Cruzeiro tem tropeço difícil de entender e Pepa não se esforça para explicar
O Cruzeiro de Pepa voltou a jogar bem, mas segue sem vencer; apesar do desempenho positivo, escolhas do treinador influenciam diretamente nos resultados e passam a ser questionadas

O Cruzeiro deixou escapar uma vitória quase certa na noite desse sábado (19), no Mineirão. Vencendo o time misto do Corinthians por 1 a 0 até os 53 minutos da segunda etapa, a equipe de Pepa perdeu uma bola fácil, com Gilberto, no campo ofensivo, levou o contra-ataque e foi punido no apagar das luzes por um gol de Gustavo Silva, também chamado de Mosquito.
A sensação de alívio que todos os cruzeirenses sentiam a estarem próximos de uma vitória após cinco jogos sem um triunfo sequer, se tornou logo um misto de frustração, incredulidade e raiva. Nenhum dos mais de 30 mil presentes num fim de sábado no Mineirão entendeu bem como os três pontos escaparam por entre os dedos. E na entrevista coletiva, Pepa pareceu não conseguir, não poder ou não se esforçar o suficiente para explicar.
Após a derrota para o Palmeiras, também com gol sofrido no último lance do jogo, a Trivela publicou o texto “Pepa ‘arranha o disco’ e repete falas, substituições e falta de resultado“. Esse mesmo título poderia ser utilizado para resumir a coletiva de hoje. O português mais uma vez lamentou e não afirmou não ter visto justiça no resultado.
— Essa frustração é dos jogadores, da torcida e de todos nós. Uma situação ingrata. Não se trata só de segurar o resultado. Tivemos a oportunidade de fazer o segundo gol. Isso é de uma injustiça tremenda, mas o futebol é isso — desabafou Pepa.
RESUMO DA COLETIVA DO PEPA
Pepa chamou o resultado de "injustiça tremenda" e ressaltou que é necessário apoiar os jogadores, porque o time está jogando bem. Segundo ele, a ideia é continuar jogando bem nos próximos jogos. pic.twitter.com/k2vx55PqJA
— Maic Costa (@omaiccosta) August 20, 2023
Atuação de Gilberto
Pouco antes de sofrer o gol, o Cruzeiro havia mandado uma bola no travessão, com Robert. Durante o segundo tempo, Papagaio perdeu boa oportunidade após rebote de Cássio. Mas o lance que mais ficou marcado na cabeça do cruzeirense na última noite foi a bola perdida por Gilberto, que havia entrado em campo alguns minutos antes. O centroavante perdeu uma bola já dominada, no campo de ataque e armou o contragolpe que resultou no gol corintiano. Apesar da situação, Pepa preferiu não individualizar.
— São momentos. Temos que estar todos aqui para levantarmos uns aos outros. Lembro no início do campeonato, o Giba não fazia gols, mas entregava, trabalhava. A cobrança é grande em todo lado e aqui tem que ser assim. Somos nós os primeiros a cobrar uns aos outros — argumentou o treinador.
Perguntado sobre a insistência em não individualizar críticas sobre Gilberto, Pepa deixou claro que por seu papel como treinador, não é correto expor seus atletas.
— Essas questões individuais, como deve compreender, são analisadas internamente.
- - ↓ Continua após o recado ↓ - -
Substituições
Pepa foi questionado ainda sobre as alterações feitas durante o jogo. A entrada de Gilberto, principalmente, foi muito criticada. Vide o momento do jogador e sua prestação em outros momentos em aspectos que a partida contra o Corinthians pedia, a escolha por ele parecia no mínimo arriscada. O treinador falou das mudanças.
— Não é sempre, nós não fazemos sempre as cinco (substituições). Se tivermos que fazer uma, duas ou três, fazemos. A questão (da saída) do Wesley e do Bruno (Rodrigues) foi uma questão de jogadores descansados nos corredores atrás. O Machado foi uma questão tática. Para termos a superioridade numérica que não estávamos a ter e a verdade é que o jogo ficou mais estável a partir daí — explicou o treinador, sem citar a entrada de Gilberto.
Pepa nega falta de concentração
O treinador Pepa ainda negou que os maus resultados recentes — o Cruzeiro sofreu gols no fim de três dos seus últimos quatro jogos — tenham sido resultado de falta de concentração dos jogadores.
“Não tem nada a ver com concentração. Estamos falando de um lance próximo da bandeirinha de escanteio. É uma situação de que temos que fazer falta ali. Não trata-se de concentração, trata-se puro e simplesmente de detalhes. Detalhes e competência. Faltou sermos mais malandros também”.
Apesar da coletiva longa, onde Pepa paciente e educadamente respondeu todos os jornalistas presentes, muitos questionamentos ainda ficam no ar. O que fazer para o Cruzeiro vencer? É necessário substituir os cinco jogadores em todos os jogos, mesmo com opções inferiores no banco? O que justifica a escalação constante de Gilberto, que atuou em 18 dos 20 jogos da equipe no Brasileirão, quando outros jogadores que não agradaram passaram a perder oportunidades ou até deixaram o clube, como é o caso de Neto Moura e Henrique Dourado? São perguntas que o torcedor celeste irá dormir, mais uma vez, sem saber as respostas.