O copo meio cheio e o meio vazio da estreia do Flamengo no Brasileirão
Os três pontos foram fundamentais, mas o Flamengo de Tite voltou a decepcionar tecnicamente, diante do Atlético-GO

A vitória do Flamengo para cima do Atlético Goianiense teve dois lados da moeda. Claro que os 90 minutos foram marcados por (muitas) polêmicas de arbitragem, a atuação do mineiro André Luiz Skettino, do quadro da CBF, foi desastrosa, mas o Rubro-Negro pode tirar algumas lições. A performance da equipe de Tite dentro das quatro linhas foi novamente decepcionante.
Apesar disso, dizer que o Flamengo saiu do Serra Dourada chateado com a atuação é leviano. Como o próprio Tite frisou, na coletiva, com o apoio de Cléber Xavier, não é sempre que o Rubro-Negro vai conseguir amassar o adversário. O importante são os três pontos.
O copo meio cheio para o Flamengo
Estrear com vitória não tem preço. Mesmo que aos trancos e barrancos, o Flamengo conseguiu três pontos importantes diante de um time arrumado e interessante do Atlético-GO. Jair Ventura, expulso na primeira etapa, foi muito elogiado por Tite e Cléber Xavier. Nem mesmo com um jogador a mais o Rubro-Negro carioca teve facilidade para dominar o Dragão. Foi um jogo muito duro.
Essa dificuldade valoriza mais o resultado. De La Cruz ainda desencantou com a camisa rubro-negra, marcando um golaço de falta para abrir o placar. Diante de um campeonato que premia a regularidade, Tite e companhia começaram com o pé direito.
— Os mesmos 3 pontos que disputamos com o Atlético-GO aqui, são os mesmos 3 pontos que vão dizer onde nós vamos estar. Era a primeira de 38 decisões — disse Tite, na coletiva.
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O copo meio vazio
Pensando pelo lado negativo, o Flamengo ainda tem muito a melhorar. Diante diferença técnica entre os elencos, se esperava que o Rubro-Negro carioca fosse para cima do Dragão, mesmo jogando fora de casa. A equipe de Tite, contudo, não conseguiu ser superior nem quando teve um jogador a mais em campo. Pelo contrário, poderia muito bem ter perdido se não fosse o pênalti salvador no fim.
Léo Pereira, tão celebrado no Carioca, começou o Brasileirão com um dos pênaltis mais infantis do ano. Ayrton Lucas jogou improvisado e foi mal, enquanto Arrascaeta, Pulgar e Cebolinha apresentaram muito desgaste físico. Quando o coletivo não entrega, é natural que o individual saia prejudicado, e com o Rubro-Negro não foi diferente.
Em números, o Flamengo fez jogo muito abaixo no Serra Dourada. Teve mais posse de bola e finalizações, mas não conseguiu transformar a vantagem com eficiência. Para ter uma noção, dos 15 chutes do Rubro-Negro no duelo, apenas dois foram no gol, justamente os que entraram. A equipe de Tite ainda cometeu 12 faltas, e Rossi precisou trabalhar bem mais que o habitual.
- 15 chutes (apenas dois na direção do gol)
- 12 faltas cometidas (acima da média do Flamengo em 2024)
- 86% de precisão no passe (abaixo da média do Flamengo em 2024)
- Segundo gol sofrido pela equipe titular em 2024
Jogo de muitas intervenções
Não dá para analisar o jogo sem falar das polêmicas de arbitragem. André Luiz Skettino parecia nervoso e perdeu o controle da partida antes dos 15 minutos iniciais, ao expulsar Jair Ventura. O que veio depois foi apenas uma consequência do despreparo dos árbitros no Brasil. Não foi só no Serra Dourada, mas, observando o recorte, foram pelo menos quatro lances polêmicas no duelo entre Flamengo e Atlético-GO.
O gramado do Serra Dourada também precisa ser levado em conta. Parte da má atuação do Flamengo pode ser atribuída a ele, que parecia mais um campo de areia do que de grama natural.

Vitória importante para maratona
O resultado foi fundamental para o Flamengo, que abre o Campeonato Brasileiro com uma sequência de jogos pesados e difíceis. O próximo será diante do São Paulo, nesta quarta-feira (17), no Maracanã, em duelo que marca o início da caminhada do Rubro-Negro em casa na liga nacional.
Ainda em abril, o Flamengo enfrentará Palmeiras e Botafogo pelo Brasileirão, além de subir a altitude de La Paz para encarar o Bolívar, pela Libertadores. São jogos que vão dar casca ao Rubro-Negro, e que Tite e companhia precisam aliar o bom desempenho aos resultados.