Brasileirão Série A

Na hora do aperto, Palmeiras recorre a crias escanteadas ao longo do ano

Abel Ferreira está concedendo protagonismo a garotos no momento em que o Palmeiras passa pela maior pressão

O Palmeiras vive um momento complicado na temporada. Eliminado da Libertadores, já não tem chance real de conquistar o Campeonato Brasileiro e corre risco de não se classificar para a Libertadores.

Não parece o momento propício para os jogadores promovidos da base recentemente ganharem espaço. Mas é justamente isso que está acontecendo.

Faltando 11 jogos para o fim do Brasileirão, com o time tendo a corda no pescoço por uma vaga direta na próxima edição da Copa Libertadores, os garotos começam a ganhar um protagonismo tardio, que poderia ter sido importante em outros momentos.

Endrick, por exemplo, que começou o ano titular e foi perdendo espaço, só não começará jogando contra o Coritiba neste domingo (22), às 18h30, no Couto Pereira, porque está suspenso. Mas já é possível afirmar que ele, há dois jogos, roubou a posição de Artur, o único reforço de peso do ano, ao custo de R$ 45 milhões.

Do mesmo modo, Kevin virou o substituto de Dudu na ponta-esquerda. E mesmo como opção, Fabinho ultrapassou Jailson e Ríos quando o time precisa de um volante. Assim como Luis Guilherme e Jhon Jhon deixaram para trás Breno Lopes e Flaco López como opções para o ataque – sem contar o improviso de Mayke na ponta.

Mas todo esse moral só veio agora que o calo apertou. Endrick ainda tem um número grande de jogos, mas começou no banco 22 dos 43 que soma no ano. Os demais crias promovidos em 2022 e 23 tem números bem mais modestos:

  • Fabinho, titular em 4 de seus 30 jogos;
  • Jhon Jhon, 11 em 29;
  • Luis Guilherme, 3 em 24;
  • Vanderlan, 15 em 21;
  • E Kevin, que se tornou solução, tem apenas 8 jogos, 2 como titular.

Para efeito de comparação, Weverton e Menino, os jogadores com mais jogos no elenco em 2023, somam 57 participações.

Elenco desequilibrado

Desde 2020, a atual temporada do Palmeiras foi a segunda que teve menos estreias de jogadores da base, com cinco: Ian, Pedro Lima, Luis Guilherme, Kevin e Kauan Santos. Destas, apenas as de Luis Guilherme e Kevin de fato contam. Pedro Lima foi emprestado, e Kauan e Ian têm contagem pífia de minutos em campo.

A temporada que menos teve estreias de garotos promovidos foi a de 2022, quando Endrick debutou. Contudo, há nessa análise uma distorção, já que o Palmeiras praticamente só jogou com Crias da Academia os últimos dois jogos do Brasileiro de 2021, depois da conquista da Libertadores.

O número baixo de jogos dos garotos promovidos nos últimos dois anos é mais uma comprovação do erro da diretoria na montagem do elenco.

Dos 27 jogadores que o clube considera fazerem parte do elenco, dez, mais de um terço, são da base – tal número inclui atletas que subiram há mais de três temporadas, como Gabriel Menino e até Artur, que foi para o Bragantino vendido e voltou comprado.

Cautela demais

Já era anterior à eliminação do Palmeiras ante o Boca Juniors de que o trio Endrick. Luis Guilherme e Kevin estava mais do que pronto e poderia ser peça-chave para a classificação do Palmeiras à final da Copa Libertadores.

Kevin, que dos três é quem somava menos minutos no time profissional, era enxergado, desde a contusão de Dudu, como o nome certo para substituir o camisa 7. Era, afinal, o único atacante de todo o elenco a ter as mesmas características do Baixola, como ele é chamado pelos companheiros.

Assim como Dudu, Kevin é ponta-esquerda destro, que corta para dentro do campo para auxiliar na armação e bater a gol – além de abrir o corredor para Piquerez ir à linha de fundo.

Mas Abel, dentro de seus processos e convicções, preferiu apostar em um ataque com Artur e Rony, apoiado por uma linha de cinco, com Mayke e Piquerez abertos, Zé e Menino, mais centralizados, e Veiga ora buscando a bola próximo à linha de meio-campo, ora como falso ponta-esquerda canhoto.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata Lima

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023
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