Brasileirão Série A

SAF do Atlético-MG se inspira no Manchester City e data para ‘zerar’ dívida

Rubens Menin, um dos compradores da SAF do Atlético-MG, deu entrevista dizendo que em dois dias olhou 'todos os detalhes da gestão' do clube inglês

O conselho deliberativo do Atlético-MG aprovou na última quinta-feira (20) a transformação do clube em SAF. Os compradores serão os empresários que já gerem o clube, chamados de 4Rs. Entre eles, está Rubens Menin, que falou sobre o projeto no seu clube do coração.

Em entrevista ao NeoFeed Brasil, Rubens Menin falou do planejamento da “Galo Holding” para sanar todas as dívidas do Atlético e criar um clube com o modelo do Manchester City, da Inglaterra.

Como será a SAF do Atlético?

Rubens Menin falou em valorizar o Atlético, assim como busca fazer com suas empresas. Para isso, tem inspiração no Manchester City, clube inglês atual campeão da Champions League e dominante na Inglaterra há cinco anos. O City se tornou potência mundial quando foi comprado pela família que governa os Emirados Árabes:

— Passei dois dias no Manchester City, que é, para mim, a franquia de maior sucesso do mundo hoje. Olhei todos os detalhes da gestão. É uma coisa impressionante. Nós não vamos conseguir chegar lá agora, mas um dia vamos.

O empresário revelou que ficou impressionado com tudo no clube inglês, desde a aprovação de jogadores, parte técnica, tecnologia, até a parte financeira:

— É uma coisa perfeita. O futebol está longe disso no Brasil. As empresas (times) são amadoras.

Menin ainda cita que o segredo é conseguir unir alta qualidade no futebol e na gestão, que os clubes que atualmente fazem sucesso no Brasil são justamente os que conseguiram isso.

Para isso, Rubens Menin quer implementar no Atlético o que viu no Manchester City, que é “responsabilidade das pessoas”. Cada profissional terá uma meta para ser entregue, desde o preparador físico até a alta cúpula. Com os profissionais alcançando essas metas, o empresário espera que o Galo consiga equilibrar os bons desempenhos dentro e fora de campo.

Como a SAF vai lidar com a dívida do Atlético?

A SAF atleticana vai assumir os mais de R$ 1,8 bilhão de dívida que a associação Atlético tem. Rubens Menin revelou que, só de juros, o Galo paga R$ 100 milhões por ano. Por isso, o aporte que a SAF vai fazer quando acertar todos os detalhes será para pagar a “dívida muito ruim”, que é a bancária e gira em torno de R$ 900 milhões.

As outras dívidas, como a com jogadores e agentes, que gira em torno de R$ 300 milhões, será escalonada com o tempo e “cabe no orçamento com muita tranquilidade”, disse o empresário. A dívida com o Profut, que Menin chama de “dívida boa”, também está na casa dos R$ 300 milhões, é de longo prazo e também é “paga com tranquilidade”. Por fim, há R$ 400 milhões em dívidas da Arena MRV, que podem ser pagas de duas formas: com venda de propriedade ou com a própria receita do estádio. O empresário projeta que a Arena vai ter receita de R$ 120 milhões já a partir do próximo ano.

Dentro desse cenário, Rubens Menin revela que o plano de negócio da SAF do Atlético é zerar inicialmente a “dívida ruim” e amortizar as outras, ficando totalmente livre de dívidas entre 2026 e 2027.

As dívidas do Atlético:

  • R$ 900 milhões bancárias
  • R$ 300 milhões com jogadores e empresários
  • R$ 300 milhões do Profut
  • R$ 400 milhões da Arena MRV

O resumo da SAF do Atlético

  • R$ 913 milhões de aporte, sendo R$ 713 milhões dos 4Rs + R$ 200 milhões de dois fundos de investimentos;
  • Dentro dos R$ 713 milhões dos Rs, R$ 313 milhões serão abatidos nas dívidas do clube com eles, ou seja, vão aportar R$ 400 milhões;
  • A SAF fica com 75% e a associação com 25%;
  • Arena MRV e Cidade do Galo estão inclusas em sua totalidade na SAF;
  • Composição da SAF: 78% dos 4Rs, 11% de um fundo de investimento e 11% de outro fundo;
  • A dívida, de R$ 1,8 bilhão, fica inteiramente na conta da SAF.

Quem são os novos donos do Atlético?

Os compradores majoritários da SAF do Atlético são os atuais mecenas do clube, conhecidos como “4Rs”: Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador. Eles são empresários mineiros e atleticanos, que há muitos anos ajudam o clube financeiramente, mas desde 2020 assumiram o comando ao lado da atual diretoria.

  • Rubens Menin: mais ativo dos investidores, Rubens Menin é chamado de “vovô” por alguns atleticanos. Ele é um empresário bilionário, fundador de grandes empresas como a MRV Engenharia, o Banco Inter e a CNN Brasil. Ele ainda adquiriu há alguns anos a Rádio Itatiaia, principal veículo de comunicação de Minas Gerais.
  • Rafael Menin: filho de Rubens, Rafael é o atual presidente e CEO da MRV Engenharia
  • Ricardo Guimarães: outro empresário muito ativo na vida do Atlético, tendo passado até pela presidência do clube entre 2001 e 2006, vivendo o primeiro rebaixamento da história do Galo. Ele é dono e presidente do Banco BMG.
  • Renato Salvador: mais reservado do grupo dos 4Rs, Renato e sua família são proprietários da rede de hospitais Mater Dei, uma das mais relevantes do Brasil.

+ LEIA MAIS: Opinião: por que a torcida do Atlético-MG acreditaria em seus ‘novos’ donos?

A SAF fará investimentos no futebol?

Rubens Menin repetiu as falas do CEO do Atlético, Bruno Muzzi, que seguirá na SAF no comando da infraestrutura do clube, enquanto o atual presidente, Sérgio Coelho, será o CEO do futebol, de que o Galo estabeleceu plano de orçamento que deixe o clube competitivo, mas que não gaste muito e nem varie muito com o que está acontecendo atualmente.

— Esse orçamento é crescente nos próximos cinco anos. Ele vai aumentando todos os os anos, pois à medida que você vai pagando as dívidas, vai sobrando mais dinheiro para o futebol.

Críticas sobre o processo da SAF

Sobre as críticas alegando que o processo da SAF do Atlético não ter sido totalmente transparente, com todas as informações possíveis para a torcida e o conselho, Rubens Menin afirmou que “não há unanimidade entre 10 milhões (de torcedores)”, mas que o conselho aprovou o projeto com o maior índice de todos os tempos:

— Se não tivesse transparência, não teria isso. O conselho validou a transparência. É um grupo pequeno que está falando que não tem transparência.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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