até a rebater críticas de que teria aceitado defender o São Paulo apenas para fazer dinheiro.

– Dou muita risada quando dizem que fui para o Brasil para ganhar dinheiro. Estava livre há pouco no mercado, sendo o melhor jogador da Copa América em que fomos campeões. O que mais chegava era proposta para poder jogar em outros lugares e com uma remuneração que não tem nem comparação. Enfim, são circunstâncias da vida: um sempre oferece ao outro o que tem e o que eu tinha era isso – disse em entrevista à TV Gazeta, em 2022.

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Preso na Espanha, Daniel Alves será julgado em fevereiro

Acusado de agredir sexualmente uma mulher no dia 30 de dezembro de 2022, Daniel Alves será julgado pela justiça de Barcelona nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro de 2024. O caso teria acontecido no banheiro de uma boate na cidade catalã. O brasileiro está preso de forma preventiva, sem direito a fiança, desde 20 de janeiro desse ano e já teve quatro pedidos de liberdade provisória negados devido ao risco de fuga.

A acusação pede que o ex-jogador da Seleção Brasileira receba a pena máxima prevista no código penal espanhol para crimes sexuais: 12 anos, além de 10 anos de liberdade supervisionada e multa de 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil). O Ministério Público mantém o valor de indenização à mulher que teria sofrido a violência, mas recomenda uma pena de nove anos.

Em outubro desse ano, a defesa de Daniel Alves pagou 150 mil euros à Justiça Espanhola como indenização à vítima, que não pôde recusar o valor conforme o artigo 22 do código penal. O objetivo do pagamento foi tentar diminuir a pena máxima, se utilizando de outro artigo que permite dividir os 12 anos de pena máxima pela metade. Ou seja, seis anos. No entanto, a justiça pode, de toda forma, aplicar a mais rígida punição. O depósito foi feito pela advogada Miraida Puente, representante do brasileiro desde janeiro. O ex-Barcelona também foi representado pelo experiente Cristóbal Martell entre fevereiro e setembro desse ano, mas o advogado abandou o caso por acreditar que já está perdido.