Brasileirão Série A

Desempenho ofensivo do Flamengo no Brasileirão é pior do que parece, veja números

Os quatro gols marcados pelo Flamengo no Brasileirão parecem pouco, mas são muito diante daquilo que o time já produziu

A defesa do Flamengo piorou no início do Brasileirão com relação ao Campeonato Carioca, sem dúvida, mas a queda mais gritante foi do ataque. Se no Estadual o Rubro-Negro dominava, mostrando grande repertório, a chegada da liga nacional escancarou uma realidade difícil de entender, diante da qualidade das peças do Flamengo. E os números poderiam ser ainda piores.

Para embasar a análise, a Trivela se apoiou em duas estatísticas: a de finalizações, sejam elas na direção do alvo ou não, e de gols esperados, uma projeção que, a cada dia, passa ser mais considerada no futebol moderno. Os resultados foram surpreendentes.

O que são os gols esperados?

A projeção de gols esperados, segundo o Sofascore, mede a qualidade de uma chance calculada com base na porcentagem de acerto de determinado atleta naquela área do campo. Ao contrário dos chutes, o contexto é levado em conta.

É possível retirar um exemplo disso logo na estreia do Flamengo no Brasileirão, diante do Atlético-GO. Nico De La Cruz e Léo Pereira se posicionaram para cobrar a falta que ocasionou o primeiro gol rubro-negro na competição e, tanto o meia quanto o zagueiro teriam contabilizado uma finalização no alvo se tivessem acertado o gol. O contexto, no entanto, apresentava uma porcentagem maior de acerto caso o uruguaio a cobrasse.

Ataque do Flamengo pouco eficiente nas finalizações

Nos quatro jogos neste início de Campeonato Brasileiro, o Flamengo soma 50 finalizações, cerca de 12 por partida, considerada razoável para os padrões do Rubro-Negro. O problema, definitivamente, é a falta de pontaria, já que apenas 11 deste total foram na direção da meta adversária, número considerado muito baixo diante do poderio ofensivo do elenco.

O Flamengo não conseguiu imprimir um futebol ofensivo neste início de Brasileirão (Foto: Icon Sport)

O ápice, sem dúvida, foi o jogo deste domingo (28) contra o Botafogo, no qual o Flamengo chutou 15 vezes e não acertou a meta defendida por Jhon. A partida de estreia, diante do Atlético-GO, também reservou um péssimo aproveitamento nas finalizações, enquanto a vitória sobre o São Paulo teve a melhor marca. É muito pouco para um Rubro-Negro que conta com peças de qualidade (e caras) no ataque.

O mais curioso é que, quando acerta, o Flamengo costuma marcar. Dessas 11 finalizações que foram na direção do gol, quatro entraram – quase 40% – o que deixa o desespero do torcedor ainda mais compreensível. Diante do Botafogo, várias foram as situações em que o Rubro-Negro teve a oportunidade, mas não o fez.

  • Flamengo x Atlético-GO – 15 finalizações (2 no gol)
  • Flamengo x São Paulo – 12 finalizações (6 no gol)
  • Flamengo x Palmeiras – 8 finalizações (3 no gol)
  • Flamengo x Botafogo – 15 finalizações (0 no gol)

Gols esperados mostram que poderia ser pior

Utilizando a métrica mais avançada, é possível observar que o desempenho ofensivo do Flamengo é ainda pior do que parece. Dos quatro primeiros jogos no Brasileirão, a equipe de Tite só ficou abaixo das expectativas em uma, justamente contra o Botafogo, no último fim de semana. Diante daquilo que o time produziu, em gols esperados, os resultados diante de Atlético-GO e São Paulo poderiam ter sido diferentes.

Até mesmo na vitória que demitiu Tiago Carpini do Morumbi, considerada a grande exibição do Flamengo neste Brasileirão, os números mostram que o Rubro-Negro contou muito mais com a sorte, ou competência dos seus atletas. Nem o golaço de Luiz Araújo, nem o toque sutil de Nico, com Rafael já vendido, foram contabilizados como grande chances.

  • Flamengo x Atlético-GO – 1.21 gols esperados (supera as expectativas)
  • Flamengo x São Paulo – 1.30 gols esperados (supera as expectativas)
  • Flamengo x Palmeiras – 0.24 gols esperados (dentro das expectativas)
  • Flamengo x Botafogo – 0.70 gols esperados (abaixo das expectativas)

Essa estatística mais acessível, inclusive, mostra como o Flamengo não consegue capitalizar. A equipe não conseguiu criar mais de uma grande chance em todas as partidas analisadas e só converteu uma, na estreia, contra o Atlético-GO.

Até onde o desgaste atrapalha?

A Trivela também analisou o quanto o ataque do Flamengo foi modificado no recorte, para ter uma ideia do tamanho do buraco deixado pelo desgaste. Quem menos jogou, sem dúvida, foi Everton Cebolinha, que se machucou contra o São Paulo e está fora de ação desde então. A única partida em que o ataque esteve completo foi na estreia.

A lesão de Cebolinha fez com que Tite precisasse mexer no ataque base do Flamengo (Foto: Carlos Santtos/Fotoarena/Sipa USA) – Photo by Icon Sport

Desgastados ou não, os jogadores ofensivos do Flamengo produziram pouco neste início do Campeonato Brasileiro. Coletivamente, os quatro gols marcados só não são piores do que cinco clubes — Corinthians, Palmeiras, Vitória, Atlético-GO e Criciúma —, sendo três deles na zona de rebaixamento. Somente Pedro, de pênalti, e Luiz Araújo marcaram.

Se a marca de Tite é o equilíbrio, o Flamengo realmente vai precisar dar um passo atrás para reagrupar e mostrar fibra para se recuperar.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
Botão Voltar ao topo