Brasileirão Série A

Incapaz de convencer nas explicações, Renato prefere atacar imprensa após nova derrota do Grêmio

Após derrota do Grêmio para o Athletico-PR, Renato Portaluppi atacou a imprensa tanto nas opiniões sobre o jogo quanto nas críticas por não ter falado após o Gre-Nal

A entrevista coletiva de Renato Portaluppi após a derrota, de virada, para o Athletico-PR, em plena Arena do Grêmio, pode ser dividida em duas partes: uma sobre o jogo em si, e outra sobre o incidente após o insucesso anterior, no Gre-Nal, em que o treinador não concedeu entrevista coletiva e viajou direto para o Rio de Janeiro. Ambos assuntos tiveram pontos em comum: ataques à imprensa, e explicações que não convenceram.

Renato diz que imprensa não procurou saber sua versão, o que não é verdade

Sobre não ter falado após o Gre-Nal, Renato criticou os jornalistas pelo que considera ter sido um “massacre”.

— A única desculpa que tenho que pedir por esse episódio é para a torcida do Grêmio. Eu pergunto para vocês [repórteres] e os colegas de vocês: antes de me massacrarem, me condenarem, alguém quis saber da minha versão? Negócio de vocês é fazerem onda. Já que ficaram quatro, cinco dias me massacrando, não preciso responder isso a vocês. Tenho que responder ao presidente, aos meus torcedores. Esse assunto está morto.

O treinador deconsidera que muitos profissionais da imprensa procuraram saber sua versão, inclusive na chegada no Rio de Janeiro, mas não obtiveram retorno. E a desculpa, finalmente dada por Renato, foi esfarrapada: alegou que o Aeroporto Salgado Filho poderia estar fechado por conta de serração em Porto Alegre na segunda-feira (9) de manhã, e que seu compromisso, naquela data, era inadiável. Faltou o técnico gremista lembrar que o vôo das 19h30min, que ele pegou, não era o último do domingo (8) para a capital fluminense.

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Ruído de comunicação com o presidente Alberto Guerra

Nas respostas que se sucederam a respeito do tema, Renato negou que tenha passado por cima de ordem do presidente Alberto Guerra. Ao fazer isso, escancarou ruído de comunicação com o mandatário, que demonstrou grande insatisfação pelo fato do treinador não ter falado após o Gre-Nal.

— Busquem todos presidentes, mais recente foi o presidente Romildo. Perguntem se algum dia passei por cima de uma decisão do presidente. Alguns que gostam de fazer onda, gostam de falar que o Renato manda no Grêmio. O combinado não sai caro para ninguém. Jamais vou tomar decisão por conta própria. Meu relacionamento com o Guerra sempre foi muito bom, e vai continuar sendo. Não sei se ele sabia que eu iria viajar. Quando se fala que o presidente estava exigindo, que pediu para o Renato ficar, nesta hora já estava no avião. Fiquei sabendo da entrevista do presidente no Rio de Janeiro. Se ele tivesse conversado comigo no vestiário, que nem deu tempo, e ele tivesse perguntado, eu teria dito: ‘presidente, com todo respeito, eu não posso ficar, porque tenho um compromisso inadiável amanhã de manhã, às 6h30min’. Isso já tinha combinado com as pessoas durante a semana. Não sei se chegou nos ouvidos dele.

Depois do clássico no Beira-Rio, Guerra revelou que já sabia da decisão de Renato há alguns dia, mas esperava que o treinador mudasse de ideia. Também disse que não poderia simplesmente “trancar a porta do vestiário” e obrigá-lo a falar.

Desfalques não justificam tudo

Em relação à derrota para o Athletico-PR, a segunda consecutiva no Campeonato Brasileiro, Renato se apegou nos desfalques de volantes para justificar os problemas defensivos que sua equipe apresentou mais uma vez. Diante das ausências, o técnico gremista colocou Nathan como volante, ao lado de Pepê, e Iturbe e Besozzi nas pontas do 4-2-3-1.

— O que me restou foi uma equipe ofensiva. É o que tinha. Mas ninguém quer saber que eu estava sem cinco volantes. É mais fácil criticar porque o Grêmio deu espaços para o adversário. Eu sabia que o adversário iria ter espaços, mas era o que eu podia fazer. O adversário jogou bem, mas o Grêmio também — afirmou Renato, que se irritou com repórter que disse que sua equipe não vinha apresentando padrão de jogo.

O treinador esquece, ou faz de conta que não lembra, que os problemas defensivos não foram exclusividade do jogo contra o Athletico-PR, em que os desfalques dificultaram. Com os dois gols e as vinte finalizações sofridas, o Grêmio se igualou ao Goiás como quinta pior defesa do Campeonato Brasileiro, e segue como o time que mais concede chutes aos rivais.

E, mesmo com as ausências, Renato poderia ter feito escolhas melhores. A saída de João Pedro do time titular, após ter feito gol no Gre-Nal, foi injustificável. Da mesma forma que Iturbe iniciar entre os titulares. Não por acaso, o Grêmio melhorou no jogo a partir do intervalo, quando o treinador voltou atrás nas opções iniciais e promoveu as trocas.

Além das escolhas individuais, os problemas do Grêmio são, principalmente, de viés tático. Mas Renato não reconhe, e não explica. Prefere o caminho mais fácil, de atacar a imprensa. Pode ludibriar alguns torcedores que, justificadamente, o tem como maior ídolo. Mas as vaias ao final do jogo na Arena dão conta de que a paciência está acabando. Até porque a outrora tranquila classificação para a Libertadores começa a ser ameaçada.

Foto de Nícolas Wagner

Nícolas WagnerSetorista

Gaúcho, formado em jornalismo pela PUC-RS e especializado em análise de desempenho e mercado pelo Futebol Interativo. Antes da Trivela, passou pela Rádio Grenal e pela RDC TV. Também é coordenador de conteúdo da Rádio Índio Capilé.
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