Caio Paulista puxava provocações ao Palmeiras pelo São Paulo e agora está do outro lado do muro
Hoje no Palmeiras, Caio Paulista reencontra ex-clube, São Paulo, em decisão da Supercopa do Brasil

O Palmeiras ainda lamentava a eliminação para o Boca Juniors em pleno Allianz Parque na semifinal da Libertadores, em outubro do ano passado, quando Caio Paulista, à época no São Paulo, usou as redes sociais para alfinetar o então rival. O lateral-esquerdo publicou uma imagem de uma taça de vinho com a seguinte mensagem: “Vou dormir triste hoje”, seguida de um emoji de risada.
Das tantas ironias que o futebol costuma aplicar no destino, Caio pularia o muro que separa os centros de treinamento dos dois clubes menos de dois meses mais tarde para vestir a camisa do Palmeiras. E para enfrentar justamente o São Paulo em um duelo que vale taça neste domingo (4), às 16h (horário de Brasília), no Mineirão, pela decisão da Supercopa do Brasil.
A provocação ao Alviverde nas redes sociais, aliás, não é ato isolado. A Trivela apurou que Caio foi um dos jogadores que mais puxou cornetas ao Palmeiras no vestiário são-paulino depois que o São Paulo eliminou o rival nas quartas de final da Copa do Brasil. O lateral, aliás, marcou um dos gols da vitória por 2 a 1 no Allianz Parque que chancelou a vaga do Tricolor na semifinal.
Palmeiras alfinetou São Paulo em anúncio
O Palmeiras fez questão de alfinetar o São Paulo no anúncio da contratação do jogador, após ter atravessado o negócio do Tricolor com o Fluminense. O clube fez referências ao Big Brother Brasil, reality show da Globo cujos participantes foram revelados ao longo daquele dia.
Para agitar a torcida nas redes sociais, o Palmeiras primeiro publicou um vídeo em que o Big Fone – um telefone que costuma passar mensagens surpresa aos participantes do reality – toca na Academia de Futebol com a notícia da chegada de um novo jogador. No texto, o clube ainda escreveu que já tinha um “paredão” esperando por ele. Trata-se de uma alusão ao muro que divide os CTs dos dois clubes: é como se Caio Paulista houvesse pulado este muro.
☎️ Atenção! A casa mais cobiçada do Brasil vai receber um novo integrante! E já tem Paredão esperando por ele ?#AvantiPalestra pic.twitter.com/roKTJXYlkr
— SE Palmeiras (@Palmeiras) January 5, 2024
Depois, o material publicado pelo clube nas redes social seguiu com uma alusão à música tema do BBB, Vida Real, de Paulo Ricardo. A letra tem frases como: “Se querer é poder” e “se pudesse escolher entre o bem e o mal”. Dois trechos usados pelo Palmeiras no anúncio.
Dias mais tarde, Caio adotou postura bem diferente em sua apresentação oficial. Enquanto sua apresentação nas redes teve um tom de gozação com o São Paulo, o jogador evitou ao máximo alimentar a polêmica. O atleta não poderia ter sido mais diplomático em sua apresentação no Palmeiras. O lateral/atacante cravou, por exemplo, que seu ex-clube São Paulo não levou chapéu no processo de sua transferência.
- - ↓ Continua após o recado ↓ - -
Entenda o chapéu
O São Paulo dava a permanência de Caio Paulista como certa desde a conquista do título da Copa do Brasil, em setembro. À época, a diretoria já falava publicamente que exerceria a opção de compra para permanecer com o jogador de forma definitiva. Inclusive, os dirigentes citavam até que já havia um acordo em andamento com o Fluminense para isso.
E o Tricolor paulista, de fato, chegou a um acordo com o clube carioca. O São Paulo pretendia pagar de forma parcelada, e o Flu sinalizou que aceitava estas condições. Só que mesmo com a preferência, a diretoria são-paulina não depositou o valor estipulado para a primeira prestação em momento algum.
Em dezembro, o negócio esfriou. O São Paulo esperava o Fluminense retornar da disputa do Mundial de Clubes para sacramentar o acordo. Mas o interesse do Palmeiras derrubou o que estava acertado e pegou o Tricolor desprevenido. O agente de Caio, Eduardo Uram, se afastou da diretoria são-paulina, por ter recebido propostas melhores… Como a do Alviverde. O que veio a partir daí foi uma guerra de versões.

Enquanto o São Paulo sustenta que o acordo foi derrubado porque Caio Paulista optou por propostas melhores, o empresário Eduardo Uram dá uma versão diferente para o desfecho do negócio. Em entrevista ao ge, Uram afirmou que o Tricolor paulista teve grande responsabilidade no desacerto, por ter tentado mudar os termos da negociação, com o acordo já alinhado.
– O Caio não é um saco de batata, jogador de futebol não é saco de batata. Saco de batata você vende do jeito que quer, o saco de batata não fala onde quer ser colocado, que prateleira ele quer. O mínimo que o Caio pediu, o São Paulo não deu. Parcelamento é o de menos, o São Paulo queria comprar o Caio por escambo – disse Uram.
Para Caio, porém, não houve chapéu
Em sua entrevista coletiva de apresentação pelo Palmeiras, Caio falou sobre o desacerto com o São Paulo e o acordo com o seu atual clube. Tão afeito a provocações, o lateral preferiu adotar tom protocolar – com certo desconforto – e conciliador. Afirmou que não houve “chapéu” e que tudo ocorreu com ciência de todas as partes envolvidas.
– No meu caso, não houve chapéu algum. Foi tudo muito claro em todas as partes. Houve a oportunidade e eu vim para cá porque queria esse desafio. No futebol, a gente sabe que a única garantia é o papel em cima da mesa. Apenas falar, nada se resolve. As coisas foram conduzidas da melhor forma possível. Fico muito feliz que deu tudo certo. Junto com minha família tomamos a melhor decisão. Estávamos esperando, mas as negociações não deram certo e pude receber o contato do Palmeiras – disse o jogador.