Estrelado por Oscar e Wu Lei, o Shanghai Port é campeão chinês depois de cinco anos
Oscar foi o capitão do Shanghai Port em sua sétima temporada no Campeonato Chinês, enquanto Wu Lei retornou da Espanha para ser novamente o artilheiro do time
Durante os últimos meses, o nome de Oscar circulou nas manchetes de especulação do futebol brasileiro. O meia era alvo do Flamengo, mas o negócio não se concretizou, mesmo que de tempos em tempos volte a ser ventilado. Aos 32 anos, o veterano permaneceu na China, e para ser campeão mais uma vez. Neste domingo, o Shanghai Port conquistou o Campeonato Chinês depois de cinco anos. O clube havia ficado com a taça pela primeira vez em 2018 e repetiu o feito com uma campanha dominante na atual temporada. Oscar esteve entre os protagonistas, ao lado do lendário artilheiro Wu Lei, de volta de sua experiência na Europa.
O Shanghai Port poderia ter sido campeão na semana passada, mas perdeu em casa para o Beijing Guoan. Já neste domingo, pela penúltima rodada, a equipe recebeu o vice-líder Shandong Taishan. Uma derrota deixaria os perseguidores apenas dois pontos atrás, mas o empate bastaria para coroar o Port como campeão. Foi o que aconteceu. Numa partida quente, os oponentes empataram por 1 a 1. Wenjun Lyu abriu o placar para o Port aos 16 minutos, enquanto Xie Wenneng empatou para o Taishan somente aos 44 do segundo tempo.
Mais atenção chamaram as expulsões, quatro no total. O meia Moisés deixou o Shandong Luneng com um a menos aos 39 minutos, numa grande confusão, mas Wenjun Lyu e Huikang Cai foram expulsos no Shanghai Port na sequência. Os campeões seguraram a vitória com nove jogadores até os 30 do segundo tempo, quando o atacante Fernandinho recebeu o vermelho pelo Taishan. Além disso, o técnico Javier Pereira foi expulso no Port. Oscar e Wu Lei foram titulares do time da casa. Os visitantes contaram com Marouane Fellaini no ataque, além de um quarteto brasileiro: o zagueiro Jadson, o meia Moisés, o atacante Fernandinho e o atacante Cryzan.
A ascensão do Shanghai
O Shanghai despontou como um time bastante competitivo no Campeonato Chinês. O surgimento da equipe aconteceu em 2005, com um forte projeto de formação de jogadores na base. Tal ideia deu frutos, com o próprio exemplo de Wu Lei, considerado por muitos como o melhor jogador do país neste século. A equipe escalou degraus a partir da terceira divisão, até estrear na elite do Campeonato Chinês em 2013. Neste momento, o clube ampliou seus horizontes financeiros ao passar a ser administrado pelo mesmo grupo responsável pelo porto de Shanghai.
Na elite, o então chamado Shanghai SIPG se firmou como uma força de sua cidade e passou a investir em astros internacionais. Era a principal ameaça à hegemonia do Guangzhou Evergrande, que conquistou sete títulos consecutivos no Campeonato Chinês. A sequência se quebrou exatamente graças ao Shanghai SIPG, campeão em 2018. O forte elenco tinha Oscar, Hulk e Elkeson como trio estrangeiro. Wu Lei também se destacava como principal jogador chinês, com seus muitos gols. Já o treinador responsável pela taça foi Vítor Pereira. Foi uma campanha confortável, cinco pontos à frente do Evergrande.
O Shanghai não conseguiu repetir o sucesso desde então, embora se mantivesse nas cabeças da tabela. Foi vice-campeão em 2021 e terceiro colocado em 2019, além de ficar em quatro em 2020 e 2022. A equipe também alcançou as quartas de final da Champions Asiática em 2019. Porém, com a redução do investimento no futebol chinês, os astros gradativamente saíram. Oscar foi quem ficou para contar história. E o meia conseguiu retornar ao topo quando voltou a contar com o apoio de Wu Lei. O centroavante foi recontratado no meio de 2022, após dois anos e meio numa marcante passagem pelo Espanyol.
A campanha do título
A conquista do Shanghai Port no Campeonato Chinês de 2023 teve dois protagonistas claros: Wu Lei e Oscar. A dupla sobrou nas contribuições em gols do time. Wu Lei anotou 16 gols e deu 11 assistências. Já Oscar balançou as redes nove vezes e garantiu mais 15 assistências. A combinação foi essencial para o sucesso das Águias. O elenco até reúne outros estrangeiros, mas menos impactantes. Ainda assim, o ataque se valeu de alguns gols anotados pelo argentino Matías Vargas, pelo serra-leonês Issa Kallon e pelo angolano Lucas João. O time também tem algumas figuras rodadas da seleção chinesa, além de Wu Lei: o lateral Zhang Linpeng, o goleiro Yan Junling e o zagueiro Tyias Browning – nascido na Inglaterra e naturalizado. Já o técnico espanhol Javier Pereira, de 57 anos, possui um longo histórico como assistente. Trabalhou em clubes como Levante, Valladolid, Watford e Fulham, embora este título chinês seja o grande feito de seu currículo.
O Shanghai Port sobrou nesta edição do Campeonato Chinês. As Águias chegaram à liderança logo na terceira rodada e não deixaram mais a primeira posição desde a sétima rodada. A equipe só sofreu uma derrota nas primeiras 21 partidas, o que consolidou sua situação. O desempenho caiu nas rodadas mais recentes, mas nada suficiente para tirar o time da rota do título. A conquista veio com méritos neste final de semana, com 60 pontos, cinco a mais que o Shandong Taishan. O Shanghai tem o melhor ataque do campeonato, com 58 gols, e a segunda melhor defesa, com só 28 tentos sofridos.
O título amplia a lenda de Wu Lei no Shanghai Port. O atacante estreou pelo clube em 2006, quando tinha apenas 14 anos, na terceira divisão do Campeonato Chinês. Conquistou os acessos e virou uma grande estrela na primeira divisão, até levar o título em 2018. Aquele feito ofereceu uma sensação de dever cumprido, que facilitou sua saída para a Espanha em 2019. Não foi tão constante no Espanyol, mas anotou gols marcantes e representou um pioneirismo aos jogadores chineses. A reconquista em sua volta, aos 31 anos, sublinha como Wu Lei é diferenciado. O craque local é o maior artilheiro da história do Shanghai e o segundo maior do Campeonato Chinês. Ainda pode buscar o topo.
Já Oscar também consolida sua imagem como um gigante para a realidade do Campeonato Chinês. O meia fez uma escolha discutível em 2017, quando trocou o Chelsea pelo Shanghai Port. Estava claro como priorizava o dinheiro. Entretanto, ele não deixou de triunfar no lado esportivo. Brilhou naquela campanha de 2018 e continuou firme no clube, mesmo com a debandada de estrangeiros. Lá se vão sete temporadas na China, com 44 gols e 89 assistências em 145 partidas pela Super League. Oscar portou a braçadeira de capitão para levantar essa taça de 2023. Se desejar sair, aos 32 anos, seu dever está mais do que cumprido – enquanto também fez um belo pé de meia.