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Tensão precoce no Corinthians tem responsabilidade da nova diretoria e Mano Menezes não esconde isso

Após a derrota para o São Bernardo, Mano Menezes e Maycon mencionaram fatores externos para explicar momento conturbado vivido já em janeiro

O Corinthians perdeu sua segunda partida em 2024. Apesar da temporada estar apenas no começo, os dias do clube tem sido tão conturbados que não parece que o alvinegro só está no começo da sua trajetória no Campeonato Paulista. O que parece claro nesses primeiros três jogos é que, além das naturais dificuldades em campo, a postura da nova diretoria pode interferir diretamente no ambiente de pressão que recaí sobre o elenco, que ainda vive uma natural fase de adaptação em meio a uma reformulação.

O que demonstra esse cenário tenso são as declarações de Mano Menezes e Cássio após a derrota diante do Ituano, ainda pela segunda rodada do estadual. Ambos citaram uma necessidade de mais contratações, em uma cobrança pública à diretoria. O treinador pontuou ainda que a expectativa do torcedor alvinegro – já naturalmente alta – foi inflada por “tudo que foi falado”, em uma referência às declarações recentes dos novos dirigentes do clube.

Neste sábado (27), depois da derrota para o São Bernardo por 1 a 0, Maycon deu o tom de como a pressão já está instalada no clube, com jogadores assumindo responsabilidades antes do fim de janeiro. O volante, porém, ressaltou que fora das quatro linhas, os jogadores não tem “controle” de nada.

— Peço o apoio da torcida que sempre vai estar do nosso lado. Só assim, juntos, vamos conseguir sair dessa situação, dar a volta por cima. O que acontece dentro do campo é de responsabilidade nossa, fora não temos controle de nada. Estou aqui para assumir minha responsabilidade e dos outros também – disse o volante alvinegro.

Mano Menezes, por sua vez, voltou a pontuar as dificuldades do time nas primeiras partidas do ano. Diante do São Bernardo, por exemplo, o Corinthians atuou com um homem a mais durante quase toda a partida e mesmo assim foi derrotado. O treinador gaúcho, no entanto, não deixou de mencionar as “promessas” feitas ao torcedor.

— Esses primeiros passos têm sido difíceis, mais difíceis do que a gente esperava. Talvez a parte externa, o torcedor, esperava pelos primeiros momentos de uma promessa, de um grande time, de algumas coisas que são a ideia da nova direção, só que lá fora a gente não tem essa dureza dos passos que nós temos que tomar aqui.

Mano Menezes pede calma e cobra maturidade do elenco.

A partida no Primeiro de Maio, contra o São Bernardo, se desenhava como o melhor cenário para o Corinthians. Um jogador a mais desde 13 minutos de jogo, daria a chance do alvinegro dominar minimamente a equipe do ABC, mas não foi o que aconteceu. O time apresentou ainda mais dificuldades de agredir o adversário do que na partida anterior:

— Foram erros semelhantes nas duas partidas e por isso perdemos. Quando tomamos o gol já estávamos com um homem a mais e já tínhamos tomado dois contra-ataques porque estávamos forçando o jogo de maneira errada para tentar construir de maneira errada. Você tem que ter um pouco mais de calma, um pouco mais de maturidade. É a segunda derrota que não precisava ter acontecido dentro da minha avaliação. Acho que o jogo que teve mais difícil para gente jogar foi o jogo contra o Guarani na nossa casa.

Clima de cobrança durante o jogo

Por vários momentos durante a partida, Mano Menezes cobrou os jogadores, pedindo a eles novo posicionamento e chamando a atenção explicitamente após erros que ocasionavam vantagem ao adversário. A bronca que mais chamou a atenção se deu em um momento em que o treinador questiona se o atacante Yuri Alberto seria “burro” após uma falta cometida. Mano Menezes justificou o uso do termpo. ]

— É exatamente isso que é o futebol, a gente não descontextualiza, só descontextualiza quem quer fazer um tumulto. O jogo é um lugar onde as palavras são fortes, mas a gente se abraça logo depois porque sabe que a cobrança não é pessoal. A atitude pode ter sido burra naquele momento, é uma falta de ataque, você não pode fazer uma falta de ataque, você está com um homem a mais. Então quando a gente se refere a isso, sempre é a atitude, não é a pessoa, e quem deu meio chutinho sabe que é assim. Então vamos continuar falando para as pessoas do futebol.

Essa é a segunda crítica de Mano Menezes a um jogador que ganha uma grande proporção. Após o revés diante do Ituano, o treinador criou polêmica ao criticar um lance do recém-chegado volante Raniele e citar o Cuiabá, seu ex-clube.

— A gente já está acostumado também com as repercussões da rede social. Você fala em Cuiabá, a pessoa escreve no Cuiabá e aí cria uma crise, tenta criar uma crise no clube, então era em Cuiabá, não era no Cuiabá. Tava se referindo a um chute de longa distância, então depois se chutou lá de Cuiabá, esse foi o termo que usei com o Raniele. Mas vamos continuar trabalhando com a mesma lealdade, com a mesma transparência com os jogadores, sabendo o que é a cobrança.

— Às vezes escapa uma [crítica] mais forte, a gente também aceita respostas mais fortes. Ninguém sai melindrado para casa, criando uma crise onde não tem crise. Nosso negócio é que nós temos que construir um Corinthians forte.

Foto de Jade Gimenez

Jade GimenezSetorista

Jornalista, fascinada por esporte desde a infância e transformou a paixão em profissão. Além do futebol, se mantem por dentro de outras modalidades desde Fórmula 1 até NFL. Trabalhou como repórter em TV e rádio cobrindo partidas de futebol, futsal e basquete.
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