Ásia/Oceania

Lippi quer fazer história pelo Guangzhou na LC da Ásia

Em 17 de maio/2012, o presidente do Guangzhou Evergrande, o chinês Liu Yongzhuo, com os donos do clube (empresa do mercado imobiliário daquele país), decidiram investir 30 milhões de euros num técnico. O homem em questão era o italiano Marcello Lippi – contrato de dois anos e meio –, hoje com 65 anos, um dos grandes treinadores do mundo, campeão várias vezes com a Juventus e peça importante no tetracampeonato da Squadra Azzurra em 2006.

O Campeonato Chinês estava na 11ª rodada e o Guangzhou Evergrande já era o primeiro colocado, mas passava por problemas com sua maior estrela, o argentino Dario Conca, que havia se desentendido com o técnico anterior, o sul-coreano Lee Jang Soo. Criticara o chefe numa rede social, o que lhe rendeu nove jogos de suspensão, definidos pelo clube.

Com a chegada de Lippi, a suspensão foi revogada e o time não teve grandes problemas em assegurar o título chinês 2012, com um pequeno susto na 26ª rodada, a quatro do fim, quando o Guangzhou Evergrande chegou a ficar em segundo lugar, com 51 pontos, empatado com o Jiangsu Sainty – o brasileiro Muriqui, com 12 gols (artilheiro do time), também foi peça importante. Entretanto, a liga local não era o maior objetivo do endinheirado clube, que sonhava com o título da Liga dos Campeões da Ásia.

Após boa campanha no Grupo H, liderança com dez pontos, à frente de Kashiwa Reysol/Japão (dez pontos), Jeonbuk Motors/Coreia do Sul (nove) e Buriram/Tailândia (seis), Marcello Lippi tinha a tarefa de fazer história com o Guangzhou Evergrande. A equipe até passou pelo FC Tokyo (Japão) nas oitavas de final, mas sucumbiu diante dos árabes do Al Ittihad, por 5 a 4 (duas partidas), com dois gols adversários nos minutos finais, um em cada jogo.

No fim, o balanço da temporada foi negativo, já que os €8,5 milhões pagos pelo paraguaio Lucas Barrios junto ao Borussia Dortmund, além de pouco mais de €3 milhões por outros dois atletas (o chinês Huang Bowen e o sul-coreano Kim Young-Gwon) não surtiram efeito. Mas é verdade que Marcelo Lippi havia começado seu trabalho no meio da temporada. Em 2013, a história pode ser outra…

Tempo para trabalhar

Interferindo nas contratações, Marcello Lippi tem um ótimo elenco em mãos, para os padrões asiáticos. Com a permanência de Conca, que chegou a cogitar transferência para o Fluminense em novembro/2012, o experiente técnico italiano pôde instituir sua família. A maior contratação da temporada 2013 foi o meia Elkesson, comprado ao Botafogo €5,7 milhões.

Outros três chineses chegaram ao clube (total de €5,2 milhões), e alguns atletas foram emprestados, economizando o dinheiro dos salários, como o zagueiro Paulão, hoje no Cruzeiro, e Renato Cajá, no Vitória. No Campeonato Chinês, a equipe continuou sobrando diante dos adversários. Na parada de meio do ano, o invicto Guangzhou tinha 38 pontos em 14 jogos, nove a mais que o Shandong Luneng. Mas as mudanças continuaram acontecendo…

Com prejuízo de €1,5 milhão, o clube decidiu se desfazer do paraguaio Lucas Barrios, vendido ao Spartak Moscou na janela de inverno (€7 milhões), pois não vinha figurando no time titular – apenas nove partidas disputadas na liga nacional, cinco como reserva, três gols e 413 minutos em campo. O único gasto foi com o lateral-esquerdo chinês Zheng Long (€2,8 milhões), fechando o elenco para 2013, o mais valioso da China, com quase €17,5 milhões distribuídos em 28 jogadores.

A superioridade do Guangzhou Evergrande também pode ser observada na tabela de classificação. Após 20 rodadas, a equipe continua liderando, agora com 54 pontos (17v, 3e, 0d), tendo aumentado a diferença para o segundo colocado, Shandong Luneng, para 14 pontos. A dez jogos do fim, só um desastre completo tirará o tricampeonato de Lippi e companhia. Mas o objetivo continua sendo o torneio continental…

Título a caminho?

Na fase de grupos da Liga dos Campeões da Ásia, o Guangzhou Evergrande novamente passou pelos adversários. Com 11 pontos, a equipe chinesa ficou em primeiro, deixando para trás Jeonbuk Motors e Urawa Red Diamonds, ambos com dez pontos. Nas oitavas de final, em dois jogos, o time não tomou conhecimento do Central Coast Mariners (Austrália), goleando o adversário por 5 a 1.

No próximo dia 21 de agosto/2013, a família Lippi tem compromisso marcado com o Lekhwiya (Catar), em jogo de ida, a ser realizado em casa. A volta será apenas em 18 de setembro, num confronto que os chineses devem sair vencedores. O problema está na provável semifinal, em que o adversário será ou Al Shabab (Arábia Saudita), ou Kashiwa Reysol (Japão). Marcello Lippi poderá dar o tão sonhado troféu asiático ao Guangzhou Evergrande?

Curtas
  • A principal arma da equipe na Liga dos Campeões continua sendo Dario Conca. Mas não se pode negar a importância de Muriqui, artilheiro da competição, com oito gols. Até Lippi já elogiou o brasileiro. Na temporada, ele tem 15 gols, quatro a menos que Elkeson, enquanto Conca vem em terceiro, com 13 tentos.

  • Até 12 de agosto/2013, Marcello Lippi comandou o Guangzhou Evergrande em 60 partidas, com 39 vitórias, 14 empates e apenas sete derrotas (65% de aproveitamento). Os únicos a superar o time foram: Guangzhou R&F (1 a 0), Guizhou Renhe (2 a 1), Qingdao Jonoon (2 a 1), Beijing Guoan (1 a 0) e Al Ittihad/Arábia Saudita (4 a 2), todos em 2012. Na atual temporada, apenas Jiangsu Sainty (2 a 1) e Urawa Red Diamonds/Japão (3 a 2) tiveram tal honra.

  • Caso o Guangzhou Evergrande seja campeão, este não terá sido o primeiro título da China no torneio continental. Em 1989-90, o Liaoning FC (atual Liaoning Whowin) derrotou o Nissan Yokohama/Japão (hoje Yokohama Marinos) por 3 a 2 (dois jogos), o único a levantar o troféu. A equipe ainda foi vice-campeã na temporada seguinte, superada pelo Esteghlal (Irã).

  • Veja os confrontos das quartas de final da LC da Ásia 2013: Al Ahli (Arábia Saudita) x FC Seoul (Coreia do Sul); Esteghlal (Irã) x Buriram (Tailândia); Kashiwa Reysol (Japão) x Al Shabab (Arábia Saudita); Guangzhou Evergrande (China) x Lekhwiya (Catar).

  • Até 13 de agosto/2013, os brasileiros dominam o quesito artilharia na liga chinesa. Elkeson tem 19 gols e lidera, seguido por Edu, do Liaoning Whowin (ex-base de Santos e São Paulo, jogou por Náutico e CRAC), com 12 gols, e Rafael Coelho, do Guangzhou R&F (jogou por Figueirense, Avaí e Vasco), com dez. Bruno Meneghel, ex-América Mineiro, e Kieza, que estava no Náutico, têm oito. O único chinês é Wu Lei, do Shanghai SIPG, atacante da seleção, com nove tentos.

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