Brasileirão Série A

Atlético-MG mostra evolução, mas ainda precisa melhorar muito, principalmente no ataque

Apesar de três jogos sem perder e sofrer gols, time de Felipão ainda precisa de muita evolução

O Atlético-MG venceu o Bahia por 1 a 0 na manhã deste domingo (13), no Mineirão, e somou o terceiro jogo seguido sem sofrer gols e sem derrotas. O time de Felipão teve uma melhora defensiva, mas ainda precisa melhorar muito seu desempenho ofensivo.

São três jogos seguidos sem sofrer gols, algo que não acontecia desde maio, quando o time venceu Cuiabá (4×0), Internacional (2×0) e Corinthians (2×0). Na atual sequência, apesar de ter havido uma melhora, o time ainda sofre um pouco e teve que contar com grandes defesas dos goleiros ou erros dos adversários.

Já é o terceiro jogo que não tomamos o gol que faz a gente mudar a personalidade dentro do campo – afirmou Felipão após a vitória contra o Bahia

Contra o São Paulo, quando o Galo venceu por 2 a 0, o time conseguiu se segurar bem e sofreu apenas três grandes chances de gol. A primeira foi em uma jogada individual com uma arrancada, a segunda em uma cobrança de falta e a terceira, a mais perigosa, em um cruzamento, que terminou com grande defesa de Matheus Mendes.

Na Libertadores contra o Palmeiras, empate por 0 a 0, mas com o Atlético sofrendo mais. O alviverde teve, no mínimo, seis boas chances de marcar, e de diversas formas, como cruzamento, cobrança de falta, escanteio e contra-ataque. Everson foi um nome importante para manter a meta zerada, além das más decisões de jogadas do time paulista.

Já contra o Bahia, o Atlético foi mais seguro, fazendo um jogo defensivo parecido do que foi contra o São Paulo. Apesar de deixar o adversário mais tempo com a bola, conseguiu evitar que ele criasse muitas chances. Foram duas apenas, ambas com chutes de fora da área, com a diferença que uma teve jogada coletiva e a outra foi individual.

Confira algumas estatísticas das últimas três partidas do Atlético

São Paulo 0x2 Atlético

  • Finalizações (no gol): 19 (3)x(2) 8
  • Chutes dentro da área: 12×2
  • Duelos ganhos: 65×64
  • Desarmes: 14×23
  • Interceptações: 10×12
    Como foi atacado com perigo: três forma (jogada trabalhada/individual + falta + cruzamento)

Palmeiras 0x0 Atlético

  • Finalizações (no gol): 19 (7)x(0) 7
  • Chutes dentro da área: 9×1
  • Duelos ganhos: 65×54
  • Desarmes: 21×19
  • Interceptações: 11×5
    Como foi atacado com perigo: diversas formas (cruzamento + saída errada + jogada trabalhada + contra-ataque + escanteio + falta)

Atlético 1×0 Bahia

  • Finalizações (no gol): 11 (4)x(5) 14
  • Chutes dentro da área: 6×7
  • Duelos ganhos: 52×50
  • Desarmes: 22×15
  • Interceptações: 10×12
    Como foi atacado com perigo: chutes de fora (jogada coletiva + jogada individual)

Nas duas vitórias em que o Atlético sofreu menos defensivamente, o time conseguiu ter melhores números que os adversários nos quesitos defensivos, como duelos ganhos e desarmes, o que mostra uma eficiência maior do setor.

Felipão pode testar três zagueiros

Apesar da melhora defensiva do Atlético, Felipão, que perdeu no último jogo Igor Rabello – que vinha sendo seu melhor jogador, não apenas o melhor defensor -, revelou que chegou a fazer testes no time com a formação com três zagueiros. Um dos utilizados na zaga foi Bruno Fuchs, que voltou recentemente de lesão:

— A gente treinou nesta semana com três zagueiros, e um deles foi o Bruno Fuchs. Ele vem de lesão, mas as características dele são muito boas pra jogar com três zagueiros e já jogou até como lateral.

A formação com três zagueiros levou Felipão a um de seus maiores feitos na carreira, se não o maior: o título da Copa do Mundo de 2002 com o Brasil. Na ocasião, o treinador tinha Edmilson, Roque Júnior e Lúcio no trio de zaga, com os laterais Roberto Carlos e Cafu ganhando liberdade para atacar.

No Atlético, quem provavelmente ganharia muito com o esquema é Guilherme Arana, que ficaria mais livre para exercer sua principal característica, a chegada ao ataque.

O provável Atlético com três zagueiros, espelhado na Seleção de 2002 é:

GOL: Marcos = Everson
ZAG: Lúcio = Fuchs
ZAG: Edmilson = Maurício Lemos
ZAG: Roque Junior = Jemerson
ALA/LE: Roberto Carlos = Arana
ALA/LE: Cafu = Saravia/Mariano
VOL: Gilberto Silva = Battaglia
VOL: Kléberson = Otávio/Alan Franco
MEI: Rivaldo = Igor Gomes/Hyoran/Zaracho
ATA: Ronaldinho = Paulinho
ATA: Ronaldo = Hulk

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Ataque do Atlético funciona pouco

Se, no período analisado, a defesa melhorou, não dá para dizer o mesmo do ataque do Atlético. É verdade que marcou mais gols, mas o volume ainda é baixo considerando o potencial que o time tem em campo. Contra o São Paulo, por exemplo, o Galo chegou pouco e venceu. Talvez se não fossem as bolas paradas, a vitória não teria acontecido. Mas foi uma atitude compreensível, já que era no Morumbi, contra um Tricolor empolgado, havia a necessidade de vencer a qualquer custo para por um fim na má fase.

Por outro lado, contra o Palmeiras, não há explicação. O Atlético precisava vencer por pelo menos um gol para levar a decisão para os pênaltis, mas passou o primeiro tempo inteiro sem oferecer perigo ao gol palmeirense. No segundo, o alvinegro teve mais a bola e mesmo assim pouco atacou, criando apenas uma chance, desperdiçada por Paulinho.

Contra o Bahia, a situação foi um pouco diferente. O Atlético poderia ter criado, mas não conseguiu por erros dos próprios jogadores. Só no primeiro tempo o Galo teve cinco contra-ataques para criar grande chances de gol, mas por decisões erradas dos jogadores, não criou nenhuma.

Essas decisões erradas podem ser explicadas por duas coisas que se misturam: confiança e ansiedade. Na sequência de 10 jogos sem vencer, a frase mais falada por todos no Atlético foi de “recuperar a confiança”. Sem confiança, os jogadores erram mais e arriscam menos. A tentativa acabou aumentando a pressão entre os próprios jogadores, e a tensão de não cometer erros culminava em mais falhas.

Dupla Hulk e Paulinho precisa ser reeditada

Principais jogadores do Atlético no ano, Hulk e Paulinho formaram uma grande dupla de ataque sob o comando de Eduardo Coudet. Com o argentino, os dois jogavam mais próximos, o que fez com eles se entendessem melhor em campo e marcassem mais gols. Neste domingo, isso aconteceu no Mineirão e o gol atleticano saiu da parceria – o 10° da dupla em 2023. Veja:

  • Tombense 1×2 Atlético – gol do Paulinho, com assistência do Hulk
  • Atlético 3×1 Carabobo – gol do Hulk, com assistência do Paulinho
  • Atlético 3×1 Millonarios – gol do Hulk, com assistência do Paulinho + gol do Paulinho com assistência do Hulk
  • Atlético 1×0 Athletic – gol do Hulk, com assistência do Paulinho
  • América 2×3 Atlético – gol do Hulk, com assistência do Paulinho
  • Athletico 2×1 Atlético – gol do Paulinho, com assistência do Hulk
  • Atlético 2×0 Internacional – gol do Paulinho, com assistência do Hulk
  • Alianza Lima 0x1 Atlético, – gol do Hulk, com assistência do Paulinho
  • Atlético 1×0 Bahia – gol do Paulinho, com assistência do Hulk

Já que o ataque do Atlético não cria muito e não está eficiente, Felipão precisar dar um jeito de unir novamente a dupla que estava funcionando para desafogar o time em vários jogos antes dele chegar. No próximo jogo, contra o Vasco, o treinador não terá Pavón, suspenso, podendo manter Hulk e Paulinho lado a lado.

Paulinho não é o vilão

Apesar de ser o vice-artilheiro do Atlético no ano com 16 gols, Paulinho vem sendo alvo da torcida do Atlético por perder muitos gols. Contra o Palmeiras, a única chance do Galo caiu nos pés dele, que driblou o goleiro e acabou chutando para fora. Contra o Bahia, apesar do gol da vitória, saiu vaiado após ter perdido mais uma grande chance.

Apesar das chances desperdiçadas acontecerem com frequência e a torcida ter sua parcela de razão em cobrar o atacante, Paulinho não pode ser visto como o vilão, muito menos ser vaiado após marcar o gol da vitória. Foi o próprio Paulinho, por exemplo, que fez o Atlético estar no mata-mata contra o Palmeiras, já que participou de todos os gols que levaram o Galo da pré-Libertadores para a fase de grupos e também das duas principais vitórias do clube no Grupo G da competição, contra Athletico-PR e Alianza Lima.

Felipão não poupou palavras para defender seu jogador na coletiva pós-jogo e ainda garantiu que ele é um dos jogadores que ele mais confia no elenco.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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