Leila Pereira vê cerco no Palmeiras aumentar, mas ainda tem 2024 como trunfo
Presidente do Palmeiras se defendeu durante reunião do conselho deliberativo na noite de segunda-feira (23)
A noite de segunda-feira (23) foi quente no Palmeiras, com conselheiros de oposição enfim sendo ouvidos na reunião ordinária do conselho deliberativo do clube e protestos de torcidas organizadas do lado de fora.
Mas no que toca à força da presidente para um segundo mandato, a partir de 2025, Leila Pereira ainda tem pouco a temer. Para isso, conta com o trabalho de Abel Ferreira e dos jogadores até o fim do ano. Se o time for para a Libertadores, ela terá todo a temporada de 2024 para usar como plataforma de campanha.
“Algo que me chama a atenção, essa crise que estão querendo criar. Engraçado que essa crise se aflorou quando passamos a viver a turbulência no futebol. É inconcebível, é sempre assim. Quando tem uma turbulência no futebol, surgem os criadores de crise. O Palmeiras nunca esteve em uma situação tão privilegiada. É impossível conquistar todos os títulos todos os anos. É impossível, não vamos conseguir”, disse o dirigente.
E de fato, ela tem razão. Foi assim em 2022, por exemplo, quando o conflito com a Mancha Verde foi abafado pelo bom futebol do time. Mas além do time de futebol, Leila precisa contar mais consigo mesma.
Toda a polêmica por ela vivida nas últimas semanas foi turbinada por força de suas próprias palavras. Leila chamou uma entrevista coletiva que, em vez de apaziguar ânimos, os acirrou, e trouxe para si holofotes de que não precisava.
“Eu tenho coragem de ser a presidente desse clube gigante. Pode ter certeza absoluta, nós sabemos onde queremos chegar. Não serão 40 o número que for de pessoas que vão nos tirar do nosso caminho. A minha força não é bruta, mas tenho força para seguir no meu caminho. Eu não desisto em hipótese alguma. Eu sei que vocês estão do meu lado”.
Por enquanto, sua fala é mais verdade do que mentira.
Leila Pereira e um quase mea culpa
A Trivela teve acesso à íntegra da fala de Leila na reunião do conselho, na qual ela foi bem menos performática do que no encontro com os jornalistas. Negou ter dado a entender que o Palmeiras dependia dela para não ser rebaixado, e tampouco que a História do clube começara em 2015.
Disse que qualquer um que entrar no clube e não seguir a linha de trabalho dela está fadado a tal risco, de voltar à Série B. A segunda declaração, ela não deu literalmente. Mas quando disse que até a chegada da Crefisa, o Palmeiras só comemorava salvar-se do rebaixamento, foi o que indicou.
Leila também negou que tenha desrespeitado o Palmeiras, a quem chamou de “clube que amo”. Afirmou ter revisto a coletiva seis vezes e não ter enxergado nada nesse sentido, do desrespeito. O que não é mesmo de se duvidar.
A dirigente já mostrou em mais de uma oportunidade que tem dificuldade em identificar e reconhecer seus desacertos. Mas reconheceu, sim, que o clube errou em algumas contratações, afirmando que o futebol é feito de algumas apostas.
Voltou a dizer também que não vê conflitos de interesse em patrocinar e presidir um clube ao mesmo tempo. E garantiu que o avião da sua empresa Placar, a Arena Barueri, que o clube usará quando o Allianz Parque estiver em uso, e a reforma do Conjunto Aquático serão integralmente custeados pela Crefisa e jamais vão se tornar dívidas para o Palmeiras.
A tendência é que a oposição a Leila cresça com o passar dos meses, mas a um ritmo que será ditado pelo futebol. Ao mesmo tempo que joga contra Leila, o tempo poderá jogar a seu favor. Leila tem o cofre e a chave na mão para tal.