Brasileirão Série A

A prova que os desfalques não são justificativa para o segundo turno ruim do Flamengo

Campanha rubro-negra no returno é muito pior do que a apresentada na Data Fifa, que tirou meio time titular de Tite e companhia

Os números do Flamengo no segundo turno do Campeonato Brasileiro são fracos — ainda mais se comparados à primeira metade, em que foi líder por boa parte do tempo.

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O desempenho desde a virada da tabela só afastou os rubro-negros da primeira colocação. No momento, o time de Tite é apenas o quarto colocado, a oito pontos do líder Botafogo.

Um dos grandes motivos apontados para a queda de desempenho são os vários desfalques do time. Por isso, a Trivela comparou os números do período de Copa América, no qual o Flamengo também teve que se desdobrar com inúmeras ausências.

As baixas continuam sendo um problema, mas são suficientes para justificar o desempenho ruim?

Comparando os números do Flamengo

Foram nove jogos durante Copa América e sete neste segundo turno do Campeonato Brasileiro. As sequências se dividem por poucos dias, separadas apenas pelo jogo adiado diante do Internacional, no Beira-Rio. Apesar disso, as campanhas divergem bastante.

Flamengo durante a Copa América Flamengo no segundo turno
10 desfalques 12 desfalques
9 jogos 7 jogos
5 vitórias 2 vitórias
62% de aproveitamento 38% de aproveitamento
   

Enquanto o Flamengo acumulou 62% de aproveitamento durante a Copa América, entre cinco vitórias, dois empates e duas derrotas, a equipe tem apenas 38% no returno, com duas vitórias, dois empates e três derrotas. O clube ficou no G-4 na Data Fifa, mas está em 13º na tabela do segundo turno.

É importante frisar: mesmo que vença os próximos dois jogos válidos pelo Brasileirão, o Flamengo não terá um aproveitamento superior ao conquistado durante a Copa América.

Muitos desfalques

A Copa América já tinha Erick Pulgar, De La Cruz, Arrascaeta, Varela e Matias Viña como desfalques confirmados, ou seja, um terço da equipe titular.

Não ajudou nem um pouco quando Allan, Léo Pereira, Ayrton Lucas, Cebolinha e Bruno Henrique apresentaram problemas físicos. Todos os citados perderam pelo menos uma partida no período.

O returno, por sua vez, começou justamente na transição entre julho e agosto, o pior período de lesões do Flamengo em 2024. Ao todo, o clube acumulou 12 problemas físicos no oitavo mês do ano e perdeu dois atletas pelo resto da temporada: Cebolinha e Matias Viña.

A lesão de Cebolinha fez com que Tite precisasse mexer no ataque base do Flamengo (Foto: Icon Sport)

Logo que começou, setembro também trouxe a lesão grave no joelho de Pedro, outro que não joga mais em 2024. Tudo isso, sem dúvida, prejudicou ainda mais a campanha do Flamengo no segundo turno do Brasileirão.

Contexto vale bastante

Tite gosta bastante de citar os mais diversos fatores que envolvem um jogo de futebol. A linha é tênue entre a fuga do resultadismo e mascarar o desempenho ruim, ou seja, é preciso analisar os fatores que fizeram com que o Flamengo chegasse até aqui. Um que precisa ser levado em consideração é a sequência de partidas.

Por mais que também tenha recebido pouco tempo de descanso entre as partidas, o período de Copa América viu o Flamengo entrar em campo apenas pelo Brasileirão. O intervalo médio foi de três dias e meio, e o Rubro-Negro não precisou preservar atletas.

Já nesse segundo turno da liga nacional, o Flamengo precisou dividir as atenções entre duelos muito complicados de Copa do Brasil e Libertadores.

Para ter uma noção: o clube teve um confronto direto diante do Botafogo, garantiu a classificação às quartas da competição continental em La Paz e voltou ao Rio para vencer o Bragantino. Tudo isso num espaço de sete dias.

Em meio a maratona, o Flamengo manteve o que tinha de melhor no Brasileirão, com exceção do jogo contra o São Paulo, pela 21ª rodada. Na ocasião, Tite mandou a campo um time misto. Apenas Rossi e Léo Pereira eram considerados titulares na época. Gabigol e Carlinhos jogaram juntos.

O veredito

Levando em consideração todos os fatores analisados, é possível afirmar que a queda de rendimento no Brasileirão, embora frustrante, tem embasamento. Outros rivais que lideram a competição, como Botafogo e Palmeiras, já foram eliminados de pelo menos uma copa, algo que não é o caso do Flamengo.

Isso não isenta o time de críticas. Alguns resultados, como diante de Palmeiras e Vasco da Gama, no Maracanã, acabaram escapando das mãos nos minutos finais. As derrotas para o Botafogo, em goleada que poderia ser pior, e contra o Corinthians, que luta no Z-4, também são doloridas, especialmente pelo baixo nível apresentado.

A perspectiva, contudo, é de melhora na campanha. O Flamengo foi ao mercado para suprir as lesões que minaram o elenco e pode rodar mais o elenco em busca de vitórias. Alex Sandro e Gonzalo Plata, inclusive, estrearam muito bem no Clássico dos Milhões.

O próximo compromisso do Flamengo na liga nacional é contra o Grêmio, no domingo (22), a partir das 18h30 (de Brasília). Antes disso, os rubro-negros encaram o Peñarol na quinta-feira (19), pelas quartas de final da Libertadores.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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