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Foi emocionante a homenagem a Iniesta em seu adeus ao Vissel Kobe

Iniesta não transformou o Vissel Kobe em potência, mas protagonizou grandes momentos e ofereceu seu brilho em cinco anos na J-League

Andrés Iniesta encerrou neste final de semana sua passagem de cinco anos pelo futebol japonês. O Vissel Kobe não se tornou exatamente uma força dominante na J-League, mas teve bons momentos no período, sobretudo com a conquista da Copa do Imperador e as classificações inéditas para a Champions Asiática. Enquanto isso, Don Andrés continuou desfilando sua cátedra no Japão e ofereceu seus lampejos de genialidade à torcida. Assim, o adeus do veterano seria repleto de carinho. O espanhol ganhou até mesmo serenata dos torcedores, enquanto se emocionava ao lado da família diante de um enorme bandeirão com sua imagem. Apesar da despedida, Iniesta não pensa em se aposentar ainda, aos 39 anos.

Como foi a passagem de Iniesta por Kobe

A transferência de Iniesta rumo ao Vissel Kobe aconteceu em 2018, após sua quarta Copa do Mundo e o ponto final com a seleção espanhola. O meia optava por buscar um ambiente no qual teria menos pressão e pudesse curtir mais à família, depois de uma carreira bem sucedida em alto nível e também na qual chegou a lidar com a depressão. O Vissel Kobe, cujos donos também eram patrocinadores do Barcelona, oferecia um salário astronômico na casa dos €25 milhões anuais e um novo projeto. Outro atrativo ao veterano era a própria cultura japonesa, como um confesso aficionado pelo desenho Supercampeões e pelo personagem Oliver Tsubasa.

Iniesta teve bons números pelo Vissel Kobe ao longo dos cinco anos em que defendeu o clube, mesmo que viesse em clara queda física. Foram 26 gols e 25 assistências em 134 partidas, uma média de participação em gols até superior à que registrou ao longo de sua passagem pelo Barcelona. Não foram poucos os lances em que o velho craque apresentou sua qualidade técnica inegável e a superioridade em relação aos companheiros. A conquista da Copa do Imperador se tornou um marco na história do clube, com o espanhol como capitão. Da mesma forma, o Vissel fez bons papéis na Champions Asiáticas, com uma campanha até as quartas de final e outra às semifinais. Todavia, só não houve um salto tão grande na J-League, mesmo com o craque sendo eleito para a seleção do campeonato em 2019 e em 2021.

Durante a primeira temporada com Iniesta, o Vissel Kobe terminou na décima colocação na J-League, mas o astro chegou no meio da campanha. A oitava colocação de 2019 escondia o risco de rebaixamento vivido na transição dos turnos, enquanto o time foi apenas o 14° em 2020. O melhor desempenho ocorreu em 2021, com a terceira colocação. O Vissel não brigou exatamente com o Kawasaki Frontale pelo título, mas foi bastante consistente para entrar no G-3 e registrar o melhor desempenho de sua história. Porém, em 2022 o time voltou a correr riscos de rebaixamento e ocupava a lanterna no início do segundo turno, até se safar no 13° lugar. Por mais que o clube tenha trazido outros nomes tarimbados, como David Villa e Lukas Podolski, teve dificuldades para montar times funcionais. Também não houve estabilidade, com diversas trocas de técnicos no período.

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Os atritos recentes e o adeus

O Vissel Kobe ocupou a liderança da J-League em boa parte da atual temporada e aparece na terceira posição, cinco pontos atrás do líder Yokohama F. Marinos. Iniesta, entretanto, pouco atuou. Por mais que os problemas físicos se tornassem mais comuns, quatro partidas em campo era pouquíssimo ao astro. A falta de espaço indicou o conflito com o técnico Takayuki Yoshida e o meia não escondeu seu descontentamento, ao declarar que a falta de minutos em campo foi um dos motivos para sua decisão de não renovar o contrato. Seu único jogo como titular foi exatamente o deste sábado, com o empate por 1 a 1 diante do Hokkaido Consadole Sapporo. Ao menos, não atrapalharam a homenagem.

Antes que a bola rolasse, um mosaico com a imagem de Iniesta foi montado nas arquibancadas. Já a festa mais bonita ocorreu depois do jogo. Houve um grande show de luzes em Kobe, enquanto Iniesta entrou em campo rodeado pelos companheiros numa guarda de honra. Todos usavam a camisa 8 do craque. Seus lances foram exibidos no telão e o veterano fez um discurso, antes de dar uma volta olímpica ao lado dos filhos e da esposa. Já o momento mais emocionante aconteceu quando um bandeirão com o desenho de Iniesta foi exibido nas arquibancadas, ao passo que os torcedores gritavam seu nome. Foi quando o espanhol e sua esposa, definitivamente, não seguraram as lágrimas. O meia ainda subiu até as tribunas para cumprimentar os ultras.

Iniesta apontou que seu plano era se aposentar no Vissel Kobe, mas que isso não foi possível. O meia, todavia, ainda se mostra disposto a continuar no futebol. Resta saber de onde virá a proposta. Um bom destino é a MLS, especialmente quando velhos amigos se reúnem no Inter Miami. O maestro teve propostas dos Estados Unidos, assim como do Oriente Médio, segundo o Mundo Deportivo. Na Espanha, além do Barcelona, o velho craque possui raízes nas categorias de base do Albacete. Seja lá qual for o caminho, Don Andrés merece a despedida que sonhar. É um dos maiores da história e, provavelmente, o mais querido jogador da Espanha em todos os tempos.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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